
A Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) atualizou a diretriz de prevenção cardiovascular, incluindo metas mais rigorosas para o colesterol LDL e novas estratégias de avaliação e tratamento.

Segundo Maria Cristina Izar, presidente da Socesp, pacientes de baixo risco com LDL acima de 115 mg/dL devem adotar mudanças no estilo de vida, enquanto aqueles com LDL superior a 145 mg/dL, já seguindo essas mudanças, devem receber medicação redutora de colesterol.
A diretriz criou ainda uma nova categoria de risco extremo, além das tradicionais baixo, intermediário, alto e muito alto. Ela engloba pacientes que, mesmo com estatinas potentes, apresentam novo evento cardiovascular ou doença multivascular. Para esse grupo, a meta de LDL é até 40 mg/dL, mais rígida que os 50 mg/dL definidos para pacientes de risco muito alto.
Resumo das metas de LDL por categoria de risco:
- Baixo risco: < 115 mg/dL
- Risco intermediário: < 100 mg/dL
- Alto risco: < 70 mg/dL
- Muito alto risco: < 50 mg/dL
- Risco extremo: < 40 mg/dL
Além do LDL, a diretriz estabelece metas para o colesterol não-HDL, fixadas 30 mg/dL acima da meta de LDL de cada paciente.
Exame de lipoproteína(a)
A Socesp recomenda que todos os adultos realizem ao menos uma vez na vida a dosagem da lipoproteína(a) – Lp(a), um colesterol altamente aterogênico. Níveis elevados estão associados a infarto, AVC, insuficiência cardíaca e estenose da válvula aórtica.
- Valor elevado: > 125 nmol/L (ou > 50 mg/dL)
- Método recomendado: nmol/L, considerado mais preciso
Embora ainda não existam medicamentos específicos para reduzir a Lp(a), conhecer o nível ajuda a estratificar o risco e reforçar o controle rigoroso dos fatores cardiovasculares.
Novo escore de risco cardiovascular
O cálculo de risco em 10 anos passa a utilizar o escore PREVENT, substituindo ferramentas antigas como Framingham. Ele inclui fatores tradicionais e novos indicadores, como função renal e índice de massa corporal (IMC).
Além disso, fatores agravantes como histórico familiar, doenças inflamatórias, Lp(a) elevada e aspectos da saúde da mulher podem reclassificar pacientes para risco maior, ajustando o tratamento.
Terapia combinada e prevenção desde cedo
Para pacientes de alto, muito alto e extremo risco, a diretriz recomenda iniciar terapia combinada, associando estatina potente a outro medicamento, acelerando o alcance das metas e evitando descontinuidade do tratamento.
A Socesp reforça também a importância de prevenção desde a infância, incentivando hábitos saudáveis, como alimentação balanceada e atividade física regular, especialmente em períodos de maior vulnerabilidade, como adolescência, gestação e velhice.
