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GUERRA NA UCRÂNIA

Zelenskiy se reúne com Trump e líderes europeus em Washington

Após cúpula com Putin, Trump tenta convencer Ucrânia a ceder territórios; aliados da Europa buscam garantir posição forte para Kiev nas negociações

17 agosto 2025 - 15h40
Zelenskiy busca apoio de líderes europeus antes de encontro decisivo com Trump em Washington sobre futuro da guerra
Zelenskiy busca apoio de líderes europeus antes de encontro decisivo com Trump em Washington sobre futuro da guerra - Foto: Brian Snyder

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, se reunirá nesta segunda-feira (18) em Washington com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e líderes europeus como parte de um esforço coordenado para discutir as condições de um possível acordo de paz com a Rússia. A movimentação acontece dias após a cúpula entre Trump e o presidente russo Vladimir Putin, no Alasca, que terminou sem acordo, mas com o anúncio de "avanços".

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A reunião é considerada decisiva para o futuro da guerra, que já dura três anos e meio e provocou mais de 1 milhão de mortos ou feridos, segundo estimativas internacionais. Participam da conversa, além de Zelenskiy e Trump, líderes como o presidente francês Emmanuel Macron, o chanceler alemão Friedrich Merz, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer, a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen, a premiê italiana Giorgia Meloni e o presidente da Finlândia Alexander Stubb.

O objetivo da reunião é tentar alinhar garantias de segurança robustas para a Ucrânia, diante de propostas apresentadas por Moscou que envolvem a cessão de parte do território ucraniano como condição para congelar as linhas de frente do conflito.

Trump pressiona por acordo e propõe concessões territoriais

Após a cúpula com Putin na última sexta-feira (15), Trump passou a defender publicamente que a Ucrânia aceite entregar a região de Donetsk em troca da paralisação das ações militares russas nas demais frentes.

“A Rússia é uma potência muito grande, e a Ucrânia não é”, disse Trump, ao justificar a necessidade de Kiev “fazer um acordo” para acabar com a guerra.

A proposta teria sido detalhada por Trump em telefonema com Zelenskiy, no qual informou que Putin estaria disposto a congelar a maioria das frentes de batalha se a Ucrânia cedesse Donetsk — região estratégica no leste do país, parcialmente ocupada pela Rússia desde 2014 e hoje 75% sob controle de Moscou.

Zelenskiy, no entanto, rejeitou a exigência e reafirmou que não aceitará ceder territórios, conforme estabelece a constituição ucraniana.

“Putin não quer parar a matança, mas deve fazê-lo. As atuais linhas de frente devem ser a base para qualquer negociação de paz”, declarou o presidente ucraniano ao lado de Von der Leyen em visita a Bruxelas, neste domingo (17).

Aliados europeus tentam evitar novo desgaste

A presença maciça de líderes europeus em Washington busca fortalecer a posição de Zelenskiy nas negociações, especialmente diante de uma Casa Branca inclinada a buscar um acordo rápido com Putin. A União Europeia e a OTAN têm reforçado que a Ucrânia deve estar à mesa de decisões e que nenhum plano de paz pode ser imposto sem o consentimento de Kiev.

A preocupação dos aliados é também evitar uma repetição do episódio traumático de fevereiro, quando Zelenskiy foi publicamente repreendido por Trump e o vice-presidente JD Vance em pleno Salão Oval, em um encontro que gerou críticas pela falta de diplomacia e empatia.“É importante que Washington esteja conosco”, reforçou Zelenskiy.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que os aliados querem garantias sem limites para as Forças Armadas ucranianas e uma estrutura de segurança permanente que envolva os EUA.

Propostas em discussão: congelamento da guerra e garantias mútuas

Segundo fontes diplomáticas, Trump e Putin discutiram a possibilidade de congelar o conflito com base nas posições territoriais atuais, em troca de reconhecimento parcial da presença russa em regiões ocupadas e de garantias de que a Ucrânia não se unirá formalmente à OTAN.

A proposta envolve ainda que Kiev ceda uma faixa de terra fortificada no leste, enquanto a Rússia renunciaria formalmente a novos avanços militares, o que abriria caminho para uma “paz técnica”, mas não necessariamente para uma solução política definitiva.

O secretário de Estado Marco Rubio afirmou à CBS que há movimento suficiente para justificar a reunião com Zelenskiy e os europeus, mas reconheceu que o caminho ainda é longo.

“Não estamos à beira de um acordo de paz, mas vimos movimento. E isso já é algo”, disse Rubio.

Apesar disso, Rubio ponderou que os EUA podem não ser capazes de construir um cenário favorável ao fim da guerra, e que o papel dos líderes europeus será crucial para manter o equilíbrio nas negociações.

Putin se articula com aliados e mantém exigências

Enquanto isso, Vladimir Putin segue mobilizando seus aliados. No fim de semana, o líder russo conversou com o presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, e com o presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, para repassar os resultados da cúpula no Alasca e garantir respaldo político regional.

Embora o Kremlin tenha sinalizado abertura para um acordo, as exigências territoriais continuam em pauta, o que tende a tornar a negociação altamente delicada e tensa. Diplomatas ocidentais alertam que Putin pode usar a proposta como ferramenta de divisão entre Kiev e seus aliados.

O que está em jogo

A reunião desta segunda-feira deve discutir:

  • Condições para cessar-fogo ou congelamento das frentes de batalha

  • Modelo de garantias de segurança para a Ucrânia, com participação dos EUA e da União Europeia

  • Presença da Ucrânia nas decisões territoriais e diplomáticas

  • Evitar a imposição de acordos sem respaldo do governo ucraniano

  • Estabelecimento de uma cúpula trilateral entre Trump, Putin e Zelenskiy

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