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RENATO PANIAGO

"O trabalho da ACICG sempre foi trazer benefícios aos seus associados"

O presidente da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG) destaca importância da entidade em meio ao número positivo de empresas abertas no município

10 janeiro 2024 - 13h20Carlos Guilherme
Renato Paniago
Renato Paniago - (Foto: Rafael Rodrigues)

Ao longo de 2023, 4.092 empresas foram abertas em Campo Grande, o que representa 30,50% do total de novos negócios abertos em 2023 em todo o Estado. Os dados foram divulgados pela Secretaria Municipal de Inovação, Desenvolvimento Econômico e Agronegócio.

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Em entrevista ao Grupo Feitosa de Comunicação, o presidente da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG), Renato Paniago, falou sobre os trabalhos da entidade no ano passado, além dos planejamentos para 2024.

A Crítica: Mato Grosso do Sul apresentou bons resultados na abertura de empresas ao longo do ano passado. Foram mais de 10 mil novas empresas. Como que a Associação Comercial de Campo Grande (ACICG) vê esses números?

Renato: O desenvolvimento econômico de nosso estado e capital é crucial, impulsionado pela presença de empresas robustas e eficientes que oferecem produtos e serviços de alta qualidade à população e ao consumidor, beneficiando assim toda a sociedade. Esse progresso significativo, marcado por um recorde importante, é fruto do excelente trabalho realizado por Nivaldo e sua equipe na Junta Comercial. Eles inovaram no processo de gestão e na adoção de novas tecnologias, com o suporte de outras instituições. A abertura de empresas é um processo que envolve muitas etapas burocráticas, incluindo a obtenção de diversos documentos e certidões, e todos os órgãos relacionados têm papel vital neste processo. Essa melhoria na eficiência do processo de abertura de empresas contribuiu enormemente para o recorde alcançado, além de refletir o comportamento dinâmico do cenário econômico local. No último ano, apesar de alguns setores terem reduzido seus investimentos, muitos outros experimentaram crescimento e desenvolvimento.

A Crítica: E das mais de 10 mil empresas abertas em MS, 30% foram de Campo Grande...

Renato: Uma responsabilidade muito grande da nossa entidade atender tantas empresas na Capital. O aumento da população em Campo Grande impulsiona o crescimento do número de empresas, ampliando assim a responsabilidade da entidade em fornecer um atendimento adequado aos seus associados. Isso envolve representá-los institucionalmente e oferecer ferramentas, serviços e apoio para facilitar o desenvolvimento de negócios de todos os portes, desde microempreendedores individuais (MEI) até grandes empresas.

A Crítica: Quais foram as estratégias que a ACICG tomou para poder apoiar esses empreendedores para abrirem seus próprios negócios?

Renato: Nós temos feito diversas ações para fomentar o desenvolvimento das empresas existentes e apoiar aqueles que desejam empreender. Entre essas iniciativas, destacam-se as reuniões promovidas nos bairros, incluindo o centro, onde realizamos pesquisas para identificar as demandas e dificuldades das empresas locais. Essas pesquisas fornecem informações valiosas sobre o comércio em diferentes áreas. Com base nesses dados, organizamos palestras na semana seguinte, oferecendo informações e soluções para quem já empreende ou deseja iniciar um negócio. Nessas palestras, abordamos uma variedade de tópicos, desde questões fiscais até marketing pessoal, com ênfase especial no marketing digital. Essas sessões são interativas, com muitas perguntas e respostas, contribuindo para o desenvolvimento de soluções efetivas para os participantes.

A Crítica: E as parcerias são indispensáveis...

Renato: Certamente, em todas as nossas iniciativas, contamos com a parceria de instituições como o Sebrae e outras, que variam de acordo com cada ação específica. Nós também damos suporte às atividades de outras organizações. Acreditamos firmemente que quanto mais apoio for dado ao empreendedorismo, mais empresas economicamente estáveis e sustentáveis surgirão, oferecendo serviços e produtos de alta qualidade para a população. Portanto, vemos que o caminho ideal é apoiar e desenvolver essas ações, sejam elas palestras ou outras iniciativas, incluindo ferramentas como soluções para análise de crédito, recursos na área de saúde e financeira. A nossa recente parceria com a Cooperativa do Sicoob oferece ferramentas diferenciadas que contribuem para o desenvolvimento dos negócios. Estas são oportunidades que os empresários podem encontrar na Associação Comercial.

A Crítica: Quais são as principais dificuldades que os empresários enfrentam nos três primeiros meses e que são os motivos que os levam a ‘abaixarem as portas’?

Renato: Cada empreendedor e negócio é único, diferindo em fase de desenvolvimento, envolvimento, capacidade e acesso a informações. As dificuldades são variadas, mas algumas das principais que observamos na Associação Comercial incluem gestão financeira e burocracia, como a administração de folhas de pagamento. Atualmente, estamos particularmente atentos aos impactos da reforma tributária no setor de serviços, o maior gerador de empregos, e como ela afeta a tributação, encargos e custos empresariais.

Pequenos negócios, muitas vezes gerenciados por um único empreendedor, enfrentam o desafio de desempenhar múltiplas funções simultaneamente, o que pode ser bastante exigente. Embora empresas com grandes equipes possam lidar melhor com a complexidade de empreender no Brasil, é crucial que os órgãos públicos reconheçam e trabalhem para simplificar esses processos. A Junta Comercial já fez melhorias significativas no processo de abertura de empresas, mas ainda há muito a ser feito em termos de desenvolvimento e incentivo.

Renato Paniago em entrevista ao Giro Estadual de Notícias - (Foto: Rafael Rodrigues)

A prefeitura pode desempenhar um papel importante na melhoria da infraestrutura e no incentivo ao investimento empresarial na capital. A Associação Comercial contribui significativamente, facilitando relações com outros estados e associações comerciais, promovendo a expansão das empresas locais e atraindo novos negócios para a região. Portanto, é essencial continuar apoiando e implementando ações que promovam o desenvolvimento e aprimoramento constante das empresas.

A Crítica: Como a Reforma Tributária poderá impactar esses empresários a longo prazo?

Renato: Observamos com grande preocupação a implementação simultânea de dois regimes tributários durante um período de transição. Para muitos empresários, já é desafiador gerir um regime tributário, imagine dois ao mesmo tempo. A possibilidade de um aumento significativo na carga tributária, como a elevação do imposto sobre serviço de 5 ou 7 para 25%, terá um impacto direto em diversas empresas do setor de serviços. Os empresários precisam adotar uma abordagem preventiva e planejada diante dessas mudanças. É crucial buscar informações e compreender as novas regras, acompanhando as definições que ainda estão por vir com o projeto de lei.

Outro aspecto que nos causa grande inquietação é a desoneração da folha de pagamento. Essa mudança, já decidida, afetará significativamente as empresas. Atualmente, com os encargos sobre a folha, os empresários planejam seus investimentos e gerenciam suas equipes. O final do ano passado viu um aumento nas contratações temporárias, com muitos desses trabalhadores esperando a formalização de seus empregos a partir de janeiro. Mudanças nessa área poderão afetar diretamente a geração de empregos, o que nos preocupa profundamente.

A Crítica: Como que a ACICG está se preparando para enfrentar os desafios econômicos dos próximos anos? Como que a associação também vem preparando os seus associados diante desse novo cenário?

Renato: A missão da nossa entidade sempre foi trazer benefícios aos seus associados. Neste início de ano, estamos revisando nosso planejamento estratégico, dado que as necessidades dos consumidores e empreendedores estão em constante evolução. Mudanças nas regras e avanços tecnológicos aceleram esse processo, e é essencial que estejamos sempre atualizados. Ao longo do ano, trabalhamos em colaboração com federações e confederações em estratégias e discussões, focando especialmente nas mudanças recentemente mencionadas.

Uma de nossas iniciativas é fornecer informações atualizadas aos associados e desenvolver novos produtos e serviços. Atualmente, estamos focados na área de ESG (Environmental, Social, and Governance), pois reconhecemos a importância crescente da responsabilidade ambiental, como a gestão da pegada de carbono, que está se tornando uma exigência. É crucial que os empresários compreendam e acompanhem essas mudanças, e estamos estudando para implementar práticas adequadas em cada empresa, em resposta às demandas de nossos associados.

Outro foco é a inovação tecnológica no setor financeiro. Estamos colaborando com parceiros para desenvolver ferramentas e produtos financeiros únicos, com um valor diferenciado, pois, como uma associação comercial sem fins lucrativos, nosso objetivo é oferecer os melhores produtos a preços acessíveis aos empresários associados.

Além disso, estamos atentos às mudanças tecnológicas que influenciam a gestão e o atendimento ao consumidor. Uma mudança significativa que estamos abordando este ano é a mudança do foco das expectativas dos consumidores para as expectativas dos colaboradores, uma tendência emergente no mundo empresarial.

A Crítica: E isso é demanda muito antiga a respeito da falta da mão de obra...

Renato: Como mencionei, as expectativas e necessidades dos colaboradores são distintas e continuam evoluindo à medida que eles contribuem para a solução dos problemas da empresa. Cabe ao empresário a grande responsabilidade de se aprofundar nesses aspectos para compreender e criar ferramentas internas que não só atraiam talentos para a equipe, mas também os mantenham motivados e engajados no desenvolvimento do negócio.

Este desafio é considerável. Na Associação Comercial, estamos empenhados em oferecer soluções, informações e espaços para discussões sobre este tema, de modo que os empresários possam se capacitar cada vez mais na gestão de equipes, na realização de contratações assertivas e na manutenção de um ambiente de trabalho produtivo. Cada setor, seja ele de serviços, turismo, agronegócio ou comércio, requer um tipo específico de equipe que precisa ser formada e gerida de forma eficaz. Portanto, enfrentar esse desafio é fundamental para todos os segmentos do mercado.

A Crítica: Como que a ACICG vem trocando insights com outras associações? Existe diferença de cidade para cidade?

Renato: Sim, cada município tem suas particularidades e tende a desenvolver certos setores mais do que outros. No entanto, muitas experiências são comuns entre eles. A Associação Comercial de Campo Grande, por exemplo, já estabeleceu parcerias com várias associações comerciais do interior, desenvolvendo projetos conjuntos. Frequentemente, nós adotamos práticas bem-sucedidas de outras associações, tanto do interior quanto de fora do estado, e vice-versa.

Estamos sempre dispostos a receber visitas e até enviar nossa equipe para compartilhar nossas experiências, já que muitas vezes somos consultados por associações de outros estados. Um exemplo notável é o nosso trabalho com mediação e arbitragem, que tem sido eficaz na recuperação de inadimplências empresariais. Esse processo beneficia tanto as empresas, que conseguem renegociar dívidas antigas e recuperar recursos, quanto os consumidores inadimplentes, que têm a oportunidade de renegociar suas dívidas e limpar seus nomes, voltando a ter acesso ao crédito.

Um dos nossos diferenciais é a parceria com o Tribunal de Justiça, que permite que as negociações e conciliações sejam chanceladas pelo tribunal. Essa colaboração não só ajuda a justiça a resolver conflitos de forma mais simplificada e rápida, como também beneficia todas as partes envolvidas.

Além disso, estamos abertos e interessados em estabelecer parcerias com mais entidades, pois acreditamos que essas colaborações são fundamentais para apoiar empresários e consumidores, cumprindo um dos nossos principais objetivos.

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