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SAÚDE

Desafios e soluções para o tratamento de câncer no Brasil: painel debate inovação e equidade

Especialistas discutem os obstáculos e estratégias para melhorar o acesso aos tratamentos oncológicos no país durante o evento "Retratos do Câncer"

1 agosto 2025 - 14h10
Repórter especial de Saúde do Estadão, Fabiana Cambricoli (de costas) mediou o debate sobre o uso de tecnologias no tratamento do câncer
Repórter especial de Saúde do Estadão, Fabiana Cambricoli (de costas) mediou o debate sobre o uso de tecnologias no tratamento do câncer - Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Durante o evento Retratos do Câncer, realizado nesta quinta-feira, 31, em São Paulo, especialistas discutiram os desafios e soluções para o tratamento oncológico no Brasil. Embora o país tenha avançado em tecnologias inovadoras, como o CAR-T, especialistas apontam que ainda é necessário focar no "básico bem-feito", como garantir a presença de oncologistas em áreas remotas e otimizar o orçamento do SUS.

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“Ao olhar para o SUS, vemos um sistema grandioso, mas, quando damos um zoom, percebemos as fragilidades”, comentou Ana Maria Drummond, diretora do Instituto Vencer o Câncer, destacando a necessidade de agregar tecnologias dentro das limitações orçamentárias e territoriais do país.

O oncologista Rafael Kaliks, do Hospital Israelita Albert Einstein, ressaltou que o Brasil investe muito menos em tratamentos oncológicos do que países como o Canadá. “Enquanto eles gastam entre 6 mil e 11 mil dólares por cidadão, o Brasil gasta cerca de 700 dólares”, comparou Kaliks, apontando a necessidade de um investimento mais robusto para oferecer melhores tratamentos.

Rui Weschenfelder, do Hospital Moinhos de Vento, reforçou que o diagnóstico precoce continua sendo fundamental para bons prognósticos. “O que funciona para um tipo de tumor pode não funcionar para outro”, disse, destacando que, mesmo com boas tecnologias, o diagnóstico rápido é essencial.

A falta de médicos oncologistas no interior do país é outro obstáculo identificado. “Ter mais médicos espalhados pelo Brasil é crucial para combater amplamente o câncer”, afirmou Weschenfelder, observando que a falta de condições de trabalho e planos de carreira desestimulam a atuação no SUS, principalmente em áreas remotas.

Centralização e parcerias

Damila Trufelli, da Johnson & Johnson, defendeu a maior celeridade na aprovação de novas tecnologias. "Temos muita inovação chegando", disse, reforçando a necessidade de avançar na implementação dessas inovações.

Ana Maria Drummond também criticou a desorganização no sistema. "Temos 19 medicamentos aprovados pela Conitec, mas ainda não incorporados ao SUS. Alguns aguardam há 11 anos", afirmou. Para ela, centralizar a compra de medicamentos oncológicos poderia gerar economia e permitir a aquisição de mais equipamentos. “Centralizar as compras reduziria custos e permitiria melhor uso dos recursos”, disse.

Segundo Weschenfelder, a centralização das compras pode trazer grandes benefícios, com instituições públicas e privadas unindo forças para realizar compras maiores, o que naturalmente leva à redução de preços. Além disso, ele sugeriu que contratos de risco compartilhado, entre fabricantes e compradores, poderiam diluir o risco e tornar os tratamentos mais acessíveis.

A série de debates refletiu a urgência de melhorar a qualidade e o acesso aos tratamentos oncológicos no Brasil, abordando tanto os desafios financeiros quanto os estruturais que ainda existem para combater o câncer de forma mais eficaz no país.

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