Grupo Feitosa de Comunicação
(67) 99974-5440
(67) 3317-7890
16 de outubro de 2025 - 15h31
DP-Barros---Parabens-MS
SAÚDE

Exame de lipoproteína(a) entra nas novas diretrizes e deve ser feito por todos os adultos

Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda a dosagem da Lp(a) como marcador adicional de risco para doenças cardiovasculares

16 outubro 2025 - 12h50Redação E+
Nova recomendação pede que adultos dosem, ao menos uma vez na vida, níveis da lipoproteína(a), que passou a ser tratada como importante marcador de risco cardiovascular
Nova recomendação pede que adultos dosem, ao menos uma vez na vida, níveis da lipoproteína(a), que passou a ser tratada como importante marcador de risco cardiovascular - Foto: Freepik

Todos os adultos devem realizar, ao menos uma vez na vida, o exame de dosagem da lipoproteína(a), ou Lp(a), um tipo de colesterol que passou a ser considerado um marcador importante de risco cardiovascular. A recomendação faz parte das novas Diretrizes Brasileiras de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose, publicadas pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) em setembro.

Canal WhatsApp

A Lp(a) é uma partícula lipídica que, assim como o colesterol LDL — conhecido como “colesterol ruim” —, pode se acumular nas artérias e formar placas de gordura. “Ela tem capacidade de entupir as artérias e provocar eventos como infarto e AVC”, explica o cardiologista Jorge Koroishi, do Hcor. Além disso, níveis elevados de Lp(a) aumentam o risco de estreitamento da válvula aórtica e de insuficiência cardíaca.

De acordo com a cardiologista Maria Cristina Izar, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) e uma das autoras da diretriz, a Lp(a) é até cinco vezes mais aterogênica do que o LDL. “Isso significa que ela tem um potencial muito maior de causar acúmulo de placas nas artérias”, explica.

Embora a lipoproteína(a) não seja uma descoberta recente, só nos últimos anos passou a ganhar destaque entre os especialistas, graças a estudos que confirmaram sua forte relação com doenças cardiovasculares.

O exame de Lp(a) é especialmente indicado para pessoas que apresentam fatores de risco, como hipertensão, diabetes, colesterol alto ou histórico de aterosclerose — inflamação que causa o acúmulo de gordura nas artérias. Também é recomendado para quem já sofreu um evento cardiovascular, como infarto ou AVC.

Mesmo pacientes com níveis normais de LDL podem apresentar Lp(a) elevada, o que torna o exame um marcador adicional de risco. “A dosagem ajuda a reavaliar o risco cardiovascular de cada indivíduo e a definir metas de tratamento mais precisas”, reforça Koroishi.

Como é calculado o risco cardiovascular

Atualmente, a principal ferramenta para calcular o risco cardiovascular é o escore PREVENT, que estima a probabilidade de o paciente sofrer um evento cardíaco em dez anos. O cálculo considera fatores como idade, sexo, pressão arterial, tabagismo, diabetes, função renal e índice de massa corporal (IMC).

Com base nesse resultado, são definidos os limites ideais para o colesterol LDL:

  • Baixo risco: abaixo de 115 mg/dL
  • Risco intermediário: abaixo de 100 mg/dL
  • Alto risco: abaixo de 70 mg/dL
  • Muito alto risco: abaixo de 50 mg/dL
  • Risco extremo: abaixo de 40 mg/dL

A Lp(a) ainda não faz parte dos exames usados no escore PREVENT, mas pode complementar a análise do perfil do paciente. Quando a Lp(a) está acima do limite saudável, o indivíduo passa a ser considerado de alto risco cardiovascular, com meta de LDL inferior a 70 mg/dL.

Disponibilidade do exame e interpretação dos resultados

O exame de Lp(a) ainda não é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e tem cobertura limitada nos planos de saúde, segundo a cardiologista Viviane Giraldez, do Instituto do Coração (InCor) da Universidade de São Paulo (USP).

Apesar disso, a coleta é simples e precisa ser feita apenas uma vez na vida, desde que realizada em condições adequadas. Isso porque os níveis de Lp(a) são determinados, em grande parte, por fatores genéticos e se mantêm estáveis ao longo dos anos.

Os especialistas recomendam que o exame seja medido em nmol/L, por ser o método mais preciso. Valores acima de 125 nmol/L (ou 50 mg/dL) já indicam aumento do risco cardiovascular. Se o resultado ultrapassar 390 nmol/L (ou 180 mg/dL), o paciente é considerado de alto risco mesmo sem outros fatores associados.

Tratamento e prevenção

Atualmente, não há medicamentos específicos para reduzir a Lp(a). Pesquisas estão em andamento para desenvolver terapias voltadas a esse tipo de colesterol. Enquanto isso, o foco deve ser o controle rigoroso de outros fatores de risco cardiovascular, como pressão alta, glicemia e níveis de LDL.

“Para quem tem a Lp(a) elevada, o controle rigoroso dos fatores de risco é essencial”, reforça Maria Cristina Izar. Já Viviane Giraldez destaca que hábitos saudáveis podem amenizar os impactos da Lp(a) alta: “Manter alimentação equilibrada, não fumar e evitar o sedentarismo são medidas fundamentais para reduzir os riscos”.

Koroishi complementa que, além das mudanças de estilo de vida, podem ser indicados medicamentos para controlar o colesterol e outros parâmetros metabólicos.

Assine a Newsletter
Banner Whatsapp Desktop