
O Sesc completa quase oito décadas de atuação no Brasil e tem desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento social de Mato Grosso do Sul desde a criação do Estado. Em entrevista ao A Crítica, o diretor regional Victor Mello destacou a missão da instituição de promover qualidade de vida e transformação social por meio de ações em saúde, cultura, lazer, esporte e educação.

Com 17 unidades em funcionamento, o Sesc amplia sua presença em municípios estratégicos e chega a comunidades mais afastadas por meio de unidades móveis e parcerias. O planejamento inclui a revitalização de espaços emblemáticos, como o Horto Florestal, em Campo Grande, e estudos para o destino do prédio histórico do Cine Campo Grande. Confira a entrevista completa:
A Crítica: Como o senhor avalia quase oito décadas de atuação da instituição no estado?
Victor: O Sesc tem quase 80 anos de história. Foi criado na década de 1940, após a Segunda Guerra Mundial, com a missão de promover o bem-estar e a transformação social em um momento crítico para a população. Com a divisão do Estado em 1977, e a efetivação em 1979, o Sesc Mato Grosso do Sul passou a ter um papel importante no desenvolvimento social local.
Nossa missão continua sendo promover qualidade de vida e transformação social, atuando junto ao comércio de bens, serviços e turismo. Hoje, contamos com 17 unidades operativas em todo o Estado, número que cresceu de forma expressiva na última década como resultado de estratégias para ampliar o acesso da população aos nossos serviços.
Estamos organizados em cinco grandes áreas de atuação, oferecendo uma programação robusta e diversificada em todas as unidades, sempre com foco em proporcionar bem-estar e transformação social à comunidade.
A Crítica: Com o crescimento econômico de Mato Grosso do Sul e a chegada de novas indústrias, de que forma o Sesc une capacitação profissional a áreas como turismo, cultura, lazer e esporte?
Victor: Exatamente. Mato Grosso do Sul vive um momento de pleno desenvolvimento e pleno emprego, o que é muito positivo. Nesse contexto, a função do Sesc é garantir que os trabalhadores tenham condições de manter sua empregabilidade e qualidade de vida.
Na área da saúde, oferecemos atendimentos odontológicos, massoterapia e psicologia, dando suporte direto ao trabalhador. Em cultura, temos, por exemplo, o Sesc Teatro Prosa, em Campo Grande, com programação semanal de qualidade, grande parte gratuita e de acesso democrático.
Também contamos com quatro academias no Estado, que promovem saúde física e mental para apoiar a evolução profissional, além dos restaurantes do Sesc, que oferecem alimentação nutritiva, equilibrada e acessível ao comerciário.
Nosso trabalho se estende ainda aos idosos, com atividades sociais específicas para o público acima de 60 anos. Ou seja, em todas as frentes, buscamos cumprir nossa missão: promover bem-estar, qualidade de vida e transformação social.
A Crítica: O Sesc tem hoje um planejamento para expandir seus serviços a outros municípios e regiões mais afastadas? Como vocês vêm trabalhando para levar esses atendimentos também a comunidades como assentamentos e aldeias?
Victor: Sem dúvida, essa é uma pergunta importante. O Sesc tem atuação em todo o Estado e nossa responsabilidade é atender Mato Grosso do Sul de duas formas: por meio das unidades fixas — já presentes em Três Lagoas, Corumbá, Ponta Porã, Dourados, Aquidauana e Bonito — e também por meio de parcerias e unidades móveis, que nos permitem chegar a municípios onde não temos sede.
Com esse modelo, conseguimos desenvolver ações em áreas como esporte, promovendo corridas e circuitos que passam por diversas cidades, além de iniciativas sociais voltadas a públicos em situação de vulnerabilidade. Assim, conseguimos atender diferentes comunidades, mesmo onde não há unidade própria.
Dentro do planejamento estratégico, também prevemos ampliar a rede de atendimento. Um exemplo é Corumbá: já temos uma unidade em funcionamento, principalmente voltada à cultura, mas há um projeto de expansão para oferecer mais serviços à população.
Tudo isso é feito com base em um planejamento consistente e viável, que garante serviços de qualidade e atendimento de excelência sem comprometer os recursos das unidades já existentes. O crescimento do Sesc, portanto, segue um plano estratégico sólido, que é constantemente monitorado.
O Sesc, assim como outras instituições, como o Senai e o Sesi, trabalha com um plano consistente, que exige responsabilidade no uso do orçamento destinado às ações. Quando se investe em uma unidade, é esperado que haja retorno: no caso do Senai, em alunos formados; no caso do Sesc, na participação efetiva da população nas atividades oferecidas.
Felizmente, temos alcançado esse objetivo. As ações do Sesc — voltadas para qualidade de vida e transformação social — vêm registrando aumento constante de público e grande adesão. Cada vez mais municípios e empresas demonstram interesse em receber atividades do Sesc.
Vivemos em um tempo de muitas pressões, sobrecarga e dificuldades impostas pelo dia a dia moderno. Nesse cenário, a programação do Sesc tem se destacado justamente por oferecer alternativas que promovem bem-estar, leveza e equilíbrio. Isso explica o sucesso e a boa aceitação da população às nossas iniciativas, que realmente fazem diferença na vida das pessoas.
A Crítica: Recentemente a Fecomércio firmou uma parceria com a Prefeitura de Campo Grande para revitalizar um importante ponto turístico da cidade, o Horto Florestal, localizado na Ernesto Geisel com a 26 de Agosto e a Fernando Corrêa. Gostaria que você comentasse um pouco sobre essa novidade...
Victor: Essa é uma novidade muito importante. Ontem assinamos o Termo de Intenção entre a Fecomércio e a Prefeitura de Campo Grande, assumindo o compromisso de revitalizar e recuperar o Horto Florestal — um espaço nobre e querido da cidade. Além da revitalização, a Fecomércio, por meio do Sesc e do Senac, também ficará responsável pela manutenção do parque, garantindo sua conservação, cuidado e preservação das características originais.
O ponto mais relevante, no entanto, será a programação que o Sesc vai desenvolver no espaço. Como já temos ali próximo a Escola Sesc Horto e o Sesc Teatro Prosa, acreditamos que o Horto Florestal será um ambiente inspirador para ampliar nossas ações em cultura, lazer, esporte e demais áreas de atuação.
Nosso objetivo é devolver à população um parque bem cuidado, aberto ao público e repleto de atividades que promovam qualidade de vida e movimentem a cidade. A partir de 2026, a comunidade certamente sentirá os resultados desse trabalho, com um Horto Florestal mais vivo e cheio de energia. Agora precisamos realizar as obras de restauração e recuperação até o final deste ano e, possivelmente, no início de 2026. Durante esse período, o parque não poderá ser utilizado pelo público, por questões de segurança. A expectativa é que o Horto Florestal esteja disponível novamente em algum momento do primeiro semestre de 2026.
A Crítica: Gostaria de saber sobre o prédio do Cine Campo Grande, um espaço emblemático da cidade que pertence ao Sesc. Como está o planejamento para esse local?
Victor: O prédio que abrigava o Cine Campo Grande faz parte do planejamento estratégico de investimentos do Sesc. Nós o adquirimos com uma intenção inicial, mas, ao longo da última década, nossas ações cresceram muito e o portfólio se expandiu, enquanto as dificuldades estruturais daquele imóvel permaneceram.
Por isso, hoje enfrentamos limitações para implantar ali uma unidade do porte que desejamos. Estamos concluindo estudos técnicos e, assim que houver aprovação da equipe e do conselho, definiremos o destino do prédio dentro do nosso planejamento estratégico.
Nosso compromisso é utilizar os recursos do Sesc com excelência e sempre priorizar o que é melhor para a população sul-mato-grossense. Em breve, daremos os encaminhamentos necessários para o futuro daquele espaço.
