
A modelo e influenciadora Kim Kardashian, de 45 anos, revelou durante a estreia da sétima temporada do reality The Kardashians que foi diagnosticada com um aneurisma cerebral. A notícia gerou repercussão nas redes sociais e reacendeu o debate sobre essa condição neurológica silenciosa, mas potencialmente grave.
Segundo especialistas, como Maramélia Miranda, coordenadora do Departamento Científico de Doenças Cerebrovasculares da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), o aneurisma cerebral é uma lesão na parede de uma artéria que, ao enfraquecer, pode dilatar e, em casos mais sérios, romper — o que pode provocar um acidente vascular cerebral (AVC).
“A parede da artéria fica fraca e, com o regime do sangue circulando, essa região começa a esgarçar e aumentar de tamanho naquele ponto”, explicou Maramélia.
Silencioso e perigoso - O aneurisma, quando não se rompe, geralmente não apresenta sintomas. Por isso, muitos diagnósticos acontecem de forma acidental, durante exames de imagem realizados por outros motivos.
“Em alguns casos, eles podem crescer e se tornar mais perceptíveis, mas isso acontece em uma pequena parcela. Por conta disso, muitas vezes, as pessoas descobrem o quadro sem querer”, destaca a médica.
O aneurisma cerebral pode ser detectado por exames como a angiotomografia — que combina tomografia computadorizada e contraste para observar vasos sanguíneos — ou por ressonância magnética. “Hoje é bem mais fácil detectar. Há 30 ou 40 anos, só era possível com cateterismo. Com a tecnologia e a melhora das imagens, conseguimos identificar até pequenos aneurismas”, afirma Maramélia.
Apesar da gravidade, não há recomendação para que toda a população faça rastreio. A investigação é sugerida especialmente para pessoas com histórico familiar de aneurismas, já que a condição pode ter origem genética.
Fatores de risco e causas reais - No reality, Kim Kardashian chegou a sugerir que o aneurisma pode ter sido causado por estresse. Contudo, segundo Maramélia, essa relação não é sustentada por evidências científicas. “O que existe é uma predisposição genética. Outro ponto é que a fraqueza da artéria pode piorar pela hipertensão arterial. Uma condição bastante associada à formação e à ruptura de aneurismas é o tabagismo”, alerta.
Ao ser diagnosticado, o aneurisma precisa ser avaliado com urgência. O tratamento dependerá do tamanho e da localização da lesão, podendo ser realizado por meio de cirurgia aberta ou cateterismo.
Com o tratamento adequado, o paciente pode levar uma vida normal. “O importante é que o diagnóstico seja feito antes do rompimento. Quando isso acontece, o tratamento é completamente diferente e as chances de complicações aumentam consideravelmente”, pontua a especialista.

