
Após a confirmação de mortes por consumo de bebidas alcoólicas contaminadas com metanol em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) classificou a crise sanitária como um “problema estrutural” e afastou qualquer vínculo com o crime organizado. A declaração foi dada em coletiva de imprensa nesta terça-feira (30), no Palácio dos Bandeirantes.

“Não há evidência nenhuma de que haja participação do PCC. Os inquéritos têm apontado pessoas que atuam de forma isolada em destilarias clandestinas, sem relação entre si e sem vínculo com crime organizado”, afirmou o governador.
A declaração rebate rumores sobre envolvimento da facção criminosa nos casos recentes de intoxicação por metanol, que já deixaram ao menos três mortos em São Paulo e provocaram alerta das autoridades de saúde.
Como resposta à crise, Tarcísio anunciou a criação de um gabinete de crise que atuará em conjunto com a Polícia Civil e a Secretaria da Fazenda. A estratégia inclui interdições cautelares em todos os estabelecimentos onde houve consumo das bebidas contaminadas.
“A partir dessa interdição cautelar, vamos aprofundar as investigações com a Polícia Civil e a Secretaria da Fazenda”, explicou o governador.
Segundo ele, as ações fazem parte de um esforço para conter a disseminação de bebidas adulteradas. Uma operação deflagrada nesta terça-feira (30) resultou em duas prisões e descobriu uma destilaria clandestina em Americana, no interior do estado.
Fiscalizações e falhas normativas - O governador destacou que o problema, embora grave, tem raízes estruturais e decorre de mudanças normativas que fragilizaram o controle de bebidas. Ele citou a Instrução Normativa 1637/2016 da Receita Federal, que modificou regras anteriores e, segundo Tarcísio, facilitou fraudes.
“Nos últimos dias, foram apreendidas 50 mil garrafas suspeitas e 15 milhões de selos fraudados em operações. Isso mostra que o problema é mais profundo e demanda uma revisão dos processos de controle”, disse.
Tarcísio também informou que somente neste mês de setembro foram realizadas 43 mil fiscalizações em estabelecimentos comerciais no estado de São Paulo.
