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18 de dezembro de 2025 - 09h47
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SAÚDE

Pesquisa mostra redução de 63% nos casos de dengue em Campo Grande com uso de mosquitos com Wolbachi

Estudo liderado por doutoranda da UFMS será publicado em fevereiro na revista The Lancet Regional Health Americas

18 dezembro 2025 - 08h00Maria Edite Vendas
Regiões com índice estável tiveram redução de 63,2% na incidência em 2024
Regiões com índice estável tiveram redução de 63,2% na incidência em 2024 - (Foto: Kamilla Ratier)

A atuação da Secretaria de Estado de Saúde (SES) como parceira na implantação da tecnologia com mosquitos Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia em Campo Grande resultou em redução de 63,2% na incidência de dengue nas áreas onde a estratégia atingiu níveis estáveis de cobertura em 2024.

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A conclusão está em artigo científico que será publicado em fevereiro de 2026 na revista internacional The Lancet Regional Health – Americas. O estudo é resultado da pesquisa de doutorado da biomédica Fabiani de Morais Batista, da Faculdade de Medicina da UFMS, sob orientação da secretária adjunta de Estado de Saúde, Crhistinne Maymone, com coautoria do infectologista Júlio Croda e pesquisadores da Fiocruz, USP, Yale, Stanford, Johns Hopkins, Monash University (Austrália), além do World Mosquito Program (WMP) e do Ministério da Saúde.

Entre 2020 e 2023, mais de 100 milhões de mosquitos com Wolbachia foram liberados em seis regiões urbanas da capital sul-mato-grossense. Em 2024, a prevalência média da bactéria chegou a 86,4% e 89% das áreas monitoradas atingiram ao menos 60% de prevalência — índice considerado estável.

A série histórica de casos (2008 a 2024) aponta que, antes da intervenção, Campo Grande registrava picos acima de 4,7 mil casos por ano. Após a implantação da tecnologia, a cidade não voltou a apresentar surtos com a mesma intensidade.

A SES/MS cedeu o prédio do Lacen/MS para a instalação da fábrica de mosquitos, forneceu veículos para as ações de campo e disponibilizou técnicos de apoio. A Fiocruz Mato Grosso do Sul coordenou a execução científica local, enquanto a Secretaria Municipal de Saúde foi responsável pela logística territorial.

Para Crhistinne Maymone, o artigo comprova a eficácia da estratégia:

“É uma produção científica que fortalece o SUS e valoriza o papel da ciência no enfrentamento das arboviroses”, destacou a secretária adjunta.

A técnica consiste em introduzir a Wolbachia nos mosquitos Aedes aegypti, o que dificulta a multiplicação dos vírus da dengue, zika e chikungunya e reduz a capacidade de transmissão. A estratégia não utiliza inseticidas, apresenta autossustentabilidade e funciona como complemento ao controle de criadouros e à vacinação.

O artigo é a primeira avaliação científica programática da estratégia no Brasil, coordenada e financiada pelo Ministério da Saúde.

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