
O Hospital Regional de Ponta Porã realizou, pela primeira vez, uma cirurgia utilizando a técnica de videolaparoscopia, método que representa um salto na qualidade da assistência cirúrgica oferecida à população da fronteira sul de Mato Grosso do Sul. O procedimento foi possível graças ao investimento do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (SES), que equipou as unidades hospitalares de forma estratégica, seguindo o processo de regionalização da saúde.
A paciente Carine de Fátima Martins, de 42 anos, foi a primeira beneficiada. Diagnosticada com pedra na vesícula, ela passou por uma colecistectomia videolaparoscópica — cirurgia que substitui o corte tradicional por pequenas incisões no abdome, por onde são inseridos instrumentos e uma microcâmera. “Eu tinha crises horríveis e uma alimentação muito limitada. Após a cirurgia, quase não sinto dor. O pós-operatório é outra coisa, nem se compara”, relatou Carine.
Carine aponta benefícios no pós-operatório - (Foto: Divulgação)
Segundo o cirurgião Paulo Henrique Brites de Barros, responsável pelo procedimento, os benefícios são claros. “A videolaparoscopia causa menor trauma cirúrgico, reduz a dor no pós-operatório e o risco de infecção, além de proporcionar recuperação mais rápida e cicatrizes discretas. Em geral, o paciente pode receber alta em até 24 horas”, explicou. Ele destacou que a técnica representa um avanço importante para o hospital e para a população, consolidando a capacidade técnica da equipe e a evolução da assistência cirúrgica na região.
A implantação da videolaparoscopia foi resultado do investimento estadual em equipamentos e capacitação da equipe médica e de enfermagem. Após um período de treinamento, o hospital passou a ter condições técnicas de realizar o procedimento de forma segura e autônoma. Atualmente, a unidade tem capacidade para duas cirurgias videolaparoscópicas por dia, devido ao tempo necessário para a esterilização dos instrumentos — processo que leva de três a quatro horas.
O procedimento, realizado na última quarta-feira (29), consistiu em uma colecistectomia videolaparoscópica
A expectativa da direção é ampliar gradualmente o número de atendimentos, já que cerca de 70% das cirurgias realizadas no hospital poderiam ser feitas por esse método, o que reduziria o tempo de internação e liberaria mais leitos para novos pacientes.
Com média de 20 procedimentos cirúrgicos diários, o Hospital Regional de Ponta Porã é referência em cirurgias gerais e de urgência. O diretor-geral, Alex Marques Cruz, destacou o impacto simbólico da conquista. “Foi um grande desafio, mas também uma vitória coletiva. Temos agora uma estrutura moderna, com imagens em 4K, disponível para a população usuária do SUS”, afirmou.
Equipe do Hospital Regional de Ponta Porã durante a primeira cirurgia videolaparoscópica, marco para a saúde pública da fronteira sul
A equipe responsável pela cirurgia foi composta por: Paulo Henrique Brites de Barros (cirurgião), Luis Fernando Ramoa Gonzalez (auxiliar), Luis Gustavo Solis Mendonça (anestesista), Eduardo de Freitas (enfermeiro), Fabrício Henrik Pantoja Castelo (instrumentador técnico), Aline Patrícia Vidal Godoi (circulante técnica), Gabriela Cueva Recalde (pivô técnica) e Tabta Caroline Luna Santana (responsável técnica).
O Hospital Regional de Ponta Porã Dr. José de Simone Netto é gerenciado pelo Instituto Social Mais Saúde desde agosto deste ano e atende mais de 200 mil habitantes da região sul de Mato Grosso do Sul. A unidade possui 117 leitos e oferece serviços de urgência e emergência, internações, cirurgias e atendimentos ambulatoriais em diversas especialidades, além de exames de imagem e laboratório.

