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PEDRO ORTALE

"Bienal do Livro de MS será como o Pantanal merece"

O coordenador-geral da Bienal do Livro de MS fala sobre o evento inédito que será realizado entre os dias 4 e 12 de outubro no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo

15 setembro 2025 - 12h30Da Redação
O coordenador-geral da Bienal do Livro de MS, Pedro Ortale
O coordenador-geral da Bienal do Livro de MS, Pedro Ortale - (Foto: A Crítica)

Campo Grande sediará, pela primeira vez, a Bienal do Livro de Mato Grosso do Sul - batizada de Bienal do Pantanal -, reunindo editoras nacionais, intelectuais, artistas e público de toda a região entre os dias 4 e 12 de outubro.

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Com entrada gratuita, o evento será realizado no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo, das 9h às 21h durante a semana e das 10h às 22h nos finais de semana. A programação conta com 23 conferências e 19 temas, passando por debates sobre geopolítica, sincretismo religioso, inteligência artificial e plataformas digitais. A abertura terá show de Almir Sater e homenagem a Manoel de Barros. “A Bienal nasce sob o signo da integração entre os povos, entre territórios, entre culturas”, resume Pedro Ortale, coordenador-geral da iniciativa.

A Crítica: Por que demorou tanto para chegar a Bienal em MS?

Pedro: Essa é uma pergunta que eu considero fundamental. Na verdade, a realização de um evento como este, com essa natureza e magnitude, é algo muito complexo. Envolve editoras, profissionais da área de artes, cultura, intelectuais, escritores e a sociedade de modo geral.

Ou seja, é um conjunto de variáveis que, somadas, resultam na concretização de uma Bienal do Livro. Por exemplo, nesta edição da Bienal, teremos a participação da nossa parceira responsável por trazer a mesma organização que realiza a Bienal de São Paulo, a Bienal do Ceará e a Bienal de Manaus. Já é uma empresa com expertise nesse tipo de evento.

Teremos 600 metros quadrados de estandes, e todo o espaço do Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo estará ocupado pelos estandes das principais editoras do Brasil.

Portanto, trata-se realmente de uma celebração ao livro, uma celebração à produção literária.

A Crítica: Nós estamos aqui no estado do Pantanal. Na sua visão, quais são as particularidades que o nosso Estado, o Mato Grosso do Sul, apresenta na realização de uma Bienal que a diferencia das demais bienais do país?

Pedro: Primeiro, começando pelo nome: Bienal do Pantanal. O Mato Grosso do Sul possui um ativo internacionalmente reconhecido, que é o bioma Pantanal. Ele está inserido neste território, compartilhado também com o Mato Grosso, a Bolívia e o Chaco Paraguaio. Ou seja, o nome da Bienal já carrega essa ideia de inter-relacionamento territorial entre povos.

Então, começamos por aí.

Além disso, essa primeira edição da Bienal homenageia o nosso maior expoente: Manoel de Barros — internacionalmente conhecido e reconhecido como uma das grandes personalidades da literatura contemporânea. Portanto, nada mais justo do que o Estado de Mato Grosso do Sul realizar a Bienal do Pantanal, que já nasce sob o signo da integração.

Teremos escritores do Paraguai? Sim. Teremos escritores da Argentina? Também.

Essa é a primeira edição, e esperamos que ela ocorra a cada dois anos, transformando-se, de fato, em um instrumento a serviço da integração e da paz entre os povos — conduzida pela bela linha da literatura, do acesso ao livro e do fomento à leitura.

A Crítica: Acompanhamos o material de divulgação da Bienal e vimos que haverá 23 conferências e 19 temas. Explica um pouquinho pra gente como foi o processo de curadoria para definir esses conteúdos.

Pedro: Bom, quando fomos autorizados a realizar essa grande celebração, imediatamente começamos a pensar: como vamos fazer isso? Qual será o substrato? O que vai sustentar essas discussões? Nada foi feito ao acaso.

Definimos dois eixos temáticos principais. O primeiro trata de geopolítica e territórios, abrangendo temas como sincretismo religioso, ocupação territorial — ou seja, assuntos que estão no centro dos debates públicos contemporâneos. Um exemplo disso é o que escreve Itamar Vieira, quando aborda a ocupação dos fundos das fazendas, trazendo à tona toda a simbologia envolvida, o tempo dessa ocupação e sua relação com a ideia de propriedade. São temas muito relevantes e que merecem espaço de discussão.

O segundo eixo é voltado para as tecnologias digitais, com foco em internet, plataformas e inteligência artificial. Vamos discutir letramento digital, leitura em ambientes virtuais, e como essas transformações estão moldando nossa sociedade. Um dos temas, por exemplo, será "O amor nos tempos do Tinder", refletindo sobre as novas formas de relacionamento mediadas pela tecnologia digital, que está presente em todo o mundo.

É uma reunião de temas extremamente significativos.

Aproveito para adiantar que a abertura da Bienal contará com um show do Almir Sater, acompanhado de uma cerimônia em homenagem a Manoel de Barros. Teremos também conferências com nomes como Leandro Karnal, Itamar Vieira Junior, Ana Maria Gonçalves — a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, autora do livro "Um defeito de cor", considerado por muitos o mais importante do século XXI.

Além disso, contaremos com a presença de Vera Iaconelli, psicoterapeuta, professora, pós-doutora e docente da USP, que falará sobre relacionamentos. Teremos também Ana Cláudia Quintana Arantes, médica conhecida por sua atuação com cuidados paliativos.

Além dessas conferências, acontecerão dois seminários importantíssimos:

Um sobre o Plano Nacional do Livro e Leitura, com o lançamento do livro Retratos da Leitura no Brasil, e a presença da Zoara Failla, presidente do Instituto Pró-Livro.

Outro com representantes do Ministério da Cultura.

Também haverá mostra de cinema, além de dois concursos abertos. Um deles é o 1º Prêmio de Literatura, já em andamento. E temos ainda um concurso estadual com 24 prêmios voltados para estudantes da rede estadual, com categorias como poesia, conto, prosa, história em quadrinhos, entre outros.

Será uma infinidade de atividades gratuitas.

Por isso é tão importante estar aqui falando nessa rádio, porque estamos conversando diretamente com o interior do estado. E é essencial reforçar: essa não é uma Bienal de Campo Grande, é a Bienal do Mato Grosso do Sul!

Os municípios precisam vir para cá. As palestras acontecerão às 10h, às 14h e às 19h. Então, é possível sair cedinho de qualquer cidade, almoçar na capital, assistir a uma palestra com um grande pensador e voltar no mesmo dia. Aliás, também teremos atividades às 16h, com grandes nomes da literatura sul-mato-grossense, como Leonilda Ramos, Bosco Martins, Sandra Menezes, entre outros.

É uma programação imperdível.

A Crítica: Serão doze horas seguidas de programação cultural, sem parar...

Pedro: Teremos também a visitação escolar, com a expectativa de receber cerca de 3.600 alunos do ensino fundamental e médio. Para esse público, haverá batalha de rimas, contação de histórias e também mostra de cinema sul-mato-grossense de curtas, com o selo "Curta a Bienal Pantanal".

É imperdível!

Teremos ainda dois cafés culturais, que devem oferecer algo relacionado à gastronomia de identidade pantaneira - outro destaque que valoriza nossas raízes.

Enfim, eu realmente acredito que conseguimos construir algo grandioso, como o Pantanal merece, como o Mato Grosso do Sul merece: um verdadeiro grande encontro que celebra o livro, a literatura e a leitura.

A Crítica: Existe uma estimativa da quantidade de livros que estarão disponíveis para a população?

Pedro: Esse número exato eu não tenho aqui agora, mas posso dizer que teremos livros técnicos voltados para universidades, para o ensino e para o conhecimento. Também teremos literatura infantil — inclusive, há uma editora especializada apenas nesse segmento, e ela estará presente.

A Leitura também estará lá.

Então, o leque de títulos será amplíssimo, com livros dos mais variados tipos e gêneros. Teremos até uma banca com alguns dos melhores livros do mundo, trazida por um grupo do Uruguai. Eu mesmo nunca tinha visto alguns dos exemplares — livros bem pequenos, de poucos centímetros, uma verdadeira curiosidade.

Além desse universo diversificado de temas e títulos, haverá também esse tipo de surpresa, que encanta e chama a atenção do público.

Ah! E já adianto: tem surpresa para quem for à Bienal, mas essa eu não vou revelar agora!

A Crítica: O evento será realizado no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo, inclusive, um local muito bem escolhido. Ou seja, é um ambiente ideal para receber esse grande evento cultural.

Pedro: É um espaço muito agradável — e ele estará completamente tomado por estandes!

Aliás, vamos ter participação internacional do Paraguai. Eu mencionei o Almir Sater, mas no sábado, dia 11, teremos a apresentação do grupo Néstor Llorens y Caminantes, junto com o Balé Folclórico de Assunção. Um espetáculo internacional e imperdível!

E quem pode assistir a esse espetáculo? Quem pode participar das conferências?

Qualquer pessoa! Basta chegar com duas horas de antecedência para retirar seu ingresso. A entrada é franca.

Para quem vem do interior, é possível entrar em contato conosco com antecedência — nós faremos a reserva dos ingressos, e a pessoa poderá chegar aqui e participar tranquilamente dessas atividades, com grandes intelectuais brasileiros, apresentações artísticas e muito mais.

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