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Não é novidade a periculosidade do trânsito de Mato Grosso do Sul. Apesar de alguns sairem ilesos, outros ainda carregam as marcas de alguma situação relacionada aos acidentes.

“Não tive tempo de fazer minha defesa, bati instantaneamente nele e ele viu o que ele fez. A minha esposa passou por cima do carro dele voando, eu caí uns 14 metros à frente (...). Começou a chover bastante e a gente sofreu muito dentro d’água com as dores. A água foi entrando, nas fraturas expostas”, disse Maurício Lessa, 59, paciente internado na Santa Casa durante seu acidente em março de 2022.
A vítima é caminhoneiro e havia planejado uma viagem de férias, de moto com sua esposa, para visitar um familiar em outro Estado. Na saída de Campo Grande sentido à Jaraguari, na BR-163, se envolveu em um acidente de trânsito que o deixou politraumatizado. Ele recebeu tratamento pela equipe de ortopedia e mesmo depois da alta hospitalar, precisou retornar à Santa Casa semanas depois por conta de sequelas.
O condutor faz parte de uma estatística nacional, mas que pode ser notada na Santa Casa. Foi divulgado um estudo recente da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) sobre o aumento de ocorrências de internação de motociclistas envolvidos em acidentes de trânsito no país. De acordo com o levantamento, foi registrada, no ano passado, um crescente de 14,3% em comparação a 2020, com mais de 71 mil ocorrências em todo o País.
Trazendo para Mato Grosso do Sul, em 2021, segundo os dados gerados pela Sala de Inteligência de Negócios e Controle da Santa Casa, dos 2.998 pacientes atendidos no hospital vítimas de acidentes de trânsito, 2.206 ocorrências envolveram motocicletas. Vale destacar que as vítimas desta modalidade normalmente dão entrada com lesões mais sérias.
Para a médica intensivista da Santa Casa, Maria Augusta Rahe, situações de sequelas sociais são consideradas um peso para a sociedade. “Principalmente aqueles que precisam ter cuidados 24 horas quando vão para casa, os familiares trabalham e não tem com quem deixá-los. Eles retornam para nós muitas vezes com grandes escaras, infeções respiratórias. É uma roda viva a partir do momento do acidente”, explicou a profissional.
“Eu pretendia fazer uma viagem longa, de pescaria com a família. Ia visitar um irmão que estava doente e não vou poder. Quantos prejuízos. Ao invés de ir, eu vou ter que voltar e ficar um ano na casa dos meus filhos”, revelou Maurício Lessa. “Faça uma carteira de motorista primeiro antes de comprar um veículo, porque você vai estar dirigindo para a vida”, aconselhou o caminhoneiro.
