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08 de dezembro de 2025 - 08h41
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SAÚDE

Estudo da Fiocruz revela alto risco de suicídio entre jovens e alerta para crise entre indígenas

Taxa entre jovens indígenas chega a 62,7 casos por 100 mil habitantes, quase o triplo da média nacional

8 dezembro 2025 - 07h20Agência Brasil
Fiocruz aponta agravamento da saúde mental entre jovens, com destaque para taxas alarmantes entre indígenas
Fiocruz aponta agravamento da saúde mental entre jovens, com destaque para taxas alarmantes entre indígenas - (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom)

O novo informe epidemiológico da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) acendeu um alerta sobre a saúde mental da juventude brasileira. A taxa de suicídio entre jovens de 15 a 29 anos chega a 31,2 por 100 mil habitantes — acima da média geral do país, de 24,7. Entre homens jovens, o número sobe para 36,8. Mas é entre os povos indígenas que o cenário se torna ainda mais grave: a taxa nacional dessa população atinge 62,7 casos por 100 mil habitantes.

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O estudo, produzido pela Agenda Jovem Fiocruz e pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, aponta que “o suicídio é um problema de saúde sobretudo entre a juventude indígena”. Na faixa de 20 a 24 anos, jovens indígenas do sexo masculino apresentam risco extremo, com taxa de 107,9 suicídios por 100 mil habitantes.

Entre mulheres indígenas, os índices também superam os demais grupos, especialmente entre 15 e 19 anos, com 46,2 casos por 100 mil habitantes.

A pesquisadora Luciane Ferrareto afirma que questões culturais, barreiras de acesso ao sistema de saúde e discriminação agravam o cenário. “Os indígenas hoje têm muito acesso à informação, mas ainda há muito preconceito contra eles na sociedade”, disse.

O estudo reúne dados de internações, mortalidade e atendimentos em saúde mental realizados na atenção primária entre 2022 e 2024.

Segundo o levantamento, homens jovens representam 61,3% das internações ligadas à saúde mental, com taxa de 708,4 internações por 100 mil habitantes — índice 57% maior que o das mulheres (450).

O abuso de substâncias é o principal motivo das internações masculinas:

  • 38,4% por uso de múltiplas drogas
  • 13,2% por cocaína
  • 11,5% por álcool

A depressão é a causa mais frequente entre as mulheres internadas. A pesquisa destaca que menos da metade dos jovens recebe acompanhamento psicológico e médico após a internação, o que agrava a reincidência de casos e impede o cuidado contínuo.

Luciane atribui a vulnerabilidade dos homens jovens a uma combinação de fatores sociais, culturais e econômicos. Ela aponta que a pressão por uma masculinidade baseada em força e autossuficiência dificulta a busca por ajuda. Além disso, muitos já são chefes de família em condições precárias.

“A falta de oportunidades de trabalho, empregos instáveis e a sensação de fracasso social aumentam as chances desses jovens utilizarem as drogas como forma de escape”, explica.

Entre jovens mulheres, a violência física e sexual na adolescência aparece como fator central para o adoecimento mental. A ausência de políticas públicas de acolhimento, como creches e apoio a idosos, além de relações abusivas e situações de assédio no trabalho, também pesam no agravamento do quadro.

O informe aponta que apenas 11,3% dos atendimentos de jovens na atenção primária foram relacionados à saúde mental, enquanto na população geral o índice é de 24,3%. Mesmo assim, os jovens apresentam taxas de internação mais altas do que adultos acima de 30 anos.

Nos subgrupos:

  • 20 a 24 anos: 624,8 internações por 100 mil
  • 25 a 29 anos: 719,7 — maior taxa entre os jovens

Segundo o coordenador da Agenda Jovem Fiocruz, André Sobrinho, essa é a faixa etária que mais sofre, mas também a que menos busca atendimento. “Muitas vezes os jovens, a sociedade e o Estado agem como se eles tivessem que aguentar qualquer coisa exatamente por serem jovens”, afirmou.

O estudo utilizou dados do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Censo 2022 do IBGE.

O Ministério da Saúde reforça que qualquer pessoa com pensamentos suicidas deve buscar apoio imediato com familiares, amigos, profissionais de saúde ou serviços especializados.

  • O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional gratuitamente pelo telefone 188, além de chat, e-mail e VoIP, 24 horas por dia.
  • CAPS (Centros de Atenção Psicossocial)
  • Unidades Básicas de Saúde
  • UPAs 24h
  • SAMU 192
  • Prontos-socorros e hospitais
  • CVV: 188 (ligação gratuita)
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