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CIDADE MINEIRA

Baependi se torna destino procurado por quem viaja de MS atrás de paz, cultura e aventura

Cidade do sul de Minas Gerais aposta no turismo de experiência com produção de azeite, café premiado, história de Nhá Chica e roteiros de natureza

17 novembro 2025 - 09h50Carlos Guilherme
Cachoeiras, gastronomia, fé... Tudo isso e mais um pouco pode ser encontrado em Baependi
Cachoeiras, gastronomia, fé... Tudo isso e mais um pouco pode ser encontrado em Baependi - (Foto: Mariana Borges)

No sul de Minas Gerais, a cidade de Baependi, a 370 km de Belo Horizonte, vem se destacando como destino turístico completo. Com pouco mais de 18 mil habitantes, o município combina paisagens da Serra da Mantiqueira, roteiros religiosos, gastronomia de raiz e uma rede de produtores locais que mantém viva a cultura regional.

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A convite da organização local, o jornal A Crítica participou de uma press trip para conhecer de perto as experiências oferecidas. Em poucos dias, ficou claro que o turismo em Baependi vai muito além da contemplação, é vivência, contato direto com a terra, com a fé e com histórias de gente que molda o lugar com as próprias mãos.

Tradição preservada em um casarão - Logo na chegada, uma parada obrigatória: a pousada Santa Maria, mantida pelo seu Petrônio, arquiteto que há quase 40 anos transformou a pousada com hospedagem temática, bem semelhante a um casarão do século XIX.

Pousada Santa Maria fica em Baependi (MG). Segundo o seu Petrônio, o espaço é a realização de um sonho - (Foto: Mariana Borges)

“Eu sempre fui encantado por objetos antigos. Desde criança, com 13 anos, já colecionava peças que os outros jogavam fora. Quando vi esse casarão, senti que era ali que minha vida podia recomeçar. Cada parede que restaurei, cada móvel que trouxe para cá, tudo tem história. Aqui não é só uma pousada, é um retrato de um Brasil que a gente não pode esquecer”, conta.

Seu Petrônio: "O que eu vendo hoje é paz" - (Foto: Mariana Borges)

Para ele, mais importante que a estética é o que o ambiente proporciona: “O que vendo hoje é paz. As pessoas chegam aqui exaustas e me dizem que dormem como nunca dormiram antes. Tem gente que desliga a televisão e só quer escutar o silêncio. Aqui é isso, silêncio, alma, tempo no tempo certo", revela.

Pão de queijo não pode faltar no cardápio mineiro - (Foto: Mariana Borges)

Café mineiro - Na Fazenda Seival, a tradição do café especial é levada a sério. Dimas Borges mantém o legado do pai, que começou a plantar nos anos 1970. O cultivo acontece em altitudes entre 1.050 e 1.100 metros, o que garante condições ideais para cafés de alta qualidade.

Dimas Borges é proprietário do Café Seival. Ele mostra para a equipe com orgulho toda a plantação - (Foto: Mariana Borges)

“Meu pai foi um dos primeiros a acreditar que o café daqui tinha potencial. Quando assumi, quis levar isso além: hoje nosso café tem rastreabilidade, QR Code, selo de origem. Quem compra sabe exatamente de onde veio cada grão”, explica.

O café faz sucesso aos arredores de MG - (Foto: Mariana Borges)

Dimas ressalta que o cuidado vai além da lavoura: “Plantar é só o começo. Depois tem a colheita, a secagem, a torra. Cada etapa pode elevar ou derrubar a qualidade. Eu costumo dizer que o que Deus faz na planta, o homem precisa respeitar. Se fizer errado, você estraga tudo. Mas quando acerta... ah, aí vira poesia em forma de café", diz.

Equipe de jornalistas ficaram impressionados com a plantação na propriedade de Dimas Borges - (Foto: Mariana Borges)

Azeite mineiro que virou referência - Em meio às montanhas, os Olivais Gamarra transformaram Baependi também em referência em azeite. Cláudio Álvares Ferreira e Vanessa Bianco são os responsáveis por cerca de 3 mil oliveiras que hoje produzem azeites premiados.

Azeites Gamarra tem um diferencial que é sentido logo na primeira experiência - (Foto: Mariana Borges)

“A oliveira é uma planta discreta, de crescimento lento, mas de força absurda. Aqui na serra, ela encontrou o clima ideal, e a gente encontrou nela uma forma de produzir com pouco impacto, respeitando o que a natureza oferece”, diz Cláudio.

Cláudio relembrou do início e da forma que é preciso ter cuidado com a plantação dos olivais - (Foto: Mariana Borges)

Vanessa lembra que os primeiros anos foram de tentativa e erro: “Não tinha manual, nem referência aqui. Foi tudo na raça, estudando, testando, perdendo colheita. Mas quando acertamos a primeira extração e vimos o azeite saindo, denso, dourado... ali a gente soube que valia a pena.”

Hoje, além da produção, eles abrem a propriedade para visitas e degustações, fortalecendo o elo entre quem planta e quem consome.

Natureza em estado bruto - Baependi abriga mais de 80 cachoeiras registradas, muitas delas em áreas de mata atlântica preservada. A Cachoeira do Juju, com aproximadamente 130 metros de queda, impressiona logo na chegada. A trilha leve até o local termina num paredão imenso de água que desce em meio ao verde.

Cachoeira do Caldeirão recebe turistas de diversas regiões do País - (Foto: Mariana Borges)

A Cachoeira do Caldeirão, com poço profundo e vegetação densa ao redor, é ideal para banhos e contemplação. Já a Cachoeira do Espraiado, no bairro Gamarra, forma verdadeiras “prainhas” entre as pedras, com fácil acesso e águas rasas.

É necessário pegar trilhas para poder chegas as cachoeiras. Alternativa é o que não falta. - (Foto: Mariana Borges)

Outras opções incluem a Cachoeira da Conquista, do Canjica, do Índio, do Canudo e do Itaúna, todas com trilhas que variam entre 15 minutos e 1h30, dependendo do grau de dificuldade.

Cachoeira do Juju também é uma alternativa para quem procura por paz e tranquilidade - (Foto: Mariana Borges)

Nos períodos de chuva, o espetáculo se intensifica: “Na Serra do Canjica, aparecem 11 cachoeiras grandes de uma vez só. São mais de 50 metros cada uma, descendo por entre os morros. É uma imagem que fica gravada na cabeça por muito tempo”, diz o guia João Miguel Oscar, da Baependi da Mantiqueira.

O turismo da fé - Baependi também é destino de peregrinação. A cidade abriga a história de Nhá Chica, beatificada pelo Vaticano em 2013. Nascida em 1810, filha de ex-escravizados, Nhá Chica é considerada a primeira mulher negra brasileira a receber esse reconhecimento da Igreja Católica.

O Santuário recebe fiéis de várias partes de MG, que vão até o espaço da 'Santinha de Baependi' - (Foto: Mariana Borges)

Sua vida foi marcada pela simplicidade e pela fé. Viveu em uma casa modesta, onde orava e aconselhava quem a procurava. “Ela não tinha posses, nem cargos religiosos. Mas tinha uma fé tão grande que virou referência. O povo acreditava nela porque sentia verdade no que ela dizia”, explica o conselheiro do Santuário Nhá Chiva, Ítalo Junqueira.

Ítalo mostrou aos jornalistas como foi a vida de Nhá Chica - (Foto: Mariana Borges)

A casa onde viveu está preservada, e ao lado está o Santuário de Nossa Senhora da Conceição, que Nhá Chica ajudou a construir com doações populares. É ali que está seu túmulo, onde fiéis deixam bilhetes, cartas e agradecimentos.

Todos os anos, no dia 14 de junho, a cidade recebe milhares de romeiros. Missas, novenas e homenagens marcam a data, e fortalecem a identidade de Baependi como destino de fé.

Com atrações que vão do turismo religioso ao ecológico, Baependi tem ganhado visibilidade também entre visitantes de outros estados. A cidade integra o Circuito das Águas e tem investido em melhorias na estrutura de recepção de turistas.

Pousadas, pequenos produtores, guias locais e artesãos se organizam para oferecer uma experiência completa, sem perder o clima de cidade pequena.

O jornalista Carlos Guilherme do A Crítica de Campo Grande visitou Baependi a convite da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo do Governo de Minas Gerais.

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