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03 de novembro de 2025 - 22h05
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SAÚDE

Doença de personagem de Dira Paes em 'Três Graças' chama atenção para a hipertensão pulmonar

Condição rara afeta artérias dos pulmões e pode ser confundida com problemas respiratórios comuns; entenda os sintomas, causas e tratamentos

3 novembro 2025 - 14h20Gabriel Damasceno
Dira Paes é Lígia em 'Três Graças'
Dira Paes é Lígia em 'Três Graças' - (Foto: Estevam Avellar/Globo)

A personagem Lígia, vivida por Dira Paes na novela Três Graças, trouxe à tona um tema pouco conhecido do grande público: a hipertensão arterial pulmonar (HAP). A condição, rara e muitas vezes confundida com outras doenças respiratórias ou cardíacas, é caracterizada pelo aumento anormal da pressão nas artérias que irrigam os pulmões. A abordagem na ficção reacendeu o debate sobre a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado.

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Segundo o pneumologista Marcelo Jacó, coordenador da Comissão Científica de Circulação Pulmonar da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), a hipertensão pulmonar tem semelhanças com a hipertensão arterial sistêmica, mas ocorre exclusivamente no sistema circulatório dos pulmões. “São sistemas arteriais completamente diferentes”, explica o especialista.

A pressão arterial pulmonar é considerada normal quando está abaixo de 20 mmHg. Valores acima disso já indicam um quadro preocupante, que exige investigação médica. A principal queixa dos pacientes é a falta de ar (dispneia), inicialmente percebida em atividades cotidianas, como subir escadas. “Com a progressão, o sintoma aparece mesmo em esforços mínimos, como tomar banho”, detalha Jacó.

Outros sintomas podem incluir dor no peito, desmaios e retenção de líquidos.

A hipertensão pulmonar é classificada em cinco grupos, de acordo com suas origens:

  • Grupo 2: relacionada a doenças cardíacas avançadas.
  • Grupo 3: associada a doenças pulmonares, como enfisema e fibrose.
  • Grupo 1: afeta diretamente os vasos pulmonares, podendo ter causas idiopáticas (sem origem identificada), hereditárias ou ligadas a doenças autoimunes, como lúpus e artrite reumatoide.
  • Grupo 4: causada por embolia pulmonar crônica, quando coágulos sanguíneos não se dissolvem após um episódio agudo.
  • Grupo 5: de origem multifatorial ou ainda não completamente compreendida.

“O tipo mais comum é o secundário, ou seja, decorrente de outra condição grave preexistente”, explica o pneumologista.

Por se tratar de uma doença rara e com sintomas semelhantes aos de outras enfermidades, a hipertensão pulmonar costuma ser diagnosticada tardiamente. “Muitas vezes, o paciente passa por avaliações de asma, bronquite ou insuficiência cardíaca antes de se pensar em HAP”, observa Jacó.

O processo diagnóstico é feito em duas etapas. A primeira envolve a suspeita clínica, com base nos sintomas e histórico do paciente. Nessa fase, um ecocardiograma é solicitado para detectar possíveis alterações cardíacas.

A confirmação, porém, só é feita por meio do cateterismo das câmaras direitas do coração, considerado o exame padrão ouro. Esse procedimento mede diretamente a pressão na artéria pulmonar.

O tratamento depende da classificação da doença. Nos casos secundários, a prioridade é tratar a enfermidade de base. Já nas formas do grupo 1, o tratamento é focado em medicamentos que provocam vasodilatação das artérias pulmonares, reduzindo a pressão.

Se não houver resposta ao tratamento medicamentoso, o transplante de pulmão é indicado como última alternativa, embora envolva alto risco e complexidade.

Ao abordar a hipertensão pulmonar por meio da personagem Lígia em Três Graças, a novela contribui para ampliar o conhecimento sobre uma condição ainda pouco discutida. Na vida real, o diagnóstico precoce e o acompanhamento especializado são fundamentais para preservar a qualidade de vida dos pacientes.

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