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SAÚDE

Ministério da Saúde abre consulta pública para incluir vacina contra meningite B no SUS

Imunizante previne infecção grave com alta letalidade; proposta será avaliada por 20 dias pela Conitec com base em evidências e participação da sociedade

31 julho 2025 - 06h36
Imunizante protege contra sorotipos da bactéria que causa meningite
Imunizante protege contra sorotipos da bactéria que causa meningite - (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

O Ministério da Saúde iniciou nesta quinta-feira (31) uma consulta pública sobre a proposta de incorporação da vacina contra meningococo do tipo B (meningo B) no calendário do Sistema Único de Saúde (SUS). O imunizante, já disponível na rede privada, atua contra a forma mais prevalente da doença meningocócica no Brasil, e sua inclusão poderá representar um avanço na prevenção de casos graves de meningite entre crianças.

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A consulta ficará aberta por 20 dias no site da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), órgão responsável por avaliar propostas de novas tecnologias no sistema público de saúde. Após esse prazo, as contribuições da sociedade serão analisadas, e a Conitec elaborará um parecer técnico recomendando a inclusão ou não da vacina.

A proposta foi apresentada pela farmacêutica GSK, responsável pela produção do imunizante, que estima um custo de R$ 6,1 bilhões ao longo de cinco anos para a implementação da vacina meningo B no SUS. Segundo a empresa, além de salvar vidas, a medida resultaria em economia com internações e tratamentos de pacientes acometidos pela meningite meningocócica.

A bactéria Neisseria meningitidis, conhecida como meningococo, possui diversos sorotipos, entre os quais o tipo B é atualmente o mais frequente nos casos da doença meningocócica no Brasil. A transmissão ocorre por gotículas respiratórias, ou seja, pelo ar, através de tosse, espirro ou contato próximo e prolongado com pessoas infectadas.

A forma mais grave da infecção é a meningite meningocócica, uma inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. A doença tem progressão rápida e pode levar ao óbito em poucas horas. Os principais sintomas incluem febre alta súbita, rigidez na nuca, vômitos, manchas pelo corpo e alterações de consciência.

Além da alta letalidade, que exige atenção imediata, cerca de 10% a 20% dos sobreviventes ficam com sequelas graves, como:

  • Surdez;

  • Amputações de membros;

  • Comprometimentos neurológicos permanentes.

De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil já registrou 2.357 casos de meningite bacteriana em 2025, com 454 mortes notificadas até agora. Desses casos, pelo menos 138 foram atribuídos ao sorotipo B da bactéria, com 21 óbitos confirmados.

A pasta reconhece que a maioria dos registros não apresenta informação sobre o sorotipo da bactéria, o que limita a precisão dos dados. No entanto, sociedades médicas como a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Sociedade Brasileira de Imunizações já recomendaram a inclusão da vacina meningo B no calendário de vacinação infantil do SUS, considerando os riscos da doença e a eficácia comprovada do imunizante.

A vacina recomendada deve ser administrada em três doses, com o seguinte esquema:

  • 1ª dose aos 3 meses de idade

  • 2ª dose aos 5 meses

  • 3ª dose (reforço) aos 12 meses

Estudos clínicos demonstraram que a vacina oferece proteção significativa contra o sorotipo B da bactéria e é considerada segura para uso em crianças. O imunizante já faz parte do calendário vacinal de diversos países, como Reino Unido, Itália e Austrália.

Atualmente, o Sistema Único de Saúde oferece vacinação contra quatro sorotipos do meningococo: A, C, W e Y. A vacina contra o tipo C, por exemplo, já é aplicada de forma sistemática em bebês e adolescentes.

No entanto, a cobertura vacinal contra o meningococo B só está disponível na rede privada, com custo elevado para a maioria da população. Por isso, especialistas argumentam que a incorporação ao SUS reduziria desigualdades no acesso à imunização e aumentaria a cobertura populacional.

O dossiê enviado pela GSK à Conitec aponta um custo de R$ 6,1 bilhões para a implementação da vacina nos próximos cinco anos. A empresa sustenta que esse investimento seria compensado pela redução nos custos hospitalares relacionados ao tratamento de pacientes com meningite B, além de evitar mortes e sequelas permanentes, que também geram gastos com reabilitação e pensões assistenciais.

A avaliação econômica é um dos principais critérios da Conitec, que também analisa eficácia, segurança e impacto orçamentário antes de recomendar a inclusão de qualquer tecnologia no SUS.

A consulta pública já está disponível no portal da Conitec. Qualquer pessoa pode participar, incluindo:

  • Profissionais de saúde;

  • Entidades médicas;

  • Pacientes e familiares;

  • Cidadãos em geral.

Para contribuir, basta acessar o site oficial da Conitec (https://www.gov.br/conitec) e preencher o formulário da consulta pública referente à vacina meningo B. As contribuições podem ser técnicas ou baseadas em experiências pessoais e comunitárias.

Após o período de 20 dias, a comissão analisará as sugestões recebidas e emitirá um relatório técnico. Esse documento será então encaminhado ao Ministério da Saúde, que tomará a decisão final sobre a incorporação da vacina ao SUS.

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