
Campo Grande voltou a lidar com um velho inimigo: a Hepatite A, que reapareceu em setembro deste ano após cinco anos sem registros. Desde então, já são 103 casos confirmados, todos concentrados na faixa etária de 20 a 49 anos, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau). A cidade, que já havia superado a doença no passado, agora encara a necessidade de reforçar campanhas de vacinação e conscientização.

O médico infectologista Maurício Pompilio, da Unimed Campo Grande, explica que a Hepatite A é transmitida por água e alimentos contaminados. “O problema reflete a falta de saneamento básico e práticas inadequadas de higiene, como lavar mal as mãos ou não higienizar os alimentos de forma correta. Com isso, o vírus encontra uma porta aberta para se espalhar”, alerta.
A solução, segundo ele, passa por cuidados simples, mas que exigem atenção. “Água filtrada, alimentos bem lavados – de preferência com uma solução de hipoclorito – e a prática regular de lavar as mãos são barreiras eficazes contra o vírus. Além disso, a vacina é essencial, especialmente para adolescentes e adultos que não foram imunizados na infância”, enfatiza o infectologista.
O vírus e os hábitos esquecidos - Os sintomas da Hepatite A começam discretos: febre leve, náuseas, fadiga. Em casos mais graves, aparecem sinais como icterícia (pele e olhos amarelados), urina escura e fezes claras – sinais de comprometimento do fígado. “É nesse ponto que a pessoa precisa buscar atendimento médico imediatamente, porque o quadro pode se agravar rapidamente”, explica Pompilio.
Segundo a Sesau, a faixa etária mais atingida, de 20 a 49 anos, representa uma geração que não foi completamente coberta pelas campanhas de vacinação realizadas nos últimos anos. Isso explica a concentração de casos em adultos, enquanto crianças, geralmente mais vulneráveis, permanecem protegidas.
A vacina como aliada - Para conter o avanço da Hepatite A, a vacinação é uma das armas mais eficazes. Mas, como aponta Pompilio, a imunização precisa ser complementada por hábitos básicos de higiene. “A vacina sozinha não resolve se o saneamento e a higiene pessoal não forem prioridade. Lavar as mãos antes de comer e após usar o banheiro é um hábito simples que reduz drasticamente a transmissão”, reforça.
