
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, afirmou nesta quarta-feira, 24 de setembro, durante discurso na Assembleia Geral da ONU, que a busca pela paz no cenário global contemporâneo está diretamente ligada ao poderio militar e à posse de armamentos. A declaração ocorreu em meio às discussões sobre segurança internacional e os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia.

“Mesmo se uma nação quer paz, ainda precisa produzir ou comprar armas. É péssimo, mas é a realidade”, afirmou Zelenski.
Para ele, nenhum país está seguro sem alianças militares sólidas. O presidente ucraniano ressaltou que as ameaças contemporâneas não permitem confiar apenas na diplomacia, e que a sobrevivência de uma nação depende de sua capacidade de defesa e de seus aliados.
'Armas decidem quem sobrevive'
Ao comentar o avanço das tecnologias aplicadas ao setor bélico, Zelenski alertou que o mundo vive atualmente a "mais destrutiva guerra armamentista da história", com o uso crescente de inteligência artificial (IA) em armamentos. Para ele, isso cria um desafio global que exige regras internacionais mais rígidas sobre o uso de tecnologias em conflitos.
“Armas decidem quem sobreviverá”, disse, ressaltando que a evolução tecnológica vem superando a capacidade de defesa das nações.
Zelenski informou ainda que a Ucrânia não apenas intensificou sua própria produção de drones militares como também decidiu iniciar a exportação de armamentos, todos testados em guerra real.
Cessar-fogo está longe, diz Zelenski
O presidente ucraniano também lamentou que ainda não foi possível alcançar um cessar-fogo. Segundo ele, a Rússia segue recusando qualquer acordo. Ele questionou:
“Até quando nossos reféns serão mantidos sob guarda da Rússia?”
Zelenski responsabilizou diretamente o presidente russo Vladimir Putin pela continuidade do conflito e pela instabilidade que ele gera em outros países. Citou como exemplo recentes violações de espaço aéreo na Polônia e na Estônia por drones russos, o que motivou reações diplomáticas e a convocação do Conselho de Segurança da ONU por parte da Estônia.
“Parar Putin agora é mais barato do que nos defender mais tarde”, afirmou, reforçando que Moscou não está apenas em guerra com a Ucrânia, mas com o modelo de ordem internacional baseado em soberania e cooperação.
Apoio internacional e reunião com Trump
Zelenski também destacou que a Ucrânia não teve escolha a não ser reagir militarmente à invasão russa, e ressaltou a importância da solidariedade internacional.
“Com o apoio da Europa e dos Estados Unidos, podemos colocar um fim nisso”, afirmou.
Ao final de seu discurso, revelou ter tido uma “ótima reunião” com o ex-presidente americano Donald Trump. A menção surpreendeu parte dos observadores diplomáticos, já que Trump é pré-candidato à presidência dos EUA e costuma adotar posturas mais ambíguas sobre a guerra na Ucrânia.
Zelenski, no entanto, não detalhou o conteúdo do encontro, que teria ocorrido fora da agenda oficial da ONU.
