
Em entrevista ao jornal A Crítica, o secretário de Infraestrutura e Serviços Públicos de Campo Grande, Marcelo Miglioli, destacou os desafios enfrentados pela gestão municipal durante o período de chuvas intensas, que afetaram diretamente os serviços de zeladoria na Capital.

O secretário explicou que, mesmo com o clima instável, uma força-tarefa foi mobilizada para atuar nas sete regiões da cidade com foco na operação tapa-buraco, ação considerada essencial para garantir segurança e mobilidade urbana.
A Crítica: Secretário estamos com pouco mais de 100 dias da gestão da prefeita Adriane Lopes aqui em Campo Grande. O senhor está com ela desde o início. Qual é o principal balanço que o senhor faz à frente dessa pasta tão importante?
Marcelo Miglioli: O balanço é de uma equipe comprometida, que tem buscado trabalhar muito pela cidade, enfrentando os problemas e colocando com muita transparência as dificuldades que temos, mas sempre buscando solução. Especificamente sobre a minha pasta, é um período difícil para a cidade. Temos problemas estruturais que se agravam com o período de chuvas intensas, como ocorreu nos últimos 40 dias. Campo Grande tem 900 mil habitantes, mais de 1.000 quilômetros de ruas sem pavimentação e sem drenagem, além de uma malha asfáltica comprometida, que piora quando chove e surgem os buracos. Também temos muitas áreas verdes, o que é bom, mas dificulta a manutenção nesse período. São desafios de zeladoria que enfrentamos com responsabilidade. Agora, com a perspectiva de melhora no tempo, esperamos recuperar o que não conseguimos fazer durante as chuvas.
A Crítica: Qual é a previsão para a operação tapa-buraco nas principais regiões de Campo Grande?
Marcelo Miglioli: Começamos essa operação na segunda-feira em todas as sete regiões da cidade, com sete equipes diferentes de empresas terceirizadas. A meta é fechar de 1.500 a 2.000 buracos por dia. Ainda não atingimos esse número por conta da chuva de segunda e terça-feira. Mesmo com o tempo fechado na última semana, conseguimos avançar. Nesta semana, por exemplo, tapamos 1.243 buracos, o que é um número significativo. Com essa força-tarefa, acreditamos que, em pouco tempo, vamos restabelecer a normalidade.
A Crítica: Existe um mapeamento das áreas mais críticas que precisam de uma atenção especial?
Marcelo Miglioli: Sim, temos tudo mapeado, mas o problema da malha asfáltica é generalizado. Por isso, a operação começou nas sete regiões. Dentro de cada uma, priorizamos ruas com maior fluxo e tráfego mais intenso. Elaboramos um planejamento diário, priorizando vias mais movimentadas, para aliviar a situação e oferecer mais qualidade para a população.
A Crítica: Além do asfalto, como a pasta atua na manutenção das praças, parques e da iluminação pública?
Marcelo Miglioli: A zeladoria inclui várias frentes: tapa-buraco, ruas não pavimentadas, limpeza de praças e avenidas. Temos duas frentes para limpeza: uma com a concessionária Solurb e outra com equipes próprias da prefeitura. Reduzimos os gastos com a concessionária, mas enfrentamos dificuldades com pessoal. Por isso, abrimos um programa para contratar 300 frentes de trabalho pela SAS, exclusivamente para serviços de zeladoria. Sobre a iluminação pública, estamos encaminhando um processo licitatório para aquisição de material, como lâmpadas, pois temos pouco estoque. Ano passado fizemos um grande programa de iluminação de praças, campos de futebol e troca de lâmpadas por LED. Queremos retomar esse programa com força total. Sabemos das deficiências e estamos trabalhando para superá-las.
A Crítica: Campo Grande tem uma característica interiorana. Como a secretaria atua para preservar essa identidade?
Marcelo Miglioli: Temos essa preocupação e por isso estamos concluindo um programa iniciado no ano passado: a construção de 120 praças em todos os bairros da cidade. Essas praças cumprem um papel social importante, oferecendo locais de convivência, com quadras de areia fechadas, academias ao ar livre, pistas de caminhada e iluminação. Isso ajuda a preservar as áreas públicas e estimula o convívio social, com famílias indo às praças, levando cadeiras, filhos, idosos... Estamos satisfeitos por participar do maior programa de construção de praças da história de Campo Grande.
A Crítica: Secretário, sobre a região da antiga rodoviária, que recebeu investimentos no passado mas hoje enfrenta problemas com alto índice de dependentes químicos, como a pasta tem atuado?
Marcelo Miglioli: Estamos com um olhar especial para aquela região, que enfrenta um problema de mais de 30 anos. A antiga rodoviária na Ernesto Geisel está sendo transformada. Retomamos as obras do Centro de Belas Artes, agora com previsão de término em um ano e meio. O recurso já está disponível, e a empresa começou bem. O restante do prédio será transformado na ETEC e no ParkTec, criando um complexo importante para a cidade. Em relação à Feira da Esplanada, tivemos hoje uma reunião com a associação da feira para discutir um projeto de revitalização no local atual. O projeto está avançado e com boa qualidade. Queremos transformar toda a área em um grande complexo turístico, voltado tanto para moradores quanto visitantes.
A Crítica: Recentemente vimos a retomada do movimento noturno na 14 de Julho. Isso mostra que Campo Grande valoriza espaços turísticos ao ar livre. Esse olhar mais sensível está se refletindo nas ações da secretaria?
Marcelo Miglioli: Sem dúvida. Sempre digo que o desenvolvimento começa com planejamento. Precisamos enxergar as necessidades da cidade e o que é possível fazer. Planejamento precisa vir acompanhado de orçamento. Não basta ter boa intenção — é preciso ter capacidade de transformar intenção em realidade. Na secretaria, atuamos sob duas óticas: a zeladoria, que é o dia a dia da cidade, e os projetos estruturais, que promovem desenvolvimento e evolução.
A Crítica: Para encerrar, o senhor concorreu nas eleições de 2022. Existe a possibilidade de retorno à vida pública?
Marcelo Miglioli: Sou um soldado dentro do grupo e do partido. Já deixei claro para a senadora Tereza Cristina e para a prefeita que tenho uma posição pessoal de não disputar cargos proporcionais. No restante, sou um soldado. Quem comanda, decide. E eu sigo as orientações.
