
Um novo teste rápido para hantavirose foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e promete transformar o diagnóstico da doença no Brasil. Capaz de identificar a infecção em apenas 20 minutos, o exame foi desenvolvido com recursos públicos pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), por meio do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho.
Com o nome TR Hantavírus IgM Bio-Manguinhos, o teste é resultado de uma colaboração entre o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) e o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). O registro da Anvisa atesta sua eficácia, segurança e qualidade, e autoriza sua comercialização em todo o território nacional.
Letalidade de até 40% no Brasil - A hantavirose é uma infecção viral aguda grave, transmitida principalmente pela inalação de partículas de urina, fezes ou saliva de roedores silvestres infectados. No Brasil, quatro em cada dez pessoas diagnosticadas com a doença morrem, segundo dados do Ministério da Saúde.
Por isso, o diagnóstico precoce é considerado essencial para aumentar as chances de sobrevivência. “A partir da aprovação, Bio-Manguinhos tem capacidade para escalar a produção conforme as necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS)”, afirmou o gerente de desenvolvimento de reativos da unidade, Edimilson Domingos da Silva.
O kit inclui um suporte para coleta de uma gota de sangue e um frasco com solução reagente. O resultado pode ser obtido diretamente no local de atendimento, o que facilita o diagnóstico em regiões remotas ou com infraestrutura laboratorial limitada.
O exame detecta anticorpos IgM contra o hantavírus, indicativos de infecção recente. Até então, o diagnóstico da doença dependia de métodos laboratoriais mais demorados e de acesso restrito.
De acordo com a Fiocruz, os casos de hantavirose são mais frequentes em contextos ligados a atividades agrícolas e contato com áreas silvestres, como galpões fechados, áreas de plantio, desmatamentos e turismo ecológico. A presença de ratos do mato contaminados é o principal fator de risco.
A liberação do teste pela Anvisa pode facilitar campanhas de vigilância epidemiológica e ações de resposta rápida em surtos, ampliando a cobertura diagnóstica do SUS com um insumo de produção nacional.
A aprovação do TR Hantavírus IgM Bio-Manguinhos marca mais um avanço na produção de insumos estratégicos desenvolvidos por instituições públicas brasileiras, reduzindo a dependência de produtos importados e fortalecendo a soberania em saúde.
A iniciativa segue o caminho de outras tecnologias recentes como a vacina contra a dengue do Instituto Butantan, também aprovada pela Anvisa neste ano.

