
A Europa vive uma nova realidade no combate a doenças transmitidas por mosquitos, como chikungunya e vírus do Nilo Ocidental, com temporadas mais longas e surtos mais intensos, segundo alerta emitido nesta quarta-feira (20) pelo Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças (ECDC).

A situação tem sido impulsionada por mudanças climáticas que favorecem a proliferação dos vetores: aumento das temperaturas, verões prolongados, invernos mais amenos e alterações no regime de chuvas, o que, segundo o ECDC, criou condições ideais para a expansão dos mosquitos na região. “A Europa está entrando em uma nova fase em que a transmissão mais longa, disseminada e intensa de doenças transmitidas por mosquitos está se tornando o novo normal”, afirmou Pamela Rendi-Wagner, diretora do ECDC.
A entidade europeia relatou que, em 2025, foram registrados 27 surtos de chikungunya, o maior número da história do continente. O mosquito Aedes albopictus, transmissor da doença, já foi identificado em 369 regiões de 16 países europeus, contra apenas 114 regiões há uma década.
A França, inclusive, confirmou o primeiro caso autóctone (de transmissão local) da doença na região da Alsácia, um ponto incomum para esse tipo de infecção devido à latitude, o que sinaliza uma expansão do risco para o norte da Europa.
No mesmo relatório, o ECDC informou que o vírus do Nilo Ocidental também rompeu fronteiras inéditas, com casos pela primeira vez nas províncias de Latina e Frosinone, na Itália, e no condado de Sălaj, na Romênia.
Segundo o órgão, 2025 já é o ano com maior número de casos de vírus do Nilo Ocidental em três anos, com previsão de pico entre agosto e setembro.
O aumento dos surtos é potencializado pelo crescimento no volume de viagens internacionais, que facilita a circulação de pessoas infectadas e a chegada de mosquitos transmissores em áreas antes livres dessas doenças. “Essa disseminação torna surtos locais mais prováveis”, reforça o ECDC.
Diante do novo cenário, o ECDC atualizou suas orientações para vigilância, prevenção e controle de doenças como chikungunya, dengue e zika, com recomendações personalizadas para cada país europeu — inclusive para aqueles que nunca enfrentaram esse tipo de ameaça.
As medidas incluem:
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Monitoramento intensivo de áreas urbanas e rurais com presença dos mosquitos;
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Ações de controle vetorial e eliminação de criadouros;
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Campanhas de conscientização da população;
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Protocolos de resposta rápida em casos de surto;
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Recomendações específicas para profissionais de saúde.
