O engenheiro agrônomo Luciano Andrade Moreira foi escolhido pela revista Nature como uma das dez pessoas que mais influenciaram a ciência em 2025, figurando na lista “Nature’s 10”.
Moreira estuda há mais de dez anos o uso da bactéria natural Wolbachia, presente em diversos insetos, para reduzir a transmissão de vírus como dengue, zika e chikungunya pelo mosquito Aedes aegypti. A técnica, chamada de Método Wolbachia, demonstra que mosquitos infectados com a bactéria têm menor probabilidade de contrair esses vírus. Segundo a Nature, ainda não se compreende completamente o mecanismo, mas a bactéria pode competir com o vírus por recursos ou estimular a produção de proteínas antivirais.
O método funciona de forma contínua: os mosquitos infectados, chamados de wolbitos, ao serem liberados em áreas urbanas e se reproduzirem, transmitem a Wolbachia para as novas gerações, mantendo o controle sobre as populações do Aedes aegypti.
Para viabilizar a técnica, foi criada em Curitiba (PR) uma biofábrica de mosquitos wolbitos, liderada por Moreira, em parceria com a Fiocruz, o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e o World Mosquito Program (WMP), organização sem fins lucrativos presente em 14 países.
O Método Wolbachia integra a estratégia nacional de combate às arboviroses, coordenada pelo Ministério da Saúde, e já está em implantação em cidades como Balneário Camboriú (SC), Brasília (DF), Blumenau (SC), Joinville (SC), Luziânia (GO) e Valparaíso de Goiás (GO), escolhidas com base em indicadores epidemiológicos de casos elevados nos últimos anos.
A Nature, publicada no Reino Unido desde 1869, é a revista científica mais citada do mundo. A lista “Nature’s 10” não constitui prêmio ou ranking acadêmico, mas destaca pesquisadores e iniciativas de grande impacto internacional. Em 2023, a ministra Marina Silva foi incluída na lista pelo trabalho no combate ao desmatamento na Amazônia Legal.
