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O projeto Ilumina Pantanal, foi o grande vencedor do Solar & Storage Live 2021, evento ocorrido na Inglaterra. Ele concorreu na categoria Projeto Internacional Solar, promovido pela Associação Internacional de Produtores de Energia Solar. O projeto é um desenvolvimento do Governo de Mato Grosso do Sul em parceria com a Energisa e Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Para conversar sobre esta conquista, o Giro Estadual de Notícias entrevistou, nesta segunda-feira (29) o coordenador do projeto, Heber Selvo.

Como foi a iniciativa e a criação do projeto Ilumina Pantanal?
O Pantanal é enorme. Só a área que está no Mato Grosso do Sul, é equivalente ao país de Portugal. É uma região que possui muitas limitações. Para levar energia até lá , por meio das redes de distribuição convencional, com construções de subestações, é agressivo ao meio ambiente e abrir faixas em mata e vegetação, com bioma tão rico como o do Pantanal, custaria valores impraticáveis para a concessão da Energisa de Mato Grosso do Sul. Além de onerar muito a tarifa do nosso consumidor.
Então, nós do grupo Energisa investimos cinco anos e R$10 milhões em um projeto de pesquisa e desenvolvimento, com recurso da Aneel, para chegarmos em uma solução onde a agressão é mínima ao meio ambiente, a tecnologia é a melhor, o custo é baixo e é possível atender as 2.090 famílias identificadas na planície pantaneira.
A solução consiste em um conjunto de placas solares com módulo de conversão, inversão e armazenamento de energia, por meio de baterias, com células de lítio. Ela é a tecnologia mais avançada que existe no mercado. Embora tenha um investimento inicial mais alto, que a bateria convencional de chumbo ácido, é uma bateria que dura mais picos que a convencional e não tem o risco de agressão ao meio ambiente,com vazamento de ácido. Então, este projeto com sua característica de eficiência e custo, acabou ganhando a premiação de um dos institutos mais respeitados do mundo, quando se fala de energia solar e armazenamento. Nós fomos agraciados com o prêmio e reconhecimento pelo nosso trabalho com o lugar de melhor projeto de solar e armazenamento do ano de 2021.
Quando falamos da tecnologia da energia solar, notamos um custo ainda muito alto para um investimento inicial. No caso do projeto, o investimento partiu de que? Da energia, do governo ou da comunidade?
Um projeto como este só permanece em pé com subsídio do governo federal. Cerca de 60% é financiado pelo Luz para Todos, projeto do Ministério de Minas e Energia. Em 2016, utilizando os recursos do subsídio, do programa de pesquisa e desenvolvimento, nós realizamos um censo completo da planície pantaneira. Contabilizamos 2.167 famílias. 77 delas poderiam ser atendidas por uma simples extensão da rede já existente que estariam ali nas beiras da planície. Atendemos e sobrou 2.090. Com o projeto, neste ano, mil famílias já estão com eletricidade. A meta agora é levar energia a todos até abril de 2022.
Levar energia para uma região como esta, poderia durar dois, três anos, mas com a agilidade do projeto, a instalação de energia em uma propriedade, dependendo do tamanho, se transformou em dias, certo?
Exato. Depois de cinco anos pesquisando, desenvolvemos uma estratégia de implantação rápida. Nossas bases são QG´s móveis, acampamentos que vão avançando planície adentro. Hoje temos cinco, onde três são terrestres e dois são fluviais. Os fluviais são super interessantes, porque consistem em chalanas que sobem e descem o rio Paraguai com uma chata junto, todo o material de instalação e bancos. Uma equipe hoje tem capacidade de instalar um sistema e meio, todos os dias. Então elas completam um e começa outro para a manhã seguinte.
Existe a possibilidade da Energisa expandir o projeto para outros municípios? Não necessariamente pertencentes a área pantaneiras, mas municípios que ainda possuem dificuldade em ter acesso a energia...
Para os municípios fora da região pantaneira, a solução mais popular é a rede tradicionar. Entretanto, para alguns casos mais distantes, é possível sim. Estamos estudando, a partir deste ano, iniciar a implantação deste sistema para estes locais mais distantes do planalto.
