
O Brasil atingiu um marco histórico na saúde global. A Organização Mundial da Saúde (OMS) certificou oficialmente o país pela eliminação da transmissão vertical do HIV (quando o vírus é passado da mãe para o bebê durante a gestação, parto ou amamentação). Com o reconhecimento, o Brasil se torna a 19ª nação a alcançar o feito, destacando-se como o único gigante populacional — com mais de 100 milhões de habitantes — a garantir que crianças nasçam livres do vírus por meio do sistema público.
O diferencial desta conquista é o impacto direto no SUS. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, ressaltou que o resultado é fruto de um "acesso equitativo", provando que a escala continental do Brasil não foi barreira para a eficiência do tratamento gratuito.
Os números da vitória - Os dados que garantiram o selo internacional mostram uma mudança drástica no cenário epidemiológico nacional entre 2023 e 2024:
- Mortes por Aids: Pela primeira vez em 30 anos, o número de óbitos ficou abaixo de 10 mil (9,1 mil registros), uma queda de 13%.
- Gestantes com HIV: Redução de 7,9% nos casos registrados.
- Prevenção neonatal: O início tardio do tratamento preventivo em recém-nascidos despencou 54%.
Critérios de Rigor Internacional - Para receber a certificação, o Brasil foi submetido a uma auditoria rigorosa de especialistas independentes. O país precisou comprovar:
- Taxa de transmissão: Redução da transmissão vertical para menos de 2%.
- Cobertura de Saúde: Mais de 95% das gestantes em tratamento e com acesso a testes de rotina no pré-natal.
- Rede Laboratorial: Estrutura robusta para diagnósticos rápidos e precisos.
Compromisso até 2030 - A cerimônia de oficialização ocorreu em Brasília, com a presença do presidente Lula e do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. A meta agora faz parte de um plano ainda maior da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) para erradicar a transmissão vertical de outras doenças, como sífilis e hepatite B, além de eliminar mais de 30 doenças transmissíveis nas Américas até o fim desta década.
Winnie Byanyima, diretora do Unaids, celebrou o exemplo brasileiro para o mundo. "O Brasil demonstrou que o compromisso político contínuo pode vencer a epidemia", afirmou.

