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Cenário pop: Amigos de Campo Grande se lançam na música com clipe inspirado em artistas LGBTQIA+

"Sigilo", de Julio Ruschel e Miss Violence, foi gravado e produzido apenas por nomes da Capital

29 julho 2021 - 08h00Victória de Oliveira
Julio Ruschel e Miss Violência lançam Sigilo, uma produção totalmente campo-grandense
Julio Ruschel e Miss Violência lançam "Sigilo", uma produção totalmente campo-grandense - (Foto: Reprodução/Instagram)

O cenário do pop de Campo Grande acaba de lançar mais nomes: Júlio Ruschel e Miss Violência. Apesar de ter o nome “Sigilo”, o single pode (e deve!) ser escutado por todos. Com uma fotografia voltada para uma pegada mais tecnológica e uma letra que retrata a cena LGBTQIA+, os cantores contam ao Light mais sobre as inspirações para esse trabalho.

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“Na letra, queríamos retratar um pouquinho do universo LGBT, especialmente o da comunidade gay, que é essa ‘vibe’ do aplicativo de ‘pegação’, do sigilo, dos caras que não são assumidos para a sociedade, mas que ficam com outros escondidos. Isso é uma coisa presente na minha realidade e na do Ruschel, já vimos acontecer de perto, então quisemos falar sobre esse Sigilo de alguma forma”, explica Miss Violência.

Estética do clipe foi inspirada em divas do pop brasileiro - (Foto: Reprodução/Instagram)

A representatividade da comunidade LGBTQIA+ está presente no cotidiano dos cantores. Miss Violência é uma drag queen, uma performance artística, tendo Alice Ferreira como a responsável por trás dela. Já Ruschel faz parte da comunidade gay, o público alvo da música. “Apesar de nunca ter sido a nossa meta, sempre cumprimos papel com a nossa comunidade, porque sabemos o quão necessário é. Não tem como ser drag ou artista gay no Mato Grosso do Sul sem que isso reflita por todos os quatro cantos do Estado”, reforçam.

Se você gosta de uma pegada tecnológica, até pós-apocalítica, como Miss V descreve, então a estética cyberpunk do clipe vai te agradar. No videoclipe, é possível perceber a mensagem que os cantores quiseram passar, além de um de jogo de luzes agradável, muita dança e cenários bem feitos. Vale ressaltar que o trabalho é totalmente produzido e estrelado por profissionais do Estado e já alcança mais de 2,5 mil visualizações no YouTube.

“Nós fomos surtando, viajando na história do neon. É algo que já queríamos fazer. Também queríamos que se passasse dentro de uma boate, como uma festa. Incluir o conceito cyberpunk foi uma ideia do nosso diretor e nós adoramos”, conta a cantora. O profissional em questão é o jovem Ruan Caballero, que aos 23 anos já dirigiu clipes para outros artistas do Estado, como Paolla, cantora com mais de 50 mil seguidores no Instagram.

A maior inspiração para o trabalho foi a cantora e drag queen Pabllo Vittar. “Algumas inspirações de clipes vieram: por exemplo, utilizamos como referência os clipes da Pabllo Vittar, que são clipes de uma artista da comunidade. Nós nos baseamos no trabalho dela com o Chameleo, a música ‘Frequentemente’. Então são estéticas muito parecidas, mas cada uma dentro da sua perspectiva. Nosso trabalho ficou muito singular”, declara Ruschel.

Mas a divulgação não começou com o clipe. Antes do lançamento do vídeo, na última sexta-feira, os cantores iniciaram uma propaganda no Instagram com um mini documentário de três episódios mostrando os bastidores das gravações.

Além de cantores, os artistas são bailarinos e amigos de longa data. Os dois se conheceram no cenário artístico da Capital e até participaram do grupo “Hands Up”, direcionado à memória performática da comunidade LGBTQIA+, que possui aprofundamento na cultura Ballroom e estéticas Voguing.

“Na hora que eu escrevi a música, pensei na Alice para cantar comigo, então pedi a ela que cantasse comigo porque a música ia combinar demais com ela. Na hora a Miss V topou e deu no que deu”, conta o cantor. “Ele sabia que eu arranhava, cantava um pouco. Mas eu não sabia que ele escrevia, foi uma surpresa. Quando ele chegou com a letra de Sigilo foi algo que me surpreendeu e mudou a minha vida! A letra é muito boa, o Ruschel é muito talentoso e foi uma honra ter feito parte desse sonho”, tieta Miss V.

Ruschel e Miss V são amigos de longa data - (Foto: Reprodução/Instagram)

Apesar do sucesso de Sigilo – que está como a primeira música mais ouvida da playlist “Viral Campo Grande BR”, no Spotify – o cenário musical campo-grandense ainda não é o mais acolhedor para artistas LGBT. Nos últimos anos, cantores de sertanejo foram os que mais possuíram ascensão nacional. “Acho que é uma questão cultural. Os sul-mato-grossenses gostam muito de sertanejo, dessa linha cultural, o que é totalmente plausível. O problema é que isso fecha a porta para novos artistas e estilos”, explica Miss Violência.

Ruschel conta que a divulgação da música foi muito bem aceita, mas essa questão do sertanejo ainda é algo difícil. “Estar no Mato Grosso do Sul fazendo música pop ainda é uma bolha social que poucos estão comparada ao sertanejo. Vira e mexe tem um cantor sertanejo fazendo música e fama além do Estado, mas ainda é muito difícil para nós de outros gêneros”, relata.

É importante deixar claro que os cantores desejam sucesso aos colegas de outros gênero e esperam que mais artistas de estilos musicais obtenham ascensão. “É muito com saber que tem artista sul-mato-grossense viralizando e se tornando um sucesso nacional”, aponta o bailarino. Conheça mais do trabalho de Julio Ruschel e Miss Violência.

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