
O susto aconteceu na fronteira. David Cardoso, ator e diretor que fez história com as pornochanchadas brasileiras, foi internado às pressas no Paraguai após passar mal durante uma homenagem a seus 50 anos de carreira. Ele participava de um festival de cinema em Ponta Porã (MS), quando precisou ser levado ao Hospital San Lucas, em Pedro Juan Caballero, cidade vizinha do outro lado da fronteira.

Aos 82 anos, David publicou em seu perfil no Facebook que ficou 48 horas internado, por causa de uma infecção generalizada provocada pela chikungunya. “A coisa está controlada, mas perigosa. Medicação sem parar. É a vida”, escreveu, já de volta a Campo Grande, onde mora com a família.
O episódio inesperado deu visibilidade a um nome que andava esquecido, mas que foi sinônimo de popularidade nas décadas de 1970 e 1980. David Cardoso fez mais de 40 filmes como ator, diretor e produtor. Foi o rosto mais conhecido da chamada pornochanchada, gênero que misturava comédia e erotismo e que movimentou o cinema brasileiro em plena ditadura.
Fora das telas há anos, David teve seu último papel no cinema no filme “A hora mágica”, de Guilherme de Almeida Prado, em 1998. Já na TV, apareceu pela última vez em “Da cor do pecado”, novela da Globo exibida em 2004. Antes disso, havia protagonizado “O homem proibido” (1982), novela das seis onde formou par romântico com Elizabeth Savalla e Lídia Brondi.
Apesar do rótulo de “rei da pornochanchada”, seu papel nos bastidores do cinema nacional foi ainda maior. Com produção própria, estúdios em São Paulo e um apurado senso de mercado, David ajudou a criar uma indústria cinematográfica que, mesmo com pouca verba e sob censura, levou milhões de brasileiros ao cinema.
Hoje, aos 82, vive longe da fama. Mas seu nome ainda carrega um pedaço importante da história cultural do país — um tempo em que o cinema brasileiro era feito com poucos recursos, muita criatividade e cenas ousadas que, na época, escandalizavam uns e divertiam outros.
