O HPV é um vírus silencioso. Na maioria das vezes, ele aparece, circula pelo corpo e desaparece sem deixar rastros. Mas, às vezes, ele fica. E quando fica, pode causar problemas sérios, como câncer de colo do útero, ânus, pênis e garganta.
O que pouca gente sabe é que o HPV é uma das infecções sexualmente transmissíveis mais comuns do mundo. Segundo médicos do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS), em Campo Grande, 75% das pessoas sexualmente ativas terão contato com o vírus em algum momento da vida.
A boa notícia? Ele pode ser evitado com uma vacina gratuita no SUS. A má? Muita gente ainda não se protege.
Como o HPV é transmitido? O HPV passa de uma pessoa para outra principalmente pelo contato pele a pele durante o sexo – vaginal, anal ou oral. E o detalhe que pouca gente considera: não precisa de penetração para haver transmissão.
Além disso, a ginecologista Karine Melo Duvivier, do Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap-UFF), explica que o vírus pode ser passado da mãe para o bebê no parto. Já a transmissão por objetos, como toalhas e assentos sanitários, é rara, mas ainda está sendo estudada.
E como saber se você tem? A maioria das pessoas não sente nada. Algumas desenvolvem verrugas genitais, que podem aparecer na vagina, no pênis, no ânus ou na boca. Outras não veem nenhuma mudança no corpo, mas podem estar carregando o vírus.
Segundo a ginecologista Klissia Pires Souza, do Humap-UFMS, os exames que detectam o HPV incluem:
• Papanicolau (preventivo) – detecta alterações no colo do útero.
• Teste de biologia molecular – identifica o DNA do vírus.
• Colposcopia e biópsia – investigam lesões suspeitas.
Se o diagnóstico vier, o acompanhamento médico é essencial para evitar que o vírus cause problemas mais graves.
Existe cura? Não há um remédio que mate o HPV, mas, na maioria dos casos, o sistema imunológico dá conta de eliminá-lo sozinho em até dois anos.
Se houver verrugas ou lesões pré-cancerígenas, o tratamento pode incluir medicamentos, cauterização ou pequenas cirurgias. Se a infecção evoluir para câncer, o tratamento pode envolver quimioterapia, radioterapia ou cirurgia.
A prevenção continua sendo o melhor caminho.
A vacina protege de verdade? Sim, e muito. A vacina contra o HPV está disponível gratuitamente no SUS e protege contra os tipos mais perigosos do vírus. Ela pode ser tomada por:
• Meninas e meninos de 9 a 14 anos (faixa etária prioritária).
• Jovens de 15 a 19 anos que não tomaram antes.
• Grupos de risco, como pessoas transplantadas, com HIV ou em tratamento contra câncer.
“Mesmo quem já teve contato com o vírus pode tomar a vacina”, reforça Klissia Pires Souza. Ela não trata uma infecção já existente, mas ajuda a evitar novas infecções e reduzir as chances de complicações no futuro.
Perguntas rápidas sobre HPV
Se eu tiver HPV, vou ter câncer? Não necessariamente. A maioria das infecções desaparece sozinha. Mas se o vírus for de alto risco, pode causar alterações nas células que levam ao câncer.
Quanto tempo o HPV pode ficar no corpo sem dar sinais? De meses a anos. Algumas pessoas pegam o vírus e ele só se manifesta 10 ou 20 anos depois.
Já peguei HPV, posso pegar de novo? Sim. Existem muitos tipos diferentes de HPV. Você pode pegar um, se curar e depois ser infectado por outro.
A camisinha protege contra o HPV? Ajuda, mas não protege 100%, porque o vírus pode estar presente em áreas não cobertas pelo preservativo.
O que fazer agora? Se você tem até 19 anos e ainda não se vacinou, corra para um posto de saúde. Se já passou dessa idade, fique atento aos exames preventivos e consulte um médico em caso de dúvidas.
O HPV é comum, mas o câncer causado por ele pode ser evitado. O que falta agora é todo mundo se proteger.
