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AVANÇO NO SUS

Ministério da Saúde inicia testagem de DNA-HPV para rastrear câncer do colo do útero

Novo exame mais eficaz começa a substituir o papanicolau e será ofertado em 13 estados; expectativa é beneficiar 7 milhões de mulheres até 2026.

15 agosto 2025 - 15h45
Novo exame de DNA para detectar HPV começa a ser oferecido pelo SUS, com meta de alcançar 7 milhões de mulheres até 2026.
Novo exame de DNA para detectar HPV começa a ser oferecido pelo SUS, com meta de alcançar 7 milhões de mulheres até 2026. - João Risi/MS

A partir desta sexta-feira, 15, o Sistema Único de Saúde (SUS) passa a oferecer o teste de biologia molecular DNA-HPV, considerado o mais avançado para o rastreamento organizado do câncer do colo do útero. A nova tecnologia, mais sensível que o papanicolau tradicional, detecta 14 genótipos do papilomavírus humano (HPV) — mesmo em mulheres sem sintomas e antes do aparecimento de lesões.

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Segundo o Ministério da Saúde, o exame permite ampliar o intervalo entre coletas para até cinco anos quando o resultado é negativo, sem prejuízo à segurança do diagnóstico. Com isso, além de maior eficácia na detecção precoce, o teste também reduz a necessidade de exames e intervenções desnecessárias, promovendo economia ao sistema de saúde.

“A nova tecnologia permite um rastreamento mais eficaz, de alta performance, e com maior alcance populacional, inclusive em regiões com menor acesso a serviços de saúde”, informou a pasta em nota.

Como funciona o teste de DNA-HPV

Produzida pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná, vinculado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a tecnologia utiliza uma metodologia diferente do papanicolau, embora a coleta seja semelhante: o material é extraído da secreção do colo do útero durante exame ginecológico. A diferença é que, em vez de ser colocado em lâmina, o material é acondicionado em tubo com líquido conservante e analisado em laboratório para detecção do DNA do vírus.

Com a adoção do novo exame, o papanicolau tradicional passará a ser usado apenas em casos positivos no teste molecular, funcionando como exame confirmatório.

Implantação será gradual e começa em 13 estados

A incorporação do teste no SUS passou pela avaliação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), que aprovou sua eficácia superior ao método atual. A implementação, iniciada neste mês de agosto, será feita de forma progressiva.

Na primeira fase, um município de cada um dos seguintes estados será contemplado:

  • Rio de Janeiro

  • São Paulo

  • Minas Gerais

  • Ceará

  • Bahia

  • Pará

  • Rondônia

  • Goiás

  • Rio Grande do Sul

  • Paraná

  • Pernambuco

  • Distrito Federal

Essas localidades foram escolhidas por já possuírem serviços de referência em colposcopia e biópsia, o que assegura o encaminhamento adequado das mulheres que tiverem alterações no exame.

A expectativa do governo federal é que, até dezembro de 2026, o novo método de rastreio esteja disponível em todo o país, alcançando cerca de 7 milhões de mulheres com idades entre 25 e 64 anos por ano — público-alvo da campanha de prevenção ao câncer de colo do útero.

Câncer do colo do útero: números que preocupam

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer do colo do útero é o terceiro tipo mais incidente entre as mulheres no Brasil, com cerca de 17 mil novos casos estimados por ano entre 2023 e 2025. A taxa é de 15 casos a cada 100 mil mulheres.

A doença é causada, na maioria das vezes, pela infecção persistente por HPV. O câncer é altamente evitável, mas ainda responde por 20 mortes diárias no país — sendo a principal causa de morte por câncer entre mulheres no Nordeste. Em alguns estados, o número de vítimas da doença chega a ser seis vezes maior que os casos de feminicídio.

Para o Ministério da Saúde, a introdução do novo teste marca um divisor de águas na política pública de saúde da mulher. "A oferta do novo modelo de rastreamento é considerada um marco", destacou a pasta.

Padrão ouro recomendado pela OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o teste de DNA-HPV como o padrão ouro para o rastreamento do câncer do colo do útero. A estratégia integra o plano global da entidade para eliminar a doença como problema de saúde pública até 2030, por meio de ações coordenadas de prevenção, diagnóstico precoce, tratamento e acesso à vacinação contra o HPV.

Com a adoção dessa testagem mais moderna e precisa, o Brasil dá um passo importante rumo a essa meta internacional, ampliando o acesso a diagnósticos mais confiáveis e salvando vidas com a detecção precoce da doença.

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