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“Sevilha é mais que um grupo de atletas, é uma família, sempre ajudando um ao outro e conhecendo pessoas que queremos levar para vida”. Foi assim que Rafael Augusto, atual presidente e um dos fundadores do Sevilha Esporte Clube, definiu a associação de Campo Grande. O clube amador nasceu em 2011 a partir da vontade de cinco amigos, se reestruturou em 2021 e foi campeão dos Jogos Abertos da Capital.
A fundação de clubes se confunde muitas vezes com a própria história local de uma região, bairro ou cidade. No caso do clube sevilhense, ela perpassa por universidades, cursos e a vontade dos “moleques” para criar o próprio clube. Tudo começa quando Rafael e os amigos eram adolescentes no começo da década passada. Ainda antes da vida acadêmica.
A ideia no começo era de se reunir para jogar futebol contra outros clubes de Campo Grande. A ‘coisa de moleque’ nasceu com nome de Simpsons FC em referência ao seriado animado estadunidense. Segundo o presidente, eles jogaram contra o sub-15 do Comercial, Centro Esportivo Nova Esperança (Cene), entre outros, já com o nome de Sevilha.
Como muitos projetos da época de adolescente, cada um tomou novo rumo, foi se afastando e o time ficou ‘esquecido’. “Depois crescemos, cada um para um lado, não teve mais o time”. Porém, a semente estava plantada e foi se enraizando antes de florescer em 2020.
Nesse intervalo de quase dez anos, Rafael passou por dois cursos, um na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e outro na Unigran Capital. Na UFMS, ele passou pelo curso de Zootecnia e foi um dos fundadores da Atlética do curso. As atléticas das universidades são associações, sem fins lucrativos, formadas por acadêmicos de um ou mais cursos. O objetivo delas é promover a integração entre os estudantes por meio do esporte com os campeonatos e festas.
Sevilha começou com o time de futebol e cresceu para outros esportes (Foto: Carol Antonelli/Sevilha EC)
Anos mais tarde, Rafael foi para a Unigran fazer Educação Física e esteve na fundação e de mais uma atlética, a da faculdade privada. Lá não tinha Atlética e eu ajudei a fundar. Fiz todo um movimento, participamos de muitas coisas.
Após toda a vivência nas universidades com as Atléticas, ele se graduou e decidiu retomar a história com o Sevilha. Porém, em março de 2020, a pandemia de coronavírus atrasou os planos sevilhenses. “Veio a pandemia, deu a complicada, nesse vai e volta, continuamos no mesmo pique participando de diversos campeonatos quando possível”.
“Eu me formei e fiquei avulso, senti falta de mexer com alguma coisa. Falei ‘vou pegar o time que tínhamos antigamente e vou reformular com os novos amigos, com os antigos’” - Rafael Augusto
A experiência no mundo atleticano ajudou na divulgação das modalidades e ideias do Sevilha. O presidente conta que a propaganda é um dos itens mais importantes para que um clube fique conhecido. “Por ter muito contato com as Atléticas da UFMS, UCDB, Unigran, Uniderp e eu via a importância da divulgação, porque precisa ter um marketing bom para as pessoas saberem o que é, quem faz parte”.
A estrutura do Sevilha se assemelha a uma atlética universitária. Os cargos presentes são o de presidente, vice-presidente, tesoureiro, secretário e diretores de esporte. Além disso, o clube tem dois conselheiros.O primeiro time formado foi o de futsal e o de futebol de campo e society e depois vieram os times de basquete, handebol e vôlei. Em relação aos treinos, Rafael destaca que no meio de semana eles colocam no período noturno e nos finais de semana, mais cedo.
Clube sevilhense conta também com equipe de basquete (Foto: Carol Antonelli/Sevilha EC)
O clube tem somente dois patrocinadores atualmente que auxiliam nos custos das quadras para treinamentos e na parte da fotografia e marketing. Por ter sido funcionário do Poliesportivo Dom Bosco, Rafael conseguiu reduzir os custos de aluguel de quadras pela metade em troca do patrocínio master na camisa. Já o marketing e administração das redes sociais é feito pela vice-presidente Ana Carolina Antonelli, que também estampa sua marca no uniforme. As receitas vêm principalmente da venda de produtos como camisetas e máscaras.
Em 11 anos de história, o Sevilha reuniu amigos que se tornaram uma família, como relatou Rafael. Além disso, ele que o principal objetivo é a divulgação das modalidades em Campo Grande como handebol, o basquete. Dessa forma fazer com que todos possam se aproximar e praticar as modalidades.
Glória eterna e família
A grande história do clube amador aconteceu no ano de 2021 na 42ª edição dos Jogos Abertos de Campo Grande. Rafael conta que a inscrição era um quilo de alimento por atleta, o Sevilha colocou o máximo possível de atletas em diversas modalidades. Na conversa prévia aos Jogos, o presidente lançou a máxima “quem é visto é lembrado,o que der para participar, temos de participar. Na reunião de abertura, era a que mais tinha gente para se apresentar, todo mundo bonito”.
O Sevilha foi o membro com o maior número de atletas e isso pesou muito para a classificação geral. O detalhe é que apesar de não vencer modalidades específicas, o clube saiu campeão geral. “Não ganhamos uma modalidade, mas somando participações no contexto geral, fomos campeões”, conta Rafael.
Vale ressaltar que o clube amador competiu contra a UCDB e o Clube União dos Sargentos, dois tradicionais e com investimento em Mato Grosso do Sul. Diferente da ‘zebra’ que graças a organização logrou a primeira glória eterna de sua história.
Ana Carolina Antonelli é vice-presidente e responsável pelo marketing do Sevilha. Ela não estava presente na formação inicial, mas conheceu um fundador e ele insistiu para que a Carol, como também é chamada, fizesse a arte para a camisa do clube. “Eu fiquei muito irritada com isso, mas falei ‘me coloca de patrocinadora’ e me colocou. Assim que comecei, fazendo arte e fazendo pequenas coisas”. Vale ressaltar que o atual escudo do Sevilha é de autoria da Carol.
“Eu fazia o marketing e dava pitaco nas coisas. Eu entrei ‘sem querer’ e agora eu amo” - Carol Antonelli
Plantel de vôlei nasceu por insistência da atual vice-presidente Carol Antonelli (Foto: Carol Antonelli/Sevilha EC)
Participar do clube, dos campeonatos e das reuniões do clube é “lindo, gratificante ver toda a galera fazer as coisas acontecerem” para a vice-presidenta. O lema, ela brinca, que “era perder, porque só perdia”. Depois de um ano com derrotas, a sorte virou e como citado, a equipe foi campeã.
Porém, nem só de remontadas esportivas e alegrias se faz a história do Sevilha. Recentemente, uma companheira de equipe e torcedora presente muito importante para o time faleceu. Emocionada, Carol conta que “agora muita coisa é por ela”. O grito de motivação prévio às partidas saiu de “1, 2, 3, SEVILHA!!!” para “1, 2, 3, MARIA!!!”.
Assim, o Sevilha não é para os atletas e diretores apenas um clube. É muito mais que isso, tornou-se uma família, um alento em meio a uma semana difícil, uma distração em tempos de tantas desgraças. E eles não querem para por aí.
Atual escudo do Sevilha
Escolinha de futebol
Neste mês de março, o Sevilha se estrutura para abrir uma escolinha de base de futebol society. Rafael Augusto destacou que foi uma vontade como profissional de Educação Física abrir uma escolinha e que o restante dos diretores e torcedores apoiaram a ideia. No momento, será somente no gramado sintético, mas o projeto é expandir para o campo e depois para outras modalidades.
Os treinos da escolinha ainda não têm data para o começo, mas o local está definido graças a uma parceria com a quadra Showgol na região do Jardim Botafogo. Rafael convida todos que desejarem fazer parte. Perguntado quantas crianças ele pretende atender, respondeu “quantos aparecerem, todos serão bem-vindos sem limite”.
Para quem deseja fazer parte da escolinha, basta entrar em contato com o Sevilha por meio das redes sociais Sevilha Esporte Clube no Facebook e @SevilhaEC no Instagram. Além disso, com o Rafael pelo telefone (67) 99255-2001.
