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SAÚDE E ALIMENTAÇÃO

Leite cru: vantagem natural ou mito perigoso?

Tema volta às redes sociais com boatos sobre leite "inflamatório"; especialistas alertam para riscos e destacam importância da pasteurização

20 outubro 2025 - 09h10Williams Souza
Leite cru pode conter bactérias perigosas e sua venda é proibida no Brasil desde 1969
Leite cru pode conter bactérias perigosas e sua venda é proibida no Brasil desde 1969 - (Foto: Bruno Marçal/Veja Saúde)

A busca por alimentos “naturais” ganhou força nas redes sociais e levou o leite cru — aquele que sai direto da vaca, sem passar por aquecimento — ao centro de uma nova polêmica. Defensores o chamam de “alimento vivo” e “mais nutritivo”, mas a ciência alerta para os riscos: o produto pode conter bactérias perigosas e sua venda direta ao consumidor é proibida no Brasil desde 1969.

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Entre os micro-organismos presentes no leite cru estão Brucella, Listeria, Salmonella e E. coli, causadores de doenças graves com sintomas como febre, dores musculares, abortos e sequelas permanentes. A brucelose, por exemplo, é uma infecção transmitida principalmente pelo consumo de leite não pasteurizado.

A pasteurização e o processo UHT (Ultra High Temperature) garantem segurança sem perda nutricional. No primeiro, o leite é aquecido rapidamente a cerca de 72 °C e resfriado logo em seguida, eliminando micro-organismos nocivos. No segundo, utilizado nos leites de caixinha, a temperatura é ainda mais alta por alguns segundos, o que permite conservar o produto por meses sem necessidade de conservantes.

O leite inflama?

Um dos mitos mais recorrentes nas redes é o de que “leite inflama”. Pesquisas científicas mostram o contrário: em pessoas saudáveis, o consumo de leite e derivados não aumenta marcadores inflamatórios. Em vários estudos, o consumo regular está associado a menor risco cardiovascular e melhor composição corporal.

É importante diferenciar intolerância à lactose, que é a dificuldade de digerir o açúcar natural do leite, da alergia à proteína do leite, uma reação imunológica mais rara, especialmente em adultos. No caso da intolerância, há opções sem lactose ou o uso de enzima lactase, mantendo o mesmo valor nutricional.

Leite A2 e digestão

O chamado leite A2 vem de vacas que produzem uma versão diferente da proteína beta-caseína, o que pode facilitar a digestão em algumas pessoas sensíveis. No entanto, ele ainda contém lactose, portanto não é indicado para intolerantes.

Rico em proteínas de alta qualidade, cálcio, fósforo, potássio e vitaminas do complexo B, o leite continua sendo um dos alimentos mais completos da dieta humana. É essencial em fases de crescimento, gestação, menopausa e envelhecimento, além de importante para saúde óssea e manutenção da massa muscular.

Apesar disso, o consumo de leite e derivados tem diminuído no país, contribuindo para deficiências nutricionais, como a de cálcio. Especialistas defendem a reinclusão do leite pasteurizado ou UHT como forma simples e segura de promover saúde.

Em síntese, não é o leite cru que traz mais vitalidade, e sim o leite seguro, processado corretamente e livre de contaminações. A pasteurização é uma conquista científica que preserva o valor nutricional e protege a saúde pública.

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