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REVITALIZAÇÃO DO GUANANDIZÃO

'O grande caminho hoje são as PPPs – Parceria Público-Privadas- para poder viabilizar shows em áreas públicas'

Esperamos terminar a reforma até julho, no primeiro semestre do ano que vem. Até porque temos várias propostas da vinda da Seleção Brasileira de Voleibol para a reinauguração

13 julho 2018 - 23h33Da Redação
Marcelo Miranda – Diretor-Presidente da Fundesporte
Marcelo Miranda – Diretor-Presidente da Fundesporte

A reforma e a adequação do ginásio Avelino dos Reis – popularmente conhecido como Guanandizão – pelo Governo do Estado em parceria com a Prefeitura de Campo Grande, colocam novamente a Capital sul-mato-grossense no circuito dos megaeventos esportivos nacionais e internacionais e fortalece o esporte coletivo em Mato Grosso do Sul. O espaço já sediou grandes competições e eventos, como os jogos entre Brasil e Portugal, pela Liga Mundial de Vôlei, em 2004, e o show de Roberto Carlos.

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A reabertura da praça esportiva é considerada uma conquista para o esporte sul-mato-grossense e para Campo Grande, que poderá reviver grandes eventos esportivos, culturais e de entretenimento. O diretor-presidente da Fundesporte, Marcelo Miranda, lembrou que a cidade já deixou de sediar competições de alto nível por falta de estrutura, como os Jogos da Juventude, em 2016. "Fomos sondados pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro)", comenta.

Os investimentos do Estado vão permitir a recuperação da parte elétrica, arquibancada, vestiários, alojamentos, banheiros, cobertura, pintura e reurbanização da área externa. O Ginásio de Esportes Avelino dos Reis receberá investimento da ordem de R$ 2.387.641,05, fruto da parceria entre o governo do Estado, por intermédio da Fundesporte, e o Município.

De acordo com o projeto, a revitalização do Ginásio Guanandizão será total, incluindo a recuperação da parte hidráulica, parte elétrica, arquibancada, vestiários, alojamentos, banheiros, cobertura, pintura e reurbanização da área externa do complexo esportivo. Com a reforma, o governo do Estado espera voltar a receber propostas como da Seleção Brasileira de Vôlei, Copa Brasil de Futsal, jogos escolares e universitários, que além de incentivar o esporte e a cultura entre os sul-mato-grossenses, fomentam a economia regional.

"A falta de um espaço como o Guanandizão hoje inibe as federações de captar grandes eventos nacionais ou mesmo realizar competições regionais", afirma o presidente da Federação de Voleibol de MS, José Eduardo Amâncio da Mota (Madrugada). "O Guanandizão tem outro diferencial dos demais ginásios da cidade, por contar com alojamentos para 100 pessoas. Isso reduz gastos e viabiliza e fomenta a realização de jogos intermunicipais."

Último show - O show de Roberto Carlos, em 2013, culminou com a intervenção do ginásio. De lá para cá, as federações esportivas e os produtores de eventos ficaram privados de usar um ambiente fechado para 8.240 pessoas, com a cidade perdendo a oportunidade de trazer equipes de alto nível nas várias modalidades e shows. O empresário Pedro Silva afirmou que a maioria dos espaços da Capital não está adequada ou não tem licença para receber grande público.

"Ou é problema de documentação ou estrutura para receber oito, dez mil pessoas", diz ele. "A notícia da revitalização do Guanandizão nos alegra muito e a cidade vai ganhar com isso, seja na área esportiva ou cultural", acrescenta. Pedro Silva diz ainda que organiza grandes eventos para o fim do ano e espera que o ginásio esteja em condições de uso. "Não podemos esquecer da segurança naquela região e também recuperar os camarins", lembra.

As estrelas do vôlei - O maior ginásio esportivo do Estado foi palco de competições memoráveis até início dos anos 2000. Assim como ocorreu no futebol com a construção do Morenão, surgindo clubes profissionais e participação em campeonatos brasileiros, o Guanandizão motivou a formação de uma equipe de vôlei de expressão nacional, a Copaza. O clube revelou os atletas Carlão e Pampa, campeões olímpicos em 1992, e enfrentou no ginásio equipes do nível da Pirelli e Minas.

Um dos maiores espetáculos presenciados pelo público sul-mato-grossense foi o confronto pela Liga Mundial de Vôlei entre Brasil e Portugal, que se enfrentaram nos dias 19 e 20 de junho de 2004. O Brasil venceu facilmente os dois jogos (com transmissão pela TV) por 3 a 0, em menos de 70 minutos cada, e uma torcida animada lotou o ginásio, conforme noticiou o jornal O Estado de São Paulo. No segundo jogo, o técnico Bernardinho escalou um time reserva.

Outra competição com a presença de ícones do esporte nacional foi a etapa do Troféu Brasil de Ginástica e Circuito Caixa de Ginástica Artística e Rítmica, nos dias 27 a 30 de maio de 2010. Na ginástica olímpica, presenças de Diego Hypólito, Mosiah Rodrigues, Arthur Zanetti, Sérgio Sasaki, Daniele Hypólito, Jade Barbosa, Ethiene Franco e Khiuani Dias. Na rítmica, Elaine Sampaio, Rafaela Costa, Anita Klemann, Ana Paula Scheffer e Angélica Kvieczynski.

Acompanhe a entrevista de Marcelo Miranda, diretor-presidente da Fundesporte:

A Crítica – O ginásio do Guanandizão marcou época e ainda mexe com a história de Campo Grande?

Marcelo Miranda – O Guanandizão mexe com as lembranças de todos os campo-grandenses. Desde que assumimos o governo, temos o projeto de revitalização do Ginásio do Guanandizão. Na gestão anterior da prefeitura, fizemos um primeiro contato com o professor Melão, que na época era o gestor da Funesp e por questões administrativas não foi possível tocar o projeto. Com a entrada do prefeito Marquinhos Trad, também procuramos o Rodrigo Terra e o prefeito, que de pronto compraram a ideia. E só não fizemos antes porque a doação que o governo do Estado fez à Prefeitura em 2012 não havia sido averbada na matrícula a doação. Demorou esse tempo, em função dessa burocracia que é necessária, e agora o governador Reinaldo Azambuja disponibilizou R$ 2,3 milhões com 10% da prefeitura, para fazer uma revitalização total, da parte estrutural, cobertura, inclusive o entorno do Ginásio Guanandizão. Sem dúvida alguma, vamos poder receber grandes eventos novamente.

A Crítica – A licitação e as obras começam de imediato?

Marcelo Miranda – Nós programamos da seguinte forma: já que em função do período eleitoral, não pode ter repasse de recursos, já assinamos o convênio, fizemos os empenhos, o recurso já está garantido. Nesse período eleitoral, a prefeitura vai licitar e o processo de licitação já começou, para que as obras sejam feitas a partir de novembro, quando estão previstos os pagamentos.

A Crítica – Assim, a previsão é terminar somente no ano que vem a revitalização?

Marcelo Miranda – Esperamos terminar até julho, no primeiro semestre do ano que vem. Até porque temos várias propostas da vinda da Seleção Brasileira de Voleibol, o professor Madrugada já nos garantiu isso com a Confederação. Temos uma relação muito boa como o Comitê Olímpico Brasileiro, que já nos ofereceram trazer os Jogos Brasileiros da Juventude para cá. Então, o quanto antes ficar pronto vai possibilitar que tragamos esses grandes eventos.

A Crítica – Nessa revitalização, o que haverá de novidade no Ginásio do Guanandizão, atém de climatização?

Marcelo Miranda – Temos três pontos básicos fundamentais em relação à reforma do Guanandizão. Uma na questão estrutural, porque o Guanandizão tem um problema hidráulico sério, em função até da área onde ele foi construído. Além dessa parte com elétrica, que tem trocar tudo, o teto tem uma série de goteiras e será levado em consideração o complexo de acessibilidade e segurança. Na década de 80 não havia essa preocupação, então vamos focar nesses dois aspectos. E o entorno dele, porque na verdade ele foi pensado como um ginásio de esportes. Mas aquele entorno é muito interessante, as quadras, o campo de futebol, haverá uma revitalização total. A questão da climatização na verdade não foi pensada, até porque é uma área muito grande. Mas é uma questão interessante verificarmos com os arquitetos a possibilidade de abrir um sistema de ventilação natural.

A Crítica – Há a possibilidade de posteriormente à reforma se realizar uma parceria privada, como há atualmente nos estádios de futebol, para a realização de grandes shows?

Marcelo Miranda – A pretensão é essa. Mas quem administra hoje é a Prefeitura de Campo Grande. Entendo, assim como temos a proposta para o estádio do Morenão, que o grande caminho hoje são as PPPs – Parceria Público-Privadas, para você poder viabilizar. Quando você propõe a realização de shows, grandes eventos, você consegue recursos para não sobrecarregar o poder público, que é a grande dificuldade existente hoje. A preocupação é que você constroi ginásio e joga para prefeitura esse problema da manutenção, que normalmente não é barata. Acredito que a grande saída é essa, ou você entrega para uma empresa administrar, ou então, você cria um fundo específico que permita haver o recebimento direto para locação e poder dar a devida manutenção.

A Crítica – Como deverá ser a questão do estacionamento e até mesmo do acesso ao ginásio?

Marcelo Miranda – O estacionamento está no projeto da revitalização. Porém ainda assim ele é insuficiente para grandes eventos. Seria interessante que a prefeitura, na obra que está sendo feita no córrego Anhanduí, pensasse em uma estrutura para estacionamento para poder abrigar os grandes eventos e esse é um problema na cidade como um todo.

A Crítica – Até mesmo o acesso fica complicado dependendo do evento.

Marcelo Miranda – Realmente é muito complicado. É fácil resolver porque tem ruas vicinais, que passam ao lado do ginásio.

A Crítica – Em relação à área do entorno com quadras e campo de futebol, a intenção é fazer uma parceria com a prefeitura para escolinha de futebol e outros esportes?

Marcelo Miranda – Nós temos no Governo do Estado um programa de iniciação esportiva que está presente em todo Mato Grosso do Sul. Temos mais de 800 projetos em 62 cidades e a ideia é que a partir da entrega das quadras, consigamos firmar a parceria junto com a prefeitura e ampliar esses projetos. É importante porque ali é uma região muito populosa e tenho certeza que será um sucesso um projeto de iniciação esportiva no local. A grande vantagem das quadras externas é você não ficar dependendo da quadra interna e elas são muito boas, mas precisam dessa revitalização por estarem abandonadas.

Algo interessante em termos de novidade é que hoje os pisos modernos das modalidades esportivas são removíveis. Então, pretendemos que a partir da entrega o Guanandizão tenha uma quadra básica de concreto e vamos abrir um ensalamento público para as federações adquirirem os seus pisos específicos. São pisos anti-impactos, de acordo com cada modalidade e a colocação será feita conforme a disputa esportiva.

A Crítica – Atualmente a arquibancada é toda de concreto. O projeto é colocar cadeiras numeradas e outros tipos de assentos?

Marcelo Miranda – Coloquei em contato com a prefeitura uma empresa que adquiriu os assentos que foram utilizados nos Jogos Olímpicos. Assentos de padrão internacional que foram instalados nas arenas olímpicas do Brasil e agora estão sem uso. Estão fazendo uma proposta muito interessante para a colocação desses assentos e pisos, mas será a prefeitura quem vai definir.

A Crítica – Já há algo programado para a reinauguração do Ginásio do Guanandizão?

Marcelo Miranda – O que já temos acertado e já era para termos trazido, mas em função de não termos um ginásio público adequado não dói possível, é a vinda da Seleção Brasileira de Vôlei. Agora, entramos em contato e nos foi prometido para reinauguração do Guanandizão um jogo da equipe brasileira de Vôlei.

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