
O caminho que uma bolsa de sangue percorre até salvar uma vida envolve um complexo sistema de coleta, processamento e distribuição.

Em Mato Grosso do Sul, esse trabalho é coordenado pela Rede Hemosul MS, que atende hospitais públicos e privados em todo o estado. Com uma distribuição mensal de cerca de 8,6 mil hemocomponentes, a logística da doação de sangue exige precisão e eficiência para garantir que cada unidade chegue ao seu destino em tempo hábil.
A jornada do sangue começa com a doação voluntária. Após a coleta, o material passa por exames laboratoriais e é fracionado em componentes como hemácias, plaquetas e plasma. Cada um desses elementos desempenha um papel essencial no tratamento de diversas condições de saúde, desde cirurgias até tratamentos oncológicos.
Segundo Marina Sawada Torres, coordenadora da Rede Hemosul MS, a distribuição é feita conforme a demanda dos hospitais, com prioridade para as unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). “A prioridade é atender ao SUS, mas sempre que necessário, fornecemos sangue a outras unidades, conforme urgência”, explica.

Transporte e armazenamento garantem qualidade - Para que o sangue chegue em condições ideais ao paciente, a Rede Hemosul conta com um sistema rigoroso de transporte. O material é armazenado em caixas térmicas com gelox, garantindo a temperatura adequada até a entrega nos hospitais. Ceres de Melo, responsável pelo Setor de Distribuição do Hemosul, destaca a importância desse controle.
“Se um paciente em Costa Rica ou Chapadão do Sul está grave, o sangue precisa chegar naquele dia, não no dia seguinte. Por isso, a logística precisa ser precisa, com o sangue sendo liberado a qualquer hora, até mesmo de madrugada, para que chegue rapidamente aos hospitais”, afirma Ceres.
Juliana Flausino Haverith, motorista do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS), destaca a intensidade do trabalho. “Normalmente, fazemos o transporte uma vez por dia, mas a demanda pode aumentar muito. Quando um hospital precisa urgentemente, fazemos várias viagens, inclusive de madrugada. O sangue precisa chegar rápido e na temperatura ideal”, relata.

Desafios no equilíbrio entre oferta e demanda - Um dos maiores desafios da Rede Hemosul é manter os estoques de sangue em níveis adequados. Márcia Vicente de Souza, técnica de Hemoterapia da instituição, alerta para a necessidade de doações regulares, especialmente de tipos sanguíneos negativos.
“Há dias em que os estoques estão cheios e conseguimos atender bem. Mas, na maioria das vezes, estamos no limite, especialmente com tipos sanguíneos negativos”, explica. “Por isso, sempre reforçamos a importância da doação regular. A doação é fundamental para que possamos continuar nosso trabalho”, completa.
Além disso, os motoristas e equipes hospitalares passam por treinamentos anuais para garantir a qualidade do processo. Rudylene Zanúncio, chefe de Educação Permanente do Hemosul, explica que os profissionais aprendem desde a coleta até a entrega, com instruções detalhadas sobre como manter os componentes sanguíneos em condições ideais.
Segurança e tecnologia no processamento do sangue - A Rede Hemosul é referência em segurança e tecnologia, realizando exames de biologia molecular para garantir a qualidade dos hemocomponentes. Segundo Marina Sawada Torres, apenas 13 unidades no Brasil recebem kits do Ministério da Saúde para esses testes, e o Hemosul de Mato Grosso do Sul é uma delas.
“Isso garante a segurança tanto para os doadores quanto para os pacientes que recebem o sangue”, afirma Marina.
Campanhas para atrair novos doadores - Para evitar que os estoques fiquem críticos, a Rede Hemosul realiza campanhas de conscientização, especialmente em períodos de baixa doação, como feriados prolongados. Além disso, há planos para expandir as ações com projetos móveis, como ônibus de coleta, para aumentar a captação de doações no Estado.
“Estamos trabalhando em reformas para atender às novas normas e à crescente demanda, sempre com o objetivo de garantir que o Hemocentro de Mato Grosso do Sul continue oferecendo serviços com qualidade e segurança”, conclui Marina.
