
Uma iniciativa científica de peso promete transformar a forma como o Brasil lida com o Acidente Vascular Cerebral (AVC). Coordenado pelo Hospital Moinhos de Vento e financiado pelo Ministério da Saúde (via Proadi-SUS), o projeto Ártemis-Brasil vai investigar como a genética dos brasileiros influencia o risco de sofrer um AVC isquêmico — tipo que representa 85% dos casos no país.
Diferente das pesquisas globais, que focam em populações europeias e norte-americanas, este estudo é um dos poucos no mundo a olhar para a diversidade genética da América Latina. O objetivo é abrir as portas para a "medicina de precisão" dentro do SUS, permitindo que médicos indiquem tratamentos, dietas e exercícios baseados no perfil de DNA de cada paciente.
O que é o AVC Isquêmico? - Ele ocorre quando uma artéria cerebral é obstruída por um trombo (coágulo local) ou êmbolo (coágulo que viaja de outra parte do corpo), impedindo a chegada de oxigênio. Sem sangue, as células cerebrais morrem rapidamente.
Detalhes da pesquisa - O estudo já começou e pretende reunir mil participantes até o final de 2026. A estrutura conta com:
- Amostra: 500 pacientes que sofreram AVC e 500 pessoas saudáveis para comparação.
- Abrangência: 11 centros de alta complexidade do SUS em todas as regiões do Brasil.
- Foco: Entender como o genoma influencia não só o AVC, mas fatores de risco como hipertensão, diabetes e colesterol.
O impacto da doença no Brasil - Os números reforçam a urgência do estudo. Em 2024, a Rede Brasil AVC registrou 85.427 mortes pela doença. Atualmente, o AVC é a principal causa de morte e incapacidade no país, gerando cerca de 11 óbitos por hora.
Para a neurologista Ana Cláudia de Souza, investigadora principal do projeto, entender a genética é a chave para evitar o segundo AVC. "Cada indivíduo é único. Entendendo essas características, conseguimos fazer uma prevenção muito mais precisa e ver como o organismo responde a cada tratamento", explica.
Evolução no tratamento - Apesar do alto índice de mortes, o Brasil avançou em tecnologias no SUS, como a trombectomia mecânica. O procedimento funciona como um "cateterismo cerebral", onde um coágulo é removido mecanicamente dos vasos do cérebro. O projeto Ártemis-Brasil agora busca levar essa evolução para o nível preventivo e genético, capacitando equipes do SUS em todo o país para essa nova era da medicina.

