
A sertralina é um dos antidepressivos mais indicados no Brasil, utilizada tanto para tratar depressão quanto diversos transtornos de ansiedade. Embora seja considerada segura, seu uso requer atenção a efeitos colaterais, tempo para início da ação e possíveis interações com outros medicamentos.

Como a sertralina funciona
O medicamento pertence à classe dos inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), que aumentam a disponibilidade desse neurotransmissor (fundamental para a regulação do humor) na fenda sináptica, impedindo que ele seja reabsorvido rapidamente pelos neurônios.
Segundo a psiquiatra Tânia Ferraz Alves, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, esse processo provoca adaptações no cérebro, o que explica por que o efeito terapêutico não é imediato. As melhoras significativas costumam surgir entre quatro e seis semanas, dependendo da dose, que deve ser ajustada individualmente.
Indicações além da depressão
Apesar do nome, o uso não se restringe ao tratamento de depressão. A sertralina também é prescrita para transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtorno de pânico, estresse pós-traumático e diferentes tipos de ansiedade.
Efeitos colaterais
Os efeitos adversos são geralmente mais leves em comparação a outros antidepressivos e tendem a diminuir com o tempo. Entre os mais comuns estão:
- Náuseas e inapetência
- Dor de cabeça
- Alterações no sono (insônia ou sonolência)
- Alterações intestinais
- Tremores em doses mais altas
De forma mais rara, pode ocorrer disfunção sexual, como redução da libido ou dificuldade para atingir o orgasmo. Em alguns casos, especialmente em pessoas com ansiedade, pode haver uma piora temporária dos sintomas nas primeiras 48 horas.
Dependência e interrupção
A sertralina não causa dependência química, mas o corpo pode se adaptar ao medicamento. A suspensão abrupta pode gerar sintomas como tontura, irritabilidade, ansiedade, náuseas e sensação de “choques” na cabeça. Por isso, a retirada deve ser gradual e sempre orientada por um médico.
Cuidados e interações perigosas
O uso é contraindicado para pessoas com alergia ao fármaco. Pacientes com problemas no fígado podem necessitar de ajuste de dose.
Entre as interações que exigem atenção estão:
- Risco de síndrome serotoninérgica: ao combinar com certos antidepressivos, erva-de-são-joão, triptanos ou suplementos de triptofano.
- Maior risco de sangramentos: quando associada a ácido acetilsalicílico, ibuprofeno, diclofenaco, naproxeno, clopidogrel ou varfarina.
- Alteração na concentração do medicamento: uso junto com carbamazepina ou fenitoína.
- Potencial de sedação e confusão mental: quando ingerida com álcool.
A prescrição e o acompanhamento médico são fundamentais para ajustar a dose, monitorar efeitos e garantir o uso seguro da sertralina.
