
A doença de Chagas, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, continua sendo uma preocupação no Brasil, com 4.560 casos confirmados em 2023, segundo o Ministério da Saúde. Embora a transmissão via picada do inseto barbeiro tenha diminuído com a urbanização, a contaminação por via oral, especialmente por alimentos mal preparados, agora representa 80% dos casos.

O açaí, alimento tradicional do Norte do Brasil, é um dos principais responsáveis por esse tipo de transmissão. A contaminação ocorre principalmente durante o processo de preparo da fruta, quando o barbeiro pode estar presente no cacho ou ser atraído à noite pela luz, contaminando o suco. Odilson Silvestre, médico cardiologista, explica que o risco é significativo quando a fruta não passa por processos de pasteurização adequados.
Esse cenário levou a Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) a vetar a venda de açaí e produtos artesanais sem rotulagem e registro sanitário, como o caldo de cana, durante a COP 30, que ocorrerá em Belém do Pará. A entidade alertou sobre o risco de contaminação por Trypanosoma cruzi, caso o açaí não seja adequadamente pasteurizado.
Alerta no Pará
O estado do Pará, maior produtor de açaí do Brasil, concentra a maior parte dos casos de Chagas. Em 2023, foram 3.650 pessoas infectadas, enquanto em outros estados o número de casos não ultrapassou 293. O consumo de açaí artesanal, sem pasteurização, e o hábito de ingerir a fruta crua, são fatores que aumentam o risco, segundo especialistas.
Como consumir açaí com segurança
Para garantir a segurança alimentar, o ideal é consumir açaí de origem confiável, preferindo produtos industrializados que sigam normas sanitárias. A técnica de branqueamento, que envolve o aquecimento do açaí a 80°C, é um método eficaz para inativar o Trypanosoma cruzi e tornar o alimento seguro.
Sintomas e tratamento da doença de Chagas
A infecção por Trypanosoma cruzi por via oral tende a ser mais grave do que a picada do barbeiro, devido à maior carga parasitária no alimento contaminado. Os primeiros sintomas podem incluir febre, dor muscular, dor de cabeça, inchaço facial, lesões na pele e até distúrbios cardíacos.
O tratamento precoce é essencial e pode ser feito com antiparasitários disponíveis no SUS, sendo crucial para prevenir complicações graves como insuficiência cardíaca, arritmias e até transplante de coração. O diagnóstico precoce, por meio de exames clínicos e laboratoriais, é o melhor caminho para evitar a progressão da doença para a forma crônica.
