
Após concluir o processo de integração com a NotreDame Intermédica (NDI), a Hapvida começa a redesenhar sua estratégia com foco em eficiência e estabilidade. Segundo o CEO da companhia, Jorge Pinheiro, a nova fase marca o fim dos ajustes mais complexos e o início de um ciclo voltado à consolidação dos resultados operacionais.
Em entrevista ao jornal Valor Econômico, Pinheiro afirmou que a fusão, considerada uma das maiores do setor, exigiu reestruturações profundas nos sistemas operacionais e na governança. Agora, com os dois grupos unificados, a empresa passa a acessar sinergias que antes não estavam disponíveis. “Com a integração concluída, a Hapvida passa a ter acesso a sinergias que não estavam disponíveis enquanto as operações seguiam paralelas. Trata-se, portanto, de um divisor de águas que prepara a empresa para um ciclo mais eficiente e previsível”, destacou.
Parte da reestruturação envolveu a redução do número de vice-presidências de 14 para 8, numa tentativa de simplificar a gestão e acelerar a tomada de decisões. A governança foi reforçada com a chegada de nomes como José Galló, ex-Renner, no conselho, e Marcus Fontoura como consultor técnico.
A empresa também aposta no amadurecimento dos investimentos feitos em infraestrutura entre 2023 e 2025. Foram cerca de R$ 900 milhões aplicados na ampliação da rede, que resultaram na abertura de mais de mil leitos em cidades como Fortaleza, Recife, Manaus, Belém e ABC Paulista.
Segundo Pinheiro, esse ciclo de investimentos pressionou as margens da empresa no curto prazo, mas o cenário deve mudar com a plena operação dos ativos. “O cenário pressionou momentaneamente as margens, mas não se repetirá em 2026, permitindo que a empresa avance em um ciclo de recuperação gradual da rentabilidade conforme os novos ativos atingem plena operação.”
Recuperação virá em 2026, diz CEO - Os gastos pesaram nas margens da empresa em 2025, mas a previsão da Hapvida é que, com os novos hospitais em plena operação, o impacto nas contas comece a diminuir. A companhia afirma ter caixa robusto, cerca de R$ 9,8 bilhões, e vê espaço para recuperar gradualmente sua rentabilidade no próximo ano. “Com uma robustez de caixa, os resultados dessas medidas devem ganhar tração já ao longo de 2026, reancorando as expectativas de investidores e fortalecendo os fundamentos de longo prazo”, disse.
Jorge Pinheiro comentou ainda a intensificação da concorrência no Sudeste, especialmente em São Paulo, e afirmou que a empresa não seguirá por um caminho de disputa por preços. “Não pretendemos aderir a estratégias agressivas de guerra de preços, que consideramos pouco benéficas para o setor e insustentáveis no longo prazo.”
A Hapvida afirma que mantém hoje cerca de 200 iniciativas com uso de inteligência artificial, 90 delas já em operação. As tecnologias são usadas em diagnóstico, gestão interna e telemedicina, que já soma cerca de 700 mil consultas mensais.
Essas melhorias também foram reconhecidas pelo público. Em 2025, a empresa venceu o Prêmio Reclame Aqui nas categorias “plano de saúde” e “profissional de atendimento”. O prêmio, baseado em votação popular, é um dos principais termômetros da reputação das empresas no Brasil.
Segundo Pinheiro, a conquista é reflexo de um esforço coletivo de melhoria nos serviços. “A premiação reflete o conjunto de iniciativas adotadas, como a redução do tempo de espera por cirurgias, o reforço das equipes médicas, a ampliação de leitos, a inauguração de novas unidades e os avanços tecnológicos voltados à precisão diagnóstica.”
Em breve na Capital de MS - A Hapvida vai instalar uma unidade em Campo Grande, no cruzamento das ruas Barão do Rio Branco com José Antônio, e terá 112 leitos, com estrutura de alta complexidade. O projeto integra o plano de expansão da companhia, que prevê R$ 2 bilhões em investimentos no país até 2026.
A Hapvida vai instalar uma unidade em Campo Grande - (Foto: Divulgação)
Segundo a empresa, o hospital terá parque diagnóstico completo, com ressonância magnética, tomografia, eletrocardiograma, raio-X e outros exames. O atendimento será voltado a adultos e crianças. Ainda sem cronograma de obras divulgado, a previsão é de que a nova unidade gere 456 vagas de trabalho na capital.
Com quase 16 milhões de beneficiários, a Hapvida diz ter registrado avanço nos índices de avaliação: a nota média dada pelos clientes subiu de 7,0 para 7,7 ao longo do ano. Já o índice de resolução de problemas passou de 73% para pouco mais de 80%.

