
Mesmo sendo a cidade mais populosa de Mato Grosso do Sul, Campo Grande tem apresentado bons resultados no combate às doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, mosquito vetor da dengue, zika e chikungunya. Segundo o mais recente boletim epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), até 19 de julho foram registradas 3.311 notificações de dengue no município, que ocupa atualmente a 73ª posição no ranking estadual de incidência, figurando entre os dez municípios com menor número proporcional de casos.

Apesar da situação relativamente controlada, a dengue segue como a arbovirose com maior circulação na capital sul-mato-grossense e exige atenção constante das equipes de saúde. Bairros como Cabreúva, Jardim Tarumã, Coophavilla II, Centro, Guanandi, Caiobá, Vila Cruzeiro e Alves Pereira estão sob alerta por apresentarem risco muito alto de transmissão.
Segundo o coordenador de Controle de Endemias Vetoriais da Sesau, Vagner Ricardo, as ações de combate continuam em ritmo acelerado nas regiões mais afetadas. “Nessas regiões, as equipes estão reforçando as atividades de extermínio de criadouros, o uso do fumacê é ampliado e as visitações aos domicílios também são intensificadas”, explica.
Mesmo com números baixos em relação a outros centros urbanos, a secretaria alerta que isso não significa uma menor virulência do vírus, mas sim resultado das estratégias de controle e da colaboração da população nas ações de prevenção.
O boletim mais recente também confirmou o primeiro óbito por dengue em Campo Grande neste ano. A vítima era uma mulher de 74 anos, que possuía comorbidades — fator que aumenta o risco de agravamento da doença.
Apesar dos bons indicadores de controle do mosquito, a cobertura vacinal contra a dengue segue muito abaixo do esperado. A vacina está disponível para crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, faixa etária prioritária definida pelo Ministério da Saúde, que estabeleceu a meta de imunizar 90% do grupo-alvo.
Até o momento, cerca de 25 mil jovens receberam a primeira dose, o que representa aproximadamente 40% do público estimado. No entanto, apenas 11.250 crianças e adolescentes completaram o esquema vacinal, número que corresponde a apenas 18% dos mais de 61 mil que compõem a meta.
A secretária municipal de Saúde, Rosana Leite, chamou atenção para o baixo índice de vacinação. “O manejo mecânico, sem dúvidas, é a nossa maior ferramenta contra o vetor, mas temos outra arma importantíssima, que é a vacinação. E a busca pelo imunizante está muito abaixo do esperado”, destacou.
As ações da prefeitura continuam focadas tanto na eliminação dos criadouros quanto na educação da população sobre os riscos da dengue e a importância da prevenção. O uso de fumacê, o trabalho de agentes de saúde nos bairros e campanhas de conscientização são estratégias que seguem ativas, principalmente em pontos considerados críticos.
A Sesau reforça que o engajamento da população é fundamental para manter o controle da doença. “É preciso eliminar qualquer recipiente que possa acumular água parada. O mosquito se prolifera rapidamente, e basta uma falha para que os casos voltem a crescer”, alertam os técnicos da pasta.
A vacinação contra a dengue está sendo realizada nas unidades básicas de saúde (UBSs e UBSFs). É necessário que o responsável legal acompanhe o adolescente no momento da vacinação e apresente documentos pessoais e caderneta de vacinação.
A segunda dose da vacina deve ser aplicada três meses após a primeira, por isso é essencial que o esquema vacinal seja completo para garantir a proteção efetiva.
Apesar da estabilidade nos números e de Campo Grande estar fora do radar das epidemias que afetam outras partes do país, a prefeitura segue com atenção redobrada nas regiões com maior risco. O objetivo é manter a capital entre os municípios com menor incidência de dengue, freando o avanço da doença por meio de ações integradas de vigilância, vacinação e conscientização.
