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PAULO CÉSAR MATOS

"Raça Nelore é fundamental para o desenvolvimento econômico de MS"

O novo presidente da Nelore/MS destaca a representatividade global da associação e também da importância para o crescimento do Estado

26 outubro 2023 - 11h50Carlos Ferreira
Paulo César Matos é presidente da Nelore/MS
Paulo César Matos é presidente da Nelore/MS - (Foto: A Crítica)
Terça da Carne

O pecuarista Paulo César Matos assumiu neste mês a presidência da Associação Sul-Mato-Grossense dos Criadores de Nelore (Nelore/MS). Em entrevista ao Grupo Feitosa de Comunicação, Matos destaca a representatividade global da associação e também da importância para o crescimento do Estado.

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"Com mais de 80% do rebanho bovino do Estado sendo da raça Nelore e contribuindo significativamente para o PIB industrial, a importância desta raça para o estado e para o Brasil é inegável", diz. Confira a entrevista completa:

A Crítica: O senhor saiu segundo tesoureiro para presidente da Nelore MS. Como vê essa transição e a nova fase na associação?

Paulo: É um marco significativo. Assumi a presidência respaldada por uma diretoria robusta e representativa. São criadores notáveis que integram nossa diretoria e representam com maestria suas respectivas regiões. A composição da nossa diretoria é robusta, o que amplifica minha responsabilidade. Esta jornada, da posição de segundo tesoureiro à presidência, é valiosa para mim. Sinto-me honrado e comprometido a corresponder à confiança depositada em mim pela diretoria e pelos criadores do Mato Grosso do Sul.

A Crítica: O que realmente destaca nesta nova gestão é sua ampla representatividade... Isso evidencia a presença e importância dos criadores de Nelore por todo o MS. Essa representatividade é essencial para o sucesso de uma associação, não concorda?

Paulo: Concordo plenamente. Atualmente, em relação à genética de Nelore e ao seu melhoramento em todo o Brasil, o Mato Grosso do Sul está à frente. Excetuando dois criadores de outros estados, os mais renomados e com a melhor genética são daqui. Nossos criadores alimentam o desenvolvimento genético da raça Nelore no Norte, Nordeste e até em países como Bolívia e Venezuela. Estamos realmente à vanguarda no melhoramento genético. Além disso, mais de 80% do nosso rebanho bovino é Nelore, destacando nossa relevância na raça. Para contextualizar, a pecuária do Mato Grosso do Sul representa 31% do PIB industrial estadual e gera 32.000 empregos diretos na indústria de carne. Isso sem mencionar os empregos nas fazendas e na produção de insumos. Assim, a raça Nelore desempenha um papel crucial no crescimento do nosso Estado e na qualidade da carne que chega aos consumidores.

"Assumi a presidência respaldada por uma diretoria robusta e representativa", disse o novo presidente da Nelore/MS

A Crítica: Durante a sua posse eu vi que o senhor bateu muito nessa tecla do melhoramento genético e isso é muito importante. Quais serão as estratégias de tecnologia que a associação pretende fazer a partir de agora, sob a sua gestão?

Paulo: A genética da raça Nelore tem avançado notavelmente ao longo dos anos. Atualmente, estamos produzindo touros de alta qualidade que beneficiam o país inteiro e geram uma carne precoce e macia. Esse sucesso é resultado de um trabalho técnico em colaboração com criadores, a Nelore, Embrapa e Gado de Corte. Nossa missão agora é não apenas manter essa evolução ascendente com o apoio da associação, mas também promover essa excelência. Precisamos de estratégias de marketing que reflitam os avanços na comercialização da carne, tanto no mercado interno quanto no externo. A associação se compromete a destacar para os mercados consumidores a qualidade da carne Nelore do Mato Grosso do Sul, enfatizando nosso compromisso com a sustentabilidade e a preservação ambiental. Além disso, é crucial contrapor a visão de que o Brasil prejudica o meio ambiente. Através da associação, planejamos convidar embaixadas e comitivas de países para apresentar nossas práticas sustentáveis, com o objetivo de abrir novos mercados e agregar valor ao nosso produto, melhorando a lucratividade para nossos criadores e consequentemente beneficiando os pontos de venda e exportação.

A Crítica: Recentemente tivemos a criação da 1ª Lei do Pantanal. Como os criadores avaliam a importância da sustentabilidade?

Paulo: O pecuarista é um preservacionista. Eles seguem a legislação e mantêm suas reservas intactas. No Pantanal, por exemplo, os criadores de gado coexistem harmoniosamente com o meio ambiente há anos. Em um mundo que cada vez mais enfatiza a sustentabilidade – muitas vezes utilizando essa bandeira para criar barreiras comerciais e depreciações visando vantagens –, é essencial reconhecer nossos esforços. Lembro do apoio do governador na nossa posse, e de seu programa para valorizar as potencialidades do Mato Grosso do Sul, buscando transformá-lo em um pólo industrial e não apenas um produtor de matéria-prima. A pecuária é fundamental nessa visão. Precisamos continuar aprimorando nossas práticas sustentáveis e reforçar que nossa produção não prejudica o meio ambiente. Prova disso é a carne Nelore do Pantanal e do Mato Grosso do Sul, que talvez seja uma das mais saudáveis do mundo.

A Crítica: A Acrissul lançou recentemente uma campanha destacando a redução no preço do quilo da carne vermelha, incentivando a população a fazer uma pesquisa antes de comprar. Como o senhor prevê a situação dos preços da carne no MS para o próximo ano?

Paulo: É comum culpar o produtor e pecuarista pelo preço da carne. No entanto, a arroba do boi reduziu significativamente e, curiosamente, o preço da carne no supermercado não diminuiu na mesma proporção. A Nelore/MS está pronta para acolher novos criadores, oferecendo todo apoio necessário. O objetivo é fortalecer ainda mais a associação, beneficiando assim a nossa raça.

Sobre o preço da carne, é vital esclarecer para a população que a produção de carne de qualidade é um processo complexo e que nem sempre o pecuarista é o responsável pelos altos preços. É uma cadeia extensa com vários intervenientes e, na maioria das vezes, existe uma diferença significativa entre o preço pago ao produtor e o valor final no mercado. Esse é um tema que queremos discutir amplamente. A indústria frigorífica é dominada por poucos grandes players, o que pode limitar a concorrência e as opções de mercado. É essencial diversificar o setor e abrir novas oportunidades para beneficiar tanto o produtor quanto o consumidor.

A Crítica: A Nelore/MS hoje está trabalhando para fazer parcerias com outros estados?

Paulo: Quando se trata de colaborações com outras entidades e criadores de diferentes estados, nosso objetivo é convidá-los para experienciar o que nosso Estado tem a oferecer, especialmente nas feiras planejadas. Estamos ansiosos para relançar o circuito de leilões de gado de corte, patrocinado pela Nelore. Com a colaboração do presidente da Acrissul, o Guilherme Bumlai, planejamos inaugurar este circuito na Expogrande com o nosso primeiro leilão ranqueado de corte da Nelore. Além disso, estamos considerando realizar a "Semana do Bezerro de Qualidade Nelore" no final de maio ou início de junho. Para o segundo semestre, já estamos em fase de planejamento de uma grande exposição focada em genética, denominada "Genética MS". A ideia é atrair criadores de outros estados e até mesmo de outros países, consolidando a reputação e o potencial do Nelore no Mato Grosso do Sul. Este calendário está em discussão e visa promover a raça e nossos eventos, fortalecendo relações nacionais e internacionais.

Paulo Matos em entrevista ao Giro Estadual de Noitícias

A Crítica: Atualmente, observamos que os produtores estão se adaptando cada vez mais às inovações tecnológicas. Na sua perspectiva, como essa junção da tecnologia com a pecuária se manifesta? E de que maneira ela pode trazer benefícios para a raça MS?

Paulo: A tecnologia já está ligada à raça Nelore, especialmente devido aos avanços no melhoramento genético. Quando você vai adquirir um touro, é possível consultar seu sumário e perfil, identificando características como desmama precoce, peso na desmama, qualidade do leite da fêmea e acabamento da carcaça. Esse nível de detalhamento é resultado de uma evolução genética sofisticada e está integrado ao nosso processo de criação. Hoje, com base na tecnologia, podemos selecionar o touro ideal para um propósito específico, seja ele para novilhas premium ou outros perfis. Aliado a isso, temos ferramentas como softwares de gestão, planilhas e comunicação rápida, que otimizam a gestão e aprimoram a produção. A incorporação dessa tecnologia no campo já é uma realidade e ela complementa todo o progresso genético e tecnológico que temos na raça.

A Crítica: O que pode nos adiantar sobre os preparativos para a Expogrande do ano que vem?

Paulo: Atualmente, estamos planejando retomar as avaliações das variedades da raça Nelore, como o Nelore Padrão, Nelore Mocha e Nelore Pintado. Estamos em processo de organização do nosso primeiro leilão Ranqueado de Nelore Corte do estado. Esse evento será amplamente divulgado, estabelecendo os padrões e requisitos para que todos os produtores possam apresentar o melhor de suas propriedades. É uma oportunidade para que seus animais sejam avaliados e, eventualmente, comercializados na feira. Este é um marco significativo para nós, e estaremos trabalhando em estreita colaboração com Guilherme Bumlai para garantir que tudo corra bem. Acredito firmemente que a Expogrande, que foi um grande sucesso no ano passado, terá ainda mais destaque este ano. O agro continuará a brilhar e estamos confiantes de que Guilherme se estabelecerá como um líder proeminente no agronegócio de Mato Grosso do Sul. Confira a entrevista completa no player abaixo:

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