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SAÚDE

Mato Grosso do Sul reforça ações contra sarampo após caso confirmado no Paraguai

Estado não registra casos desde 2020, mas intensifica vacinação, vigilância e busca ativa nas regiões de fronteira com Bolívia e Paraguai

6 agosto 2025 - 07h29Maria Edite Vendas
Estado passará a integrar reuniões semanais com o PNI após avanço da doença em países vizinhos; primeiro encontro ocorreu nesta terça-feira (5)
Estado passará a integrar reuniões semanais com o PNI após avanço da doença em países vizinhos; primeiro encontro ocorreu nesta terça-feira (5) - (Foto: Reprodução Agência Brasil)

Mesmo diante da confirmação recente de um caso de sarampo no Paraguai e do avanço da doença na América do Sul, Mato Grosso do Sul segue sem registros da infecção em 2024 e 2025. Segundo a Gerência de Imunização da Secretaria de Estado de Saúde (SES), cinco casos suspeitos estão sob investigação, todos acompanhados conforme os protocolos de vigilância epidemiológica.

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Com a proximidade geográfica de países com circulação ativa do vírus, como Bolívia e Paraguai, o Estado intensificou ações de bloqueio, vigilância e vacinação, especialmente nas áreas de fronteira. As estratégias estão sendo alinhadas com o Programa Nacional de Imunizações (PNI), coordenado pelo Ministério da Saúde, em reuniões semanais. A primeira ocorreu nesta terça-feira (5), com participação da equipe técnica da SES.

“Nós não temos caso confirmado em Mato Grosso do Sul e estamos trabalhando para manter esse status. Por isso é tão importante vacinar quem está em áreas estratégicas e aumentar a cobertura em toda a população”, destacou Frederico Moraes, gerente de Imunização da SES.

Com histórico de mobilidade internacional e presença significativa de turistas e trabalhadores em áreas fronteiriças, Corumbá e Ladário estão no centro das ações do Estado. Nessas localidades, desde o início do ano, foram ampliadas as campanhas de vacinação, com bloqueios vacinais, busca ativa de sintomáticos, revisão de prontuários médicos e ações educativas voltadas à prevenção.

Como parte desse esforço, o governo estadual realizou no dia 26 de julho o “Dia D de Vacinação”, com foco prioritário nas fronteiras. A mobilização teve como objetivo ampliar a cobertura vacinal e reforçar a proteção da população contra o sarampo e outras doenças imunopreveníveis.

Em Corumbá, foram aplicadas 1.050 doses da vacina tríplice viral no mês de julho, sendo 280 no Dia D. Além disso, a ação também incluiu 143 doses contra hepatite B e 168 contra Influenza. Em Ladário, o Dia D resultou na vacinação de 70 pessoas contra o sarampo, alcançando 116 doses entre os dias 11 e 24 de julho. No total, 161 pessoas procuraram atendimento para atualização da caderneta vacinal.

Paralelamente à vacinação, a vigilância foi intensificada com ações comunitárias, realizadas por Agentes Comunitários de Saúde (ACSs), incluindo visitas domiciliares e revisão de prontuários em unidades de saúde e hospitais. A meta é identificar, notificar e investigar rapidamente qualquer caso suspeito de sarampo ou rubéola.

“A vigilância está em alerta. Qualquer caso suspeito deve ser imediatamente notificado e investigado. A população também precisa colaborar, procurando a unidade de saúde diante de sintomas como febre, manchas vermelhas no corpo, coriza, tosse ou conjuntivite”, reforça Jakeline Miranda Fonseca, gerente técnica estadual de Doenças Agudas e Exantemáticas da SES.

A principal forma de evitar a disseminação do sarampo é manter a cobertura vacinal adequada em toda a população. A vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, está disponível gratuitamente em todas as unidades básicas de saúde do Estado. O esquema vacinal prevê duas doses para crianças a partir dos 12 meses, além de reforço para adultos que não completaram o calendário vacinal.

A SES tem feito um apelo especial para que pais e responsáveis levem seus filhos para vacinar, uma vez que a doença é altamente contagiosa e pode apresentar complicações graves, especialmente em crianças pequenas e pessoas com baixa imunidade.

O último registro confirmado de sarampo em Mato Grosso do Sul ocorreu em 2020, com dez casos em Campo Grande. No ano anterior, em 2019, foram quatro confirmações — duas na capital e duas em Três Lagoas. Desde então, o Estado não apresenta novos casos, mantendo-se em alerta constante.

No Brasil, o cenário atual preocupa. Somente em 2025, o país já contabiliza 21 casos confirmados da doença. Desses, três foram importados, dois ocorreram sem histórico de viagem ou contato com viajantes, e 16 se concentram no estado do Tocantins. Esse panorama reforça a importância da vigilância nas regiões de fronteira, onde o risco de reintrodução do vírus é mais elevado.

A proximidade com países onde o vírus voltou a circular torna a vigilância constante uma necessidade. Desde o início do ano, após os primeiros casos confirmados na Bolívia, a SES passou a adotar medidas de bloqueio e campanhas informativas nas cidades que fazem fronteira com o país, como Corumbá e Ladário. Com o novo caso confirmado no Paraguai, o alerta se ampliou para toda a linha fronteiriça.

A participação do Mato Grosso do Sul nas reuniões semanais do PNI tem o objetivo de garantir uma resposta coordenada e eficaz, envolvendo ações conjuntas com o Ministério da Saúde e com as secretarias municipais de saúde.

Além das ações práticas, a SES destaca o papel da informação como ferramenta de prevenção. Campanhas educativas têm sido realizadas para esclarecer a população sobre a importância da vacinação, os sintomas da doença e a necessidade de buscar atendimento médico ao menor sinal de suspeita.

“A desinformação é uma das maiores barreiras à imunização. Por isso, além das vacinas, estamos levando informação segura, clara e acessível às comunidades, especialmente nas regiões mais vulneráveis”, afirma Frederico Moraes.

O Brasil recebeu, em 2016, da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o certificado de país livre do sarampo. No entanto, perdeu essa certificação em 2018, após surtos da doença em diversos estados. A retomada da circulação do vírus levou a uma mobilização nacional para recuperar os altos índices de cobertura vacinal, especialmente entre crianças.

Mato Grosso do Sul, com zero casos confirmados nos últimos cinco anos, segue como um dos Estados com melhor desempenho, mas a SES reforça que o risco permanece real e que somente a manutenção da alta cobertura vacinal poderá evitar novos surtos.

A SES informou que as campanhas de bloqueio vacinal e busca ativa continuarão nas próximas semanas, especialmente nas áreas de maior circulação de pessoas vindas do exterior. O foco será manter a vigilância constante e impedir a reintrodução do vírus no Estado.

As unidades de saúde estão orientadas a manter equipes preparadas para acolher, orientar e vacinar qualquer pessoa que precise atualizar o esquema vacinal. A orientação é clara: quem tiver dúvidas sobre a situação da própria caderneta de vacinação deve procurar a unidade mais próxima.

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