
Um novo estudo internacional reforça que não existe uma única causa para o autismo. Publicado na revista Nature, o trabalho reúne dados de diversos centros de pesquisa e mostra que o momento em que o diagnóstico é feito — na infância ou na adolescência — está ligado a diferenças genéticas e a trajetórias distintas de desenvolvimento.
A pesquisa identificou duas vias genéticas principais entre os participantes: uma relacionada a dificuldades persistentes desde a infância e outra em que os desafios surgem ou se intensificam na adolescência. Essa distinção ajuda a explicar por que alguns indivíduos são diagnosticados mais cedo, enquanto outros só recebem o diagnóstico anos depois — não apenas por fatores sociais ou de acesso à saúde, mas também por diferenças biológicas.
De acordo com os pesquisadores, o grupo com diagnóstico precoce apresenta baixa correlação genética com TDAH e desempenho escolar, enquanto o grupo com diagnóstico tardio está mais associado a depressão e ansiedade. Essas diferenças reforçam que as comorbidades frequentemente observadas em pessoas autistas também têm origem biológica, e não apenas social ou ambiental.
O estudo amplia a compreensão do autismo como um espectro plural, com origens múltiplas e manifestações diversas. Ele também desmonta a ideia de que seja possível “curar” o autismo por meio de um único tratamento ou descoberta genética.
Especialistas destacam que os resultados confirmam o que a prática clínica já indicava: “os autismos são plurais”. Cada indivíduo apresenta um conjunto único de características, influências genéticas e trajetórias de vida, e compreender essa diversidade é essencial para oferecer acompanhamento adequado e políticas de inclusão mais eficazes.
