
O Ministério da Saúde confirmou, nesta sexta-feira (10), 34 casos de sarampo registrados no Brasil em 2025. Diante do avanço da doença e da baixa cobertura vacinal, a pasta emitiu um alerta nacional aos estados e municípios para reforçar a imunização e a vigilância. Tocantins, Maranhão e Mato Grosso já estão em situação de surto.

Dos 34 casos confirmados, nove foram importados — ou seja, relacionados a pessoas que contraíram a doença no exterior. Outros 22 casos têm ligação com essas ocorrências e os três restantes apresentaram variantes do vírus compatíveis com as que circulam fora do país, segundo o Ministério.
A diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), pediatra Isabella Ballalai, alerta para o risco da cobertura vacinal desigual no território nacional. “Você pode ter 95% de cobertura em um lugar, mas apenas 10% em outro. É nesses municípios com baixa cobertura que os casos começam a surgir e fogem do controle”, explicou.
Baixa cobertura vacinal reacende risco de surtos - O esquema vacinal contra o sarampo é composto por duas doses, com a primeira aplicada aos 12 meses de idade e a segunda aos 15 meses. A vacina, que também protege contra caxumba e rubéola (tríplice viral), é gratuita e está disponível nos postos de saúde do país. A eficácia é de 98%, segundo especialistas.
Os dados mais recentes do Ministério da Saúde revelam que, em 2024, a cobertura vacinal foi de 95,7% para a primeira dose e 80,3% para a segunda. Em 2025, os índices preliminares apontam queda: 91,2% e 74,6%, respectivamente — abaixo da meta ideal de 95% em ambas as aplicações. Esses números aumentam a vulnerabilidade à circulação do vírus no país.
Sarampo no mundo e riscos de importação - Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 360 mil casos suspeitos de sarampo foram notificados neste ano em 173 países, com 164 mil confirmações. As regiões com maior incidência são o Mediterrâneo Oriental (34%), África (23%) e Europa (18%).
Nas Américas, o Canadá lidera o ranking com mais de 5 mil casos, seguido por México (4.703) e Estados Unidos (1.514). Em março, os EUA registraram a primeira morte por sarampo em dez anos. A situação acende um alerta para o Brasil, especialmente devido ao número de casos importados, como explica Ballalai: “O problema é quando surgem infecções em pessoas que não viajaram. Isso significa que o vírus já está circulando na comunidade.”
Na América do Sul, a Bolívia vive um surto com 320 casos, enquanto Paraguai, Peru e Argentina registraram 50, 4 e 35 casos, respectivamente.
Adolescentes e jovens adultos lideram os casos - Os dados da OMS apontam que a faixa etária entre 10 e 29 anos concentra a maior parte dos casos absolutos. Nas Américas, 22% das infecções ocorreram em jovens de 10 a 19 anos e 19% entre 20 e 29 anos. No entanto, a maior taxa de incidência proporcional é entre bebês com menos de 1 ano: 6,6 casos por 100 mil habitantes.
Entenda o sarampo - O sarampo é uma doença infecciosa altamente contagiosa, causada por vírus do gênero Morbillivirus. A transmissão ocorre por vias respiratórias e o contágio pode acontecer até quatro dias após o surgimento das manchas vermelhas pelo corpo — um dos principais sintomas, que surgem após febre alta, tosse, coriza, conjuntivite e mal-estar.
Segundo a SBIm, uma pessoa com sarampo pode infectar até outras 16 não vacinadas. “Até os anos 1990, o sarampo era uma das principais causas de morte infantil no Brasil”, lembra a pediatra Isabella Ballalai.
