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MARCELO ROHLFS

"O cliente não quer apenas um carro simples; ele busca conforto, conveniência e segurança"

O diretor de Operações do Grupo Bamaq fala sobre a nova concessionária GWM em Campo Grande com investimento de R$ 30 milhões e planos de expansão no Estado

10 setembro 2024 - 12h00Carlos Guilherme
O diretor de Operações do Grupo Bamaq, Marcelo Rohlfs
O diretor de Operações do Grupo Bamaq, Marcelo Rohlfs - (Foto: Amanda Vitória)

O diretor de Operações do Grupo Bamaq, Marcelo Rohlfs, em entrevista ao jornal A Crítica, nesta terça-feira (10), falou sobre o lançamento da nova concessionária da GWM, gigante automotiva chinesa, em Campo Grande. A inauguração oficial ocorre nesta terça-feira (10), às 19h, em um espaço de 2.800 m². O projeto envolveu um investimento de R$ 30 milhões, com o objetivo de consolidar a presença da marca no estado e proporcionar aos clientes acesso aos veículos de alta qualidade da GWM.

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Rohlfs destacou que a GWM, já representada pelo Grupo Bamaq em Belo Horizonte, chega ao Mato Grosso do Sul com uma estratégia de expansão, iniciando por Campo Grande e com planos para abrir uma nova unidade em Dourados até o final do ano. Ele ressaltou a importância de oferecer aos consumidores locais uma experiência diferenciada, com alto índice de conversão por meio de test-drives, e comentou sobre a estrutura de suporte, que inclui oficinas móveis para atender clientes em regiões mais distantes. Confira a entrevista na íntegra:

A Crítica: O que essa nova unidade representa para Campo Grande?

Marcelo: Nosso grupo sempre teve foco na área automotiva, principalmente trabalhando com marcas premium, que proporcionam uma experiência completa ao cliente, além da simples compra. Não se trata apenas de uma transação comercial, mas de oferecer algo além da posse do carro. Sempre atuamos com marcas como Mercedes-Benz e Porsche, mas queríamos expandir para uma marca premium que trouxesse mais eletrificação. Hoje, a eletrificação está muito associada à China, que lidera essa tecnologia. Os chineses optaram por focar no desenvolvimento de veículos elétricos, deixando de lado a concorrência com as grandes montadoras globais de carros a combustão, buscando se destacar nesse mercado emergente.

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Ao analisar o mercado brasileiro, identificamos duas grandes empresas chinesas entrando no país. Decidimos optar por uma delas com base na credibilidade, pós-venda e na estrutura da operação. Sabemos que existe um estigma associado aos primeiros produtos chineses que chegaram ao Brasil, com foco no baixo custo e menor qualidade. No entanto, é essencial quebrar esse paradigma e reconhecer que os carros chineses atuais possuem alta qualidade de fabricação, acabamento sofisticado e tecnologia de ponta.

Dessa forma, escolhemos atuar em praças estratégicas como Belo Horizonte e Mato Grosso do Sul, acreditando no sucesso dessa parceria. A marca GWS, líder na China em SUVs e picapes, se encaixa perfeitamente no mercado brasileiro. Apostamos no modelo de negócio e, hoje, estamos muito satisfeitos com os resultados, oferecendo veículos de alta qualidade adaptados à realidade brasileira, especialmente no segmento de carros híbridos, que é o carro-chefe da marca no Brasil. Além disso, também disponibilizamos modelos 100% elétricos.

A Crítica: O que os carros elétricos representam no atual cenário automotivo?

Marcelo: Existem diferentes tipos de tecnologias híbridas disponíveis hoje. O mais tradicional é o carro a combustão, e depois temos o híbrido, que conta com o auxílio de um motor elétrico. Entre os modelos de híbridos, há uma variedade de opções. No Brasil, por exemplo, temos o chamado "híbrido leve", que utiliza uma bateria de 48 volts para ajudar principalmente na arrancada do carro. Já o "híbrido tradicional" possui um motor mais robusto, mas não necessita ser recarregado em uma tomada, pois o próprio motor a combustão gera energia e recarrega a bateria durante o uso.

O diretor de Operações do Grupo Bamaq, Marcelo Rohlfs

Há também o "híbrido plug-in", que conta com uma bateria de maior capacidade e precisa ser carregada externamente. Esse modelo oferece mais potência ao veículo, além de melhorar o desempenho e otimizar o consumo de combustível.

A Crítica: As cidades estão preparadas para receber esses veículos? O que pode melhorar?

Marcelo: Vamos separar um pouco os conceitos de carros híbridos e elétricos. O carro 100% elétrico depende exclusivamente da eletricidade, ou seja, ele não possui um motor a combustão para recarregar a bateria. É necessário conectá-lo à tomada para carregar. Esse tipo de veículo é ideal para o uso urbano, pois atende bem às necessidades diárias. Todos os nossos carros elétricos vêm com um carregador do tipo "wallbox", que instalamos na casa de cada proprietário. Dessa forma, o motorista pode carregar o carro durante a noite e, no dia seguinte, o veículo estará totalmente carregado, oferecendo uma autonomia de 300 a 400 km. Em média, é preciso carregá-lo uma ou, no máximo, duas vezes por semana.

Já no caso do carro híbrido, você não precisa se preocupar com a energia acabar, pois ele conta com um motor a combustão que auxilia o motor elétrico. Os dois motores podem trabalhar juntos ou separadamente. Um dos grandes diferenciais da nossa marca é que oferecemos as duas melhores tecnologias híbridas disponíveis. Temos o H6 HEV, que é um híbrido tradicional onde o motor a combustão recarrega a bateria. Também temos o modelo PHEV, como o P19, que combina um motor a combustão com um motor elétrico, e é 100% tração dianteira.

Já o P34, disponível nas versões SUV ou GT (mais esportiva), possui um motor a combustão e dois motores elétricos – um na frente e outro atrás –, proporcionando tração nas quatro rodas e uma potência excepcional de até 93 cavalos. Nossos veículos híbridos plug-in têm uma excelente autonomia no modo elétrico, o que é um grande diferencial. Por exemplo, o P19 oferece 100 km de autonomia no modo elétrico, enquanto o P34 tem 170 km de autonomia elétrica. Assim, você pode dirigir tranquilamente no modo elétrico sem se preocupar com a falta de energia, e ainda carregar o veículo em casa.

A experiência de conduzir esses carros é excelente, pois além de serem elétricos, eles contam com o suporte do motor a combustão. Mesmo em viagens mais longas, nossos clientes não enfrentam problemas de autonomia, especialmente porque o carregador instalado na casa oferece total conveniência.

A Crítica: Quais são os modelos mais procurados nas unidades do Estado?

Marcelo: Temos observado essa tendência tanto em Mato Grosso do Sul, especialmente em Campo Grande, quanto em Belo Horizonte. Logicamente, a maior demanda é pelos carros híbridos, pois eles oferecem mais versatilidade. As pessoas buscam um veículo que possa ser usado em diferentes situações, inclusive para viagens, sem a preocupação de encontrar um carregador ao longo do caminho. No entanto, também estamos vendo um interesse crescente pelos carros 100% elétricos, já que a experiência de condução é fantástica. Eu, pessoalmente, tenho utilizado um carro totalmente elétrico há cerca de um ano e dois meses, e posso afirmar que a experiência tem sido excelente.

A experiência com o carro elétrico traz uma tranquilidade enorme: é um veículo silencioso, que entrega potência de forma muito rápida e se adapta perfeitamente ao dia a dia. O processo de carregamento é muito simples e prático. Como eu sempre digo, quem busca um carro para uso exclusivamente urbano pode optar tranquilamente por um veículo 100% elétrico. Agora, para quem precisa de mais versatilidade e planeja percorrer distâncias mais longas, o carro híbrido é a melhor escolha.

Acredito que a infraestrutura de carregamento está crescendo rapidamente. As montadoras já estão se mobilizando para instalar carregadores em postos ao longo das estradas, o que vai aumentar ainda mais a usabilidade dos carros 100% elétricos e permitir que as pessoas utilizem esses veículos em viagens com mais confiança.

A Crítica: Como as marcas estão trabalhando para poder oferecer um produto de qualidade, mas ao mesmo tempo acessível para o meio?

Marcelo: Hoje enfrentamos um desafio comum no Brasil: os impostos. Isso é o que realmente encarece os nossos produtos, pois a carga tributária é muito alta. No entanto, o brasileiro é apaixonado por carros, e o nível de exigência do consumidor aumenta constantemente. Como mencionei anteriormente, havia a ideia de que carros chineses eram de baixa qualidade. Mas, quando o cliente conhece um modelo da GWM (Great Wall Motors), percebe a alta qualidade do produto, desde o alinhamento das peças até o acabamento impecável.

Na nossa operação mais antiga, em Belo Horizonte, já temos carros com 50 a 60 mil km, indo para a quinta ou sexta revisão, e eles ainda estão em excelente estado – sem nenhum problema estrutural. São veículos muito agradáveis de dirigir e, além disso, bonitos. A GWM fez questão de adaptar os carros ao gosto do brasileiro. Por exemplo, a suspensão foi ajustada para ser um pouco mais rígida, já que os chineses preferem um carro mais macio, enquanto o brasileiro gosta de uma direção mais firme e precisa.

Outro detalhe é que os volantes dos carros chineses são mais finos, pois eles têm mãos menores. Até nesse ponto, a GWM fez ajustes para atender às preferências dos brasileiros. Hoje, todas as marcas estão preocupadas em oferecer qualidade, equipamentos de ponta e mais do que o básico. O cliente não quer apenas um carro simples; ele busca conforto, conveniência e segurança.

Em termos de preço, as montadoras estão trabalhando muito para oferecer produtos com bom custo-benefício. A GWM tem trazido veículos com tecnologia muito superior quando comparada aos modelos nacionais, e isso tem sido um dos motivos do sucesso da marca, causando impacto na indústria automobilística brasileira.

A Crítica: Ainda não temos indústrias que fabricam esses veículos no País. O senhor acredita que após a chegada esses carros serão mais acessíveis para diversos públicos?

Marcelo: A produção local permite reduzir um pouco a carga tributária, especialmente no caso de impostos protecionistas, que afetam principalmente os carros importados. A indústria nacional se sentiu ameaçada pelos veículos chineses, que têm apresentado extrema qualidade. A GWM (Great Wall Motors), ao desenvolver seu projeto para o Brasil, já iniciou com um passo estratégico ao adquirir a fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis, visando à produção local de veículos. A partir do início do próximo ano, começaremos a produzir o modelo Haval H6 no Brasil, o que resultará em preços mais competitivos.

Além disso, o aumento das tarifas de importação, válido até 2026, será anulado com a produção local. A GWM poderia facilmente continuar importando os veículos já prontos, mas optou por fabricar aqui para garantir preços mais competitivos, gerar empregos e trazer tecnologia para o Brasil. Isso mostra o compromisso da marca em se estabelecer de forma sólida no país e se tornar uma marca nacional.

A Crítica: Vamos falar agora dessa nova unidade. O que o público pode esperar? Inclusive, sabemos que há novidades para os fãs de Porsche...

Marcelo: Uma coisa muito importante que destaca nosso grupo, independentemente da marca, é o nosso DNA, que vem de um dos pilares: a humildade. Temos um bom relacionamento com todos e sempre estamos pensando em como crescer e nos desenvolver. Queremos ser grandes, mas sem perder esse valor. Quando olhamos para nossa concessionária, o que oferecemos vai além de vender carros, é uma experiência completa. A atmosfera é acolhedora, e queremos que nossos clientes se sintam em casa, como parte de uma comunidade.

Nos diferenciamos do padrão nacional, onde muitas concessionárias apenas vendem o carro e o cliente só retorna para a revisão ou troca. Nosso objetivo é criar uma conexão mais profunda. Todo sábado, organizamos cafés da manhã para que nossos clientes tenham um espaço de convivência, tornando a concessionária um lugar de encontro e relacionamento. Eu até brinco que, se alguém estiver chateado com algo no trabalho ou tiver brigado com a esposa, pode vir para a concessionária, que estaremos aqui para acolhê-lo.

Vendemos muito mais que um carro, vendemos uma experiência. E quando falamos de experiência, estamos falando de uma marca forte, que representa muito para nós. Aprendemos muito desde que começamos a representar essa marca em 2018, com unidades em Belo Horizonte e Salvador, e agora conquistamos a concorrência para Campo Grande. Fomos um dos grandes incentivadores para que a própria Porsche Brasil abrisse essa concorrência, pois acreditamos muito no potencial do mercado de Mato Grosso do Sul. Este é um estado próspero, rico, e as pessoas aqui merecem ter acesso a marcas de qualidade.

A Porsche é uma marca icônica, um sonho de infância para muitos, e trazer esse respaldo para o mercado local é um grande orgulho. A expectativa dos clientes é alta, mas os produtos são incríveis e, muitas vezes, mais acessíveis do que as pessoas imaginam. Muitos pensam que um Porsche custa mais de R$ 1 milhão, mas isso não é verdade. A partir de R$ 480 mil, você já pode ter um Porsche, com a mesma experiência de quem compra um carro de R$ 3 milhões. Além disso, fazemos eventos, encontros e passeios fora da concessionária, e vamos continuar promovendo isso com a Porsche e com a GWM também.

A Crítica: E como estão os planos de expansão em MS?

Marcelo: Temos a visão de que todos os clientes de Mato Grosso do Sul devem ter acesso a esses carros, e isso se reflete no alto índice de conversão por meio de test-drives. É impressionante, mais de 80% das pessoas que fazem o test-drive acabam comprando o carro. Portanto, precisamos proporcionar essa experiência para todos e estar próximos desse público. Campo Grande é apenas o começo. Já temos planos para, até o final do ano, abrir uma unidade em Dourados. Vale destacar que, juntos, Dourados e Campo Grande representam quase 83% dos emplacamentos no Estado.

Esse é o início de uma aproximação com o cliente, mesmo que ele esteja em uma região mais afastada. Temos, por exemplo, caminhões de oficina móvel que vão até o cliente, para que ele não precise se deslocar até a concessionária, especialmente se estiver em uma área mais distante. Campo Grande é o ponto de partida de uma experiência de marca que as pessoas poderão vivenciar diariamente.

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