A American Heart Association (AHA) divulgou a primeira parte da nova atualização das diretrizes de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) e dos cuidados cardiovasculares de emergência (ECC). As mudanças, que servem de referência para profissionais de saúde no Brasil, trazem uma nova abordagem para o manejo de engasgos em pessoas de todas as idades.
Antes, o protocolo indicava começar o socorro com as compressões abdominais, conhecidas como manobra de Heimlich. Agora, a recomendação é que, tanto em bebês quanto em crianças e adultos, o atendimento se inicie com batidas nas costas.
Engasgo em bebês
Segundo Agnaldo Piscopo, diretor da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), ao identificar um engasgo, em qualquer faixa etária, o primeiro passo é chamar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) pelo número 192.
Nos casos envolvendo bebês menores de um ano, o ideal é posicionar a criança sobre o antebraço e alternar cinco tapas nas costas com cinco compressões torácicas, até que o objeto seja expelido.
A capitã Carla Andresa Nascimento Silva, do Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo, reforça que, mesmo em casos de engasgo por líquidos, o procedimento indicado é o mesmo.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), porém, adota uma variação: orienta manter o bebê sentado ou semissentado, remover o excesso de líquido com um pano limpo e observar. Se ele tossir e respirar normalmente, deve ser apenas confortado. Mas se o desconforto persistir ou houver dificuldade para respirar, é necessário procurar um pronto-atendimento.
Caso o bebê pare de respirar, deve-se estimulá-lo esfregando as costas suavemente e, se não houver resposta, iniciar a RCP até a chegada do socorro.
Como identificar um engasgo
De acordo com o pediatra Marco Aurélio Gil de Oliveira, coordenador médico da UTI Infantil do Hospital São Camilo, os sinais mais comuns de engasgo incluem agitação, tosse silenciosa, choro sem som, vermelhidão no rosto e coloração arroxeada da boca.
Crianças e adultos
Para crianças acima de 1 ano e adultos, a AHA recomenda alternar cinco tapas nas costas e cinco compressões abdominais. “A força precisa ser adequada à idade: em adultos, deve ser total; em crianças, moderada. O ideal é se ajoelhar para ficar na altura da criança”, explica Carla Andresa.
Se a pessoa estiver sozinha, o médico Oliveira sugere tentar tossir com força e buscar ajuda. Caso isso não seja possível, pode-se usar a “manobra da cadeira”, apoiando o abdômen no encosto para aumentar a pressão no tórax, segundo Piscopo.
Quando iniciar a RCP
Se a vítima perder a consciência, é preciso começar as manobras de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) imediatamente.
Carla Andresa lembra que pessoas sem treinamento não devem realizar respiração boca a boca, apenas as compressões torácicas.
O passo a passo:
- Ajoelhar-se ao lado da vítima, na altura do tórax;
- Localizar o centro do peito (entre os mamilos);
- Posicionar as mãos sobrepostas;
- Manter os braços esticados;
- Fazer compressões firmes e rápidas.
A frequência deve ser de 100 a 120 compressões por minuto, o ritmo da música “Stayin’ Alive”, do Bee Gees, é um bom parâmetro. Após cada compressão, é essencial permitir que o tórax volte completamente, sem retirar as mãos do peito.
