
No mês dedicado à saúde masculina, a cena se repete. A medicina avança, os exames se tornam mais rápidos e precisos, mas muitos homens seguem deixando o próprio corpo para depois. O Novembro Azul tenta quebrar esse ciclo, e os números mostram o tamanho do desafio. Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia, a maior parte dos homens na faixa etária recomendada ainda não procurou um urologista para uma avaliação preventiva.
Em Campo Grande, o urologista João Juveniz, da Unimed, explica que o problema não está apenas no câncer de próstata, tema mais lembrado da campanha. Para ele, cuidar da saúde masculina é olhar o corpo como um conjunto. A próstata envelhece, o coração reage, o metabolismo muda. Tudo acontece ao mesmo tempo, e ignorar os sinais aumenta riscos que poderiam ser evitados.
O especialista compara o cuidado masculino com o cuidado feminino. Assim como adolescentes procuram a ginecologista desde cedo, os homens também deveriam ter acompanhamento regular com o médico de confiança. Mas, na prática, isso ainda é raro.
As recomendações são simples. Fazer exames de rotina, controlar peso, reduzir alimentos gordurosos e processados, manter atividade física, evitar cigarro e excesso de álcool. Quando o assunto é próstata, o protocolo é claro: entre 40 e 45 anos, dependendo do histórico familiar, começam os exames de PSA e o toque retal. Juveniz lembra que um exame não substitui o outro. Um mede alterações no sangue, outro avalia a próstata diretamente. Juntos, aumentam muito a chance de um diagnóstico precoce.
Os homens mais jovens, entre 20 e 30 anos, muitas vezes acreditam estar fora de qualquer risco. No entanto, é nessa fase que aparece a maior incidência de tumores nos testículos. Por isso, o autoexame deve fazer parte da rotina.
Quando o câncer de próstata é detectado tarde, surgem sinais que já indicam gravidade. Sangramento urinário ou intestinal, dores ósseas, inchaço nas pernas e sintomas que envolvem órgãos próximos. São alertas que revelam um problema instalado.
A boa notícia é que o câncer de próstata tem cura em mais de 95% dos casos quando descoberto no início. O médico insiste nisso porque sabe que o maior inimigo é o atraso. Para ele, o dado mais simbólico é o da expectativa de vida. O homem vive, em média, sete anos a menos que a mulher. E boa parte dessa diferença está ligada à falta de prevenção.
Juveniz resume o que a campanha tenta repetir todos os anos. Prevenção não é apenas envelhecer mais, é viver melhor. É evitar dores, tratamentos agressivos e diagnósticos tardios. É escolher qualidade de vida.

