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20 de novembro de 2025 - 23h10
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SAÚDE

Ouvir música regularmente pode diminuir risco de perdas cognitivas, aponta estudo

Pesquisa com mais de 10 mil idosos mostra queda de até 39% no risco; especialistas explicam por que o cérebro responde tão bem aos sons

20 novembro 2025 - 16h00The Washington Post/E+
Música faz bem ao cérebro, indicam pesquisas
Música faz bem ao cérebro, indicam pesquisas - Foto: Sergey Novikov/Adobe Stock

Ouvir música no dia a dia pode fazer mais do que melhorar o humor: pode proteger o cérebro. Um estudo australiano acompanhou mais de dez mil pessoas com 70 anos ou mais ao longo de uma década e identificou que quem escutava música na maior parte dos dias apresentou um risco 39% menor de desenvolver demência em comparação a quem quase não tinha esse hábito.

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A pesquisa integra o ASPREE Longitudinal Study of Older Persons, que monitora fatores capazes de influenciar o desenvolvimento de doenças e o impacto de mudanças no estilo de vida. Dados foram coletados anualmente pelos pesquisadores e por provedores de saúde, com avaliações cognitivas conduzidas por profissionais treinados.

Entre os 10.893 participantes, 7.030 relataram ouvir música regularmente — e esse grupo também registrou desempenho consistentemente melhor em testes de memória e funções cognitivas globais. O estudo não especificou gêneros musicais.

Apesar dos resultados expressivos, a pesquisadora Joanne Ryan, da Universidade Monash, ressalta que o trabalho é observacional e não prova que ouvir música é a causa direta da redução do risco. Ainda assim, ela considera os achados consistentes com outros estudos que relacionam música, bem-estar emocional e estímulo cerebral.
“Se é algo que a pessoa gosta e estimula o cérebro, por que não?”, disse.

Estudos

Pesquisas realizadas na Universidade Princeton mostram que diferentes áreas cerebrais são ativadas durante a escuta musical — regiões motoras, sensoriais, emocionais e até áreas relacionadas à imaginação. Para a pesquisadora Elizabeth Margulis, a integração dessas funções explica o impacto positivo da música na saúde cognitiva.

O estudo também identificou benefícios para quem toca algum instrumento, embora ligeiramente menores: uma redução de 35% no risco de demência. Os cientistas apontam que o grupo de músicos era menor, o que pode ter influenciado o resultado.

Para especialistas, engajar-se com música — seja tocando ou ouvindo — estimula novas conexões neurais. O neurocientista Daniel Levitin destaca que ela pode transportar memórias, inclusive em pessoas com Alzheimer, e melhorar a interação e presença mesmo após a audição.

Música como terapia

Em seu novo livro, I Heard There Was A Secret Chord: Music As Medicine, Levitin reúne pesquisas que mostram o uso terapêutico da música em condições como depressão, dor crônica e doenças neurológicas. Ele reforça que ouvir música é neuroprotetor e estimula novas vias cerebrais ao longo da vida.

Embora clássicos da juventude tragam forte carga emocional, especialistas também recomendam escutar músicas novas para desafiar o cérebro. E lembram: não é preciso ser músico profissional para se beneficiar. “Você pode começar em qualquer idade”, diz Levitin.

A música, acessível à maioria das pessoas, segue sendo considerada uma das formas mais simples e potentes de estímulo cerebral disponíveis hoje.

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