
Aumento expressivo do consumo de cannabis entre meninas e mulheres a partir dos 14 anos foi identificado em estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Os dados mostram que o uso da substância mais do que triplicou no Brasil entre 2012 e 2023, tanto entre adolescentes quanto entre adultas.
Entre meninas de 14 a 17 anos, a proporção de usuárias passou de 2,1% para 7,9%. Já entre mulheres adultas, o índice subiu de 3% para 10,6%. A pesquisa integra o terceiro Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad) e ouviu 16.608 pessoas em todo o País nos anos de 2022 e 2023.
O estudo confirma que a maconha segue como a droga ilícita mais consumida no Brasil. Ao todo, 16,6% da população com mais de 14 anos já usou cannabis ou algum produto derivado ao menos uma vez na vida, o equivalente a cerca de 28 milhões de brasileiros. O uso recente também cresceu, passando de 2,8% para 6% nos últimos 12 meses analisados.
Um dos principais achados é a inversão no padrão de consumo por sexo. Historicamente mais comum entre meninos, o uso da droga passou a ser maior entre meninas adolescentes, enquanto o consumo entre jovens do sexo masculino caiu quase 60% no período.
Entre adolescentes, os riscos são maiores. Cerca de 1 milhão de jovens entre 14 e 17 anos já experimentaram cannabis, e aproximadamente 500 mil usaram no último ano. Segundo o levantamento, 7,4% deles precisaram buscar atendimento de emergência em decorrência do uso, contra 2,7% entre adultos. Apesar de 68% dos jovens desejarem parar de consumir, 43% afirmam não conseguir.
O fumo é a principal forma de consumo, adotada por 90% dos usuários, geralmente com maconha prensada. O uso misturado ao tabaco também é frequente e foi relatado por 17% dos entrevistados. O estudo ainda aponta crescimento no consumo de outras drogas ilícitas, como ecstasy, alucinógenos e estimulantes sintéticos, além da presença de canabinoides sintéticos, especialmente entre adolescentes.

