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21 de outubro de 2025 - 11h07
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SAÚDE

Estudo revela que crescimento da cabeça no primeiro ano de vida influencia QI na vida adulta

Pesquisa da Universidade Federal de Pelotas, em parceria com Oxford, mostra que o desenvolvimento cerebral acelerado nos primeiros meses pode aumentar o quociente de inteligência aos 18 anos

21 outubro 2025 - 07h45Redação E+
Pesquisa brasileira associa o aumento no perímetro cefálico nos primeiros meses do bebê ao QI na vida adulta
Pesquisa brasileira associa o aumento no perímetro cefálico nos primeiros meses do bebê ao QI na vida adulta - Foto: Road Red Runner/Adobe Stock
Terça da Carne

O ritmo de crescimento da cabeça nos primeiros meses de vida pode ter relação direta com o quociente de inteligência (QI) na vida adulta. É o que aponta um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), em parceria com a Universidade de Oxford e apoio da Umane.

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A pesquisa analisou dados de mais de 4 mil crianças acompanhadas por 30 anos, entre 1993 e 2023, na Coorte de Nascimentos de 1993, em Pelotas (RS). O levantamento mostrou que quanto maior o crescimento do perímetro cefálico no primeiro ano de vida, maior tende a ser o QI aos 18 anos.

Segundo o estudo, cada aumento de um desvio-padrão na medida da cabeça durante o primeiro ano de vida está associado a um acréscimo médio de 1,3 ponto no QI. Quando esse crescimento é mais acelerado nos primeiros seis meses, o efeito é ainda mais significativo, fase considerada crucial para o desenvolvimento cerebral.

Pesquisas anteriores já indicavam que o tamanho da cabeça ao nascer influenciava o QI futuro. O novo estudo, porém, reforça que a evolução após o nascimento também pode modificar esse resultado.

“Mesmo quando a criança nasce com a cabeça pequena, o crescimento posterior pode favorecer a melhora do QI”, explica Marina de Borba Oliveira Freire, autora do estudo e doutora em epidemiologia pela UFPel.

Um dos exemplos citados pelos pesquisadores é o de um menino que nasceu com 31,9 cm de perímetro cefálico, abaixo da média de 97% dos bebês do sexo masculino, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ao completar um ano, ele atingiu 46,1 cm, medida considerada ideal para a idade, o que representaria um aumento de até três pontos no QI previsto aos 18 anos.

Entre os fatores que podem interferir no desenvolvimento cerebral estão o tabagismo durante a gestação, infecções na gravidez e condições de nutrição. Por outro lado, práticas como a amamentação exclusiva, estímulos adequados e vínculos afetivos podem favorecer o crescimento saudável do perímetro cefálico.

“O próximo passo é entender quais fatores influenciam esse crescimento para que políticas públicas possam atuar ainda no início da vida”, destaca Marina.

Importância do acompanhamento infantil

De acordo com Evelyn Santos, gerente de investimento e impacto social da Umane, as unidades de saúde no Brasil devem realizar consultas mensais para acompanhamento do crescimento, desenvolvimento e vacinação até o sexto mês de vida, e trimestrais até o bebê completar um ano.

“Acompanhar o desenvolvimento pleno das crianças é essencial para garantir que elas alcancem todo o seu potencial, seja em termos de QI ou em outras dimensões da vida”, afirma Evelyn.

Ela reforça que a atenção primária é peça-chave nesse processo.
“Quando o médico de família está presente, ele consegue monitorar o desenvolvimento infantil e encaminhar o caso para especialistas, se necessário. Garantir que essas famílias tenham acesso a esse tipo de atendimento faz toda a diferença.”

O que é QI

O quociente de inteligência (QI) é uma medida usada para avaliar a capacidade intelectual em relação à média da população. Ele é obtido por meio de testes que analisam raciocínio lógico, compreensão verbal, memória e resolução de problemas.
A média geral é 100 pontos, e resultados acima ou abaixo indicam desempenho superior ou inferior.

Embora o QI não abranja todas as formas de inteligência, como criatividade ou habilidades emocionais, os pesquisadores afirmam que ele continua sendo uma das principais ferramentas para medir o potencial cognitivo.

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