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DOAÇÃO DE ÓRGÃOS

Profissionais de saúde discutem recusa familiar na doação de órgãos no HU-UFGD

Treinamento reforça a importância da doação de órgãos e discute desafios enfrentados no acolhimento às famílias

19 fevereiro 2025 - 08h05Da redação
Capacitação no HU-UFGD/Ebserh reforça a importância da doação de órgãos e discute os desafios na abordagem familiar e no protocolo de transplantes.
Capacitação no HU-UFGD/Ebserh reforça a importância da doação de órgãos e discute os desafios na abordagem familiar e no protocolo de transplantes. - (Foto: Divulgação)

Na quinta-feira (13), no auditório do Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD), um grupo de profissionais da saúde sentou-se para discutir um tema que poucos gostam de abordar: a morte e o que acontece depois dela.

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A capacitação, promovida pela Rede Ebserh, tratou da doação de órgãos e tecidos para transplantes, um processo burocrático, delicado e que depende, quase sempre, de uma única decisão: a da família do paciente.

Ludelça Dorneles, enfermeira e membro da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes de Dourados, foi uma das responsáveis por guiar o debate. Para ela, a qualificação dos profissionais que lidam com a abordagem familiar e o protocolo de morte encefálica é fundamental para que mais vidas sejam salvas.

É importante que todos os profissionais saibam sobre a doação de órgãos e tecidos, conheçam a fila de pacientes aguardando por um órgão e entendam o acolhimento familiar. Esse conhecimento pode fazer a diferença entre a vida e a morte de quem espera por um transplante — explicou.

O momento mais difícil: a conversa com a família - A recusa familiar ainda é um dos principais obstáculos para a doação de órgãos no Brasil. De acordo com Ludelça, o desconhecimento sobre a vontade do paciente é o maior motivo para que as famílias digam "não" no momento decisivo.

A família que já ouviu de seu ente querido o desejo de ser doador aceita a doação com muita clareza. O maior índice de recusa ocorre quando os familiares não sabem a vontade do potencial doador — pontuou a enfermeira.

A recomendação dos especialistas é que as pessoas falem abertamente sobre o assunto com seus familiares. No Brasil, a legislação exige autorização da família para que a doação aconteça, mesmo que a pessoa tenha manifestado essa vontade em vida.

Como funciona o sistema de transplantes? - A capacitação também destacou a complexidade do sistema de transplantes no Brasil, que envolve diversas instituições e hierarquias para garantir que os órgãos cheguem a quem mais precisa.

Nível Responsabilidade
Central Nacional de Transplantes (CNT) Coordena o processo em nível federal.
Central Estadual de Transplantes (CET) Garante a logística dentro do estado.
Organização de Procura de Órgãos (OPO) Atua em hospitais, identificando possíveis doadores.
Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos (CIHDOTTs) São a linha de frente dentro das UTIs, responsáveis por notificar potenciais doadores.

Em Mato Grosso do Sul, a CET e a OPO desempenham um papel essencial no suporte às CIHDOTTs, garantindo que o processo de captação e doação aconteça dentro dos protocolos exigidos.

Somos responsáveis por prestar suporte a todos os hospitais com UTIs em Dourados, Ponta Porã e Nova Andradina. Nosso papel é orientar e apoiar as equipes hospitalares para que todo o processo seja conduzido com segurança e respeito — acrescentou Ludelça Dorneles.

O impacto da capacitação e a importância do debate

O evento reforça o compromisso do HU-UFGD/Ebserh com a qualificação de seus profissionais e com o fortalecimento da cultura da doação de órgãos no estado. Para que o número de transplantes aumente, além da capacitação técnica dos profissionais, é essencial que a sociedade vença tabus e normalize o debate sobre o tema.

A melhor forma de ajudar é falar sobre o assunto e avisar aos familiares sobre sua vontade de doar — concluiu Ludelça.

O treinamento no hospital universitário evidencia um ponto central: a doação de órgãos não é apenas um processo médico, mas um ato de generosidade que começa muito antes, na conversa franca dentro de casa.

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