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04 de outubro de 2025 - 11h56
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SAÚDE

Universidades públicas desenvolvem métodos rápidos para detectar metanol em bebidas

UFPR, Unesp e UnB oferecem soluções acessíveis para identificar a substância que já provocou mortes e intoxicações em várias cidades do país

4 outubro 2025 - 09h00
Universidades criam testes rápidos para identificar metanol em bebidas e ajudam na resposta à crise de intoxicações no Brasil.
Universidades criam testes rápidos para identificar metanol em bebidas e ajudam na resposta à crise de intoxicações no Brasil. - (Foto: Conselho Federal de Quimica/Divu)

Em meio ao aumento de casos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas adulteradas, universidades públicas brasileiras vêm desempenhando um papel crucial na criação de métodos acessíveis e rápidos para detecção da substância. Segundo o Ministério da Saúde, até esta sexta-feira (4), já são 102 notificações de possíveis contaminações, com 11 casos confirmados e oito mortes sob investigação.

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Uma das iniciativas vem do Laboratório Multiusuário de Ressonância Magnética Nuclear da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que abriu as portas ao público para análise gratuita de bebidas. O processo leva apenas cinco minutos por amostra e requer cerca de 0,5 mililitro de líquido.

“Quando a gente coloca a amostra no equipamento, ele devolve um gráfico. Uma das linhas é referente ao metanol”, explica o professor Kahlil Salome, vice-coordenador do laboratório. O exame consegue detectar a substância mesmo em bebidas coloridas ou com frutas.

O professor destaca que a presença de apenas 10 microlitros de metanol em 100 ml já é prejudicial ao consumo humano. Ele também defende o papel da universidade pública como espaço de resposta rápida à sociedade em momentos de crise sanitária. “A gente tenta trazer a população de volta para a universidade”, afirmou.

Na Universidade Estadual Paulista (Unesp), pesquisadores do Instituto de Química de Araraquara desenvolveram, em 2022, um método químico que identifica metanol a partir de reações com sais e ácidos. O teste transforma o metanol em formol, provocando uma mudança de cor na amostra, e leva cerca de 15 minutos. A inovação foi patenteada pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi).

Já na Universidade de Brasília (UnB), uma pesquisa iniciada em 2013 durante o mestrado do químico Arilson Onésio Ferreira resultou na criação de uma startup chamada Macofren. Inicialmente voltado à detecção de metanol em combustíveis, o projeto foi adaptado para uso em bebidas e, hoje, fornece kits de análise a empresas e órgãos públicos.

Cada kit custa cerca de R$ 50, com reagentes para testes adicionais por R$ 25 cada. O teste exige apenas 1 ml da bebida. A demanda cresceu com a crise atual: já são 200 empresas na fila de espera, incluindo organizadores de eventos como casamentos.

“O que está acontecendo no Brasil já ocorreu na Europa”, alerta Arilson, citando o documentário “Metanol: o líquido da morte”. O pesquisador destaca o risco de falsos positivos devido a ingredientes como corantes e açúcares, mas garante que o teste foi desenvolvido para nunca gerar um falso negativo.

Como o metanol não altera o cheiro ou sabor da bebida, sua detecção só é possível por meio de análises laboratoriais. Por isso, especialistas alertam que consumidores evitem bebidas de origem duvidosa e que comerciantes redobrem o cuidado com fornecedores.

A Polícia Civil, o Ministério Público Federal e a Vigilância Sanitária seguem investigando a adulteração de bebidas em vários estados, especialmente em São Paulo, onde a maioria dos casos foi registrada.

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