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SAÚDE

Falta de vitamina D aumenta risco de perda de mobilidade na velhice, aponta estudo

Pesquisa com idosos mostra relação entre deficiência da vitamina e lentidão na caminhada, sinal de alerta para perda de independência

2 setembro 2025 - 07h20Maria Fernanda Ziegler
Segundo novo estudo, vitamina D tem relação com a velocidade da marcha na velhice
Segundo novo estudo, vitamina D tem relação com a velocidade da marcha na velhice - Foto: Diego/Adobe Stock
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A carência de vitamina D pode comprometer a autonomia dos idosos. Um estudo conduzido pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em parceria com a University College London, revelou que níveis baixos dessa vitamina estão ligados à maior probabilidade de lentidão ao caminhar — fator associado à perda de mobilidade e à maior vulnerabilidade na terceira idade. Os resultados foram publicados na revista científica Diabetes, Obesity and Metabolism.

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A lentidão da marcha, definida como velocidade inferior a 0,8 metro por segundo, é considerada um indicador-chave do envelhecimento saudável. De acordo com os pesquisadores, esse quadro aumenta o risco de quedas, internações, dependência funcional e até mortalidade.

“Com isso, a vitamina D se torna um marcador importante para identificar precocemente o risco de lentidão da caminhada e serve como um alerta para uma velhice com possíveis dificuldades de mobilidade”, explica Tiago da Silva Alexandre, professor do Departamento de Gerontologia da UFSCar e autor do estudo, financiado pela Fapesp.

Como o estudo foi realizado

Os pesquisadores analisaram informações de 2.815 pessoas com 60 anos ou mais, integrantes do English Longitudinal Study of Ageing (ELSA), no Reino Unido. Inicialmente, apenas participantes sem problemas de mobilidade foram incluídos.

Os níveis de vitamina D foram medidos no início da pesquisa, e a velocidade da caminhada foi acompanhada por seis anos. O resultado mostrou que idosos com deficiência (menos de 30 nmol/L) tinham 22% mais chance de desenvolver lentidão do que aqueles com níveis considerados suficientes (mais de 50 nmol/L). Já os casos de insuficiência (entre 30 e 50 nmol/L) não apresentaram associação relevante.

Efeitos no corpo

A vitamina D é essencial para o sistema musculoesquelético, pois regula a entrada e saída de cálcio nas células musculares, permitindo a contração. “Quando há deficiência, esse processo fica comprometido”, explica Mariane Marques Luiz, professora da UFSCar que conduziu a pesquisa em seu doutorado.

A falta da substância também prejudica a síntese de proteínas musculares, reduz naturalmente com o envelhecimento, e impacta o sistema nervoso, dificultando a transmissão dos impulsos neuronais. “Além da questão muscular, a carência de vitamina D tem repercussão no sistema nervoso central e periférico, comprometendo a marcha pela lentidão na transmissão dos estímulos”, completa Luiz.

Segundo os autores, embora a deficiência de vitamina D seja um fator importante, a lentidão da marcha possui múltiplas causas. Por isso, a suplementação deve ser feita com cautela, já que o excesso da vitamina pode gerar toxicidade.

“Como um indicador muito importante, seu monitoramento deve ser considerado para a manutenção de um envelhecimento saudável”, reforça Alexandre.

Vitamina D e envelhecimento

Estudos recentes destacam o papel da vitamina D não apenas na saúde muscular, mas também na imunidade e no funcionamento dos sistemas cardiovascular e neurológico. Sua produção no corpo depende da exposição solar, quando a pele ativa substâncias precursoras que passam por transformações até se tornarem a forma ativa da vitamina.

Na velhice, no entanto, há queda natural na sua disponibilidade. O afinamento da pele reduz a síntese cutânea, enquanto a diminuição de receptores celulares compromete sua ação no organismo. “Esse declínio relacionado à idade pode afetar reservas fisiológicas e desencadear problemas como a perda de mobilidade”, afirma Mariane Luiz.

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